Escola Profissional Dr. Francisco Fernandes Curso de Educação e Formação de Adultos Portaria nº 80/2008, alterada pela Portaria 74/2011 de 30 de Junho Projeto cofinanciado pelo Fundo Social Europeu Agente em Geriatria – Nível 2
UFCD 3538 – Saúde da Pessoa Idosa – Cuidados Básicos (25 horas)
Formador: Carlos Aguiar
Funchal, Julho de 2014
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ÍNDICE NOTA INTRODUTÓRIA 1. FUNDAMENTOS DO ENVELHECIMENTO ........................................................................... 4 1.1. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO .............................................................................. 5 1.2. PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA – METAS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE .................................................................................................................. 6 1.3. ENVELHECIMENTO FÍSICO, PSICOLÓGICO E SOCIAL................................................. 7 2.
AGENTE EM GERIATRIA ................................................................................................... 28 2.1. CARACTERÍSTICAS INERENTES AO AGENTE EM GERIATRIA ................................ 28
3.
PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO E OBSERVAÇÃO .................................................... 34 3.1. CARACTERÍSTICAS
DA
COMUNICAÇÃO
E
OBSERVAÇÃO
/
ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO .............................................................. 34 3.2. JOGOS E SIMULAÇÕES ...................................................................................................... 43 4.
CONFORTO DA PESSOA IDOSA ........................................................................................ 44 4.1. SONO E REPOUSO............................................................................................................... 44 4.2. CAMA ARTICULADA ......................................................................................................... 53
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 57
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NOTA INTRODUTÓRIA Este manual surge como um dos auxiliares pedagógicos da unidade de formação de curta duração nº 3538 – Saúde da Pessoa Idosa: Cuidados Básicos – a ser desenvolvida na Escola Profissional Dr. Francisco Fernandes, especificamente no Curso de Agente em Geriatria.
Objetivos
Reconhecer alguns aspetos do envelhecimento da população;
Descrever as características do Agente em Geriatria;
Descrever os processos de comunicação e observação;
Prestar cuidados que proporcionem conforto à pessoa idosa.
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1. FUNDAMENTOS DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento começa no momento em que nascemos. Uma criança cresce, torna-se adulta e a dada altura sofre uma degeneração funcional que culmina com a morte. É este o processo habitualmente associado ao envelhecimento. Em toda a história, o ser humano tem procurado encontrar o “elixir da juventude” que prolongue o período de vigor da juvenilidade saudável. Durante o último século, assistiu-se a um grande progresso na medicina dos países desenvolvidos e a esperança de vida aumentou de forma notável – primeiro, a mortalidade na infância tornou-se menos provável, graças à melhoria das condições sanitárias e ao desenvolvimento de vacinas e tratamentos para as doenças da infância (antibióticos); segundo, o desenvolvimento da doença e a invalidez tornaram-se menos prováveis ou aparecem mais tarde nos idosos porque melhoraram os cuidados de saúde e a medicina preventiva. Apesar destas melhorias, mesmo as pessoas mais saudáveis ou inclusive as com mais sorte nunca conseguiram ultraar os 130 anos. De acordo com o livro de recordes do Guinness, a pessoa que viveu mais tempo até hoje foi a sa Jeanne Louise Calment, que morreu, em 1997, aos 122 anos e 164 dias. Envelhecer hoje ilustra como o crescente envelhecimento da população se percebe num país. Quem é velho, quais os meios de que dispõe, onde vive e qual a sua qualidade de vida, são interrogações que merecem respostas pertinentes da nossa comunidade.
(em anos)
1940
1960
1981
2001
Homens
48,6
60,7
69,1
71,2
Mulheres
52,8
66,4
76,7
80,5
Tabela 1 - Esperança média de vida à nascença INE, Estatísticas Demográficas.
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1.1.ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
O aumento da esperança média de vida nos países desenvolvidos é um triunfo, mas traz o desafio de conseguirmos envelhecer saudavelmente, pois viver mais tempo nem sempre é sinónimo de viver melhor. A migração e a baixa taxa de natalidade, também têm contribuído, de forma importante, para o envelhecimento da população em Portugal. A população portuguesa está envelhecida: em 2011, 19,1% tinha 65 ou mais anos, situação que se prevê que aumente para os 32% em 2050. Esta evolução demográfica está a alterar a forma da Pirâmide etária – o topo está a tornar-se mais largo e a base mais fina, como é possível visualizar no gráfico 1 e nas tabelas seguintes.
Gráfico 1. - Inversão da Pirâmide Etária, INE (2004)
Grupo populacional/Ano 0-14 Anos 15-64 Anos 65+ Anos
2001
2011
16,0% 67,6% 16,4%
14,9% 66,0% 19,1% 5
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Grupo populacional/Ano
2020
2030
2040
2050
0 – 14 Anos
13,8%
12,5%
12,2%
12,1%
15-64 Anos
65,6%
63,3%
59,5%
56,0%
65+ Anos
20,6%
24,2%
28,3%
32,0%
Tabela 2.1. - Projeções da população Portuguesa até 2050, INE (2010)
Embora consigamos viver mais anos não podemos afirmar que tenhamos uma melhor qualidade na última fase do nosso ciclo vital. O avançar da idade implica um maior risco de doença e, consequentemente, um maior índice de dependência. A perda progressiva de funções, a incapacidade física e a demência são alguns dos efeitos visíveis do envelhecimento, que envolve vários processos fisiológicos, que de algum modo contribuem para o desgaste natural do organismo. Do ponto de vista social, o envelhecimento e as doenças a ele associadas convergem para as situações de solidão e os sentimentos de inutilidade, que tendem a fazer com que o idoso se isole. É necessário compreender as alterações dos papéis familiares atuais, com a mulher, principal cuidadora, a assumir outras funções e, por conseguinte, a colocar dificuldades acrescidas à prestação de cuidados informais, ou seja, aos seus familiares e em casa.
1.2.PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA – METAS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
A OMS na II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento (2002) divulgou o conceito de envelhecimento ativo. Este depende de vários fatores, que não envolvem apenas os indivíduos, mas também as suas famílias e o próprio meio onde estes se inserem. A principal meta dos dias de hoje, tendo em conta o envelhecimento populacional, é ganhar anos de vida com independência, ou seja “Capacidade para 6
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realizar funções relacionadas com a vida diária, isto é, a capacidade de viver com independência na comunidade sem ajuda ou com pequena ajuda de outrem.”
As políticas de saúde devem, assim, promover:
O Envelhecimento bem-sucedido/ativo;
A Coesão e interação familiar;
A proteção do idoso de neglicência, de más práticas, de violência física e psicológica.
Devemos pensar em formas de assistência que mantenham a qualidade de vida do idoso, de preferência no domicílio e que não sobrecarreguem a família/cuidador informal, de forma a diminuir a sua vulnerabilidade física e psicológica.
Figura 1. - Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas
1.3. ENVELHECIMENTO FÍSICO, PSICOLÓGICO E SOCIAL
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Cada pessoa envelhece à sua maneira, ou seja, desde o nascimento tem um ritmo próprio de envelhecimento. Já deve ter reparado e comparado duas pessoas da mesma idade e concluído que uma delas aparenta ser mais jovem do que a outra. Isso significa que temos ritmos diferentes de envelhecimento biológico. Assim, pessoas da mesma idade cronológica podem apresentar diferentes idades biológicas. A ONU considera idosos, para os países desenvolvidos, indivíduos com idade superior a 65 anos. Mas será que podemos afirmar que as pessoas são velhas aos 65? Apesar de não ser possível intervir no avanço da idade cronológica, não há dúvida nenhuma de quem tem hábitos de vida mais saudáveis contribui positivamente para evitar os principais sintomas do envelhecimento. A mudança dos hábitos, mesmo nas idades mais avançadas, traz sempre benefícios para a saúde. Pertencer ao grupo da Terceira Idade não significa ser incapacitado para desempenhar atividades que requerem esforço físico ou mental. As pessoas idosas que estão na fase inicial (Média Idade) da Terceira Idade apresentam melhores condições de saúde, quer física, quer mental e menores alterações naturais do envelhecimento do que as outras. No entanto, é a partir dos 80 anos que a necessidade de auxílio para a realização de algumas atividades quotidianas acaba por ser importante, por exemplo, para se alimentarem, vestirem, tomarem banho, sentarem e levantarem, andarem, fazerem compras, preparem as refeições, e muitas outras atividades. Apesar de isto não ser uma regra, existem idosos de 80 anos que são mais saudáveis do que outros com 60 anos, o que mostra a importância do ritmo de envelhecimento, tendo em conta patologias (doenças); condições económicas; herança genética; cuidados primários de saúde; estilo de vida, alimentação, atividade ou exercício físico, ansiedade e stresse, integração e aceitação social; entre outros, de cada indivíduo.
A classificação da pessoa pela idade engloba quatro idades:
Idade Cronológica – é definida como a idade que a pessoa tem, ou seja, a idade em anos. Esta forma numérica de idade nem sempre corresponde à idade biológica. 8
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Idade Biológica – indica as condições de saúde, física e psicológica da pessoa. Esta idade carateriza os ritmos diferentes do envelhecimento.
Idade Psicológica – relacionada com as competências comportamentais que a pessoa pode mobilizar, incluindo a inteligência, memória e motivação.
Idade Social – refere-se ao papel e aos hábitos da pessoa, relativamente aos outros membros da sociedade e é muito influenciada pela cultura e pela história de um país.
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Como envelhece o corpo – Envelhecimento Físico Sequeira (2010), refere que o envelhecimento como etapa de vida é um processo biológico inevitável, mas não é o único, pois implica alterações somáticas e psicossociais. Desta forma, as referidas alterações
interagem
de
forma
ininterrupta de acordo com a interação humana, onde cada uma afeta e é afetada. Com a agem dos anos, a maioria das
pessoas
toma
consciência
das
modificações do próprio corpo. Algumas modificações são óbvias enquanto outras poderão ar despercebidas até surgir alguma
doença.
Conhecer
estas
alterações pode ajudar o indivíduo a adaptar-se
ao
processo
de
envelhecimento. As células do corpo têm uma longevidade precisa e a sua capacidade para se dividir e multiplicar decresce com a idade. Como são organismos vivos,
Figura 2 - Orgãos afetados pela idade - Manual Merck
também envelhecem e morrem. Existe uma perda efetiva do número de células do nosso organismo, estimando-se que entre os 20 e os 70 anos, a perda será de 30%.
Os Olhos 10
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Entre os 40 e os 50 anos de idade, a maioria das pessoas nota que é difícil ver objetos a uma distância inferior a 60cm, pois os olhos, já não conseguem focar com facilidade os objetos próximos. Muitas pessoas tendem a ignorar esta dificuldade o maior tempo possível, mas acabam por ter de usar óculos para ler. Com o envelhecimento, torna-se, também, difícil ver em condições de pouca iluminação, pois ocorre entrada de menor quantidade de luz no olho. Em média, as pessoas de 60 anos necessitam de três vezes mais de luz do que as de 20 anos (para ler um livro, por exemplo). Com o avançar da idade, a pupila reage mais lentamente às alterações da luz. Por conseguinte, os idosos podem não ser capazes de ver quando entram numa sala escura. Ou podem ficar, momentaneamente, encadeados quando entram numa zona de intensa iluminação. Por exemplo, esta alteração é particularmente incómoda quando um idoso entra ou deixa um cinema escuro ou entra ou sai de um túnel escuro. As cataratas aumentam o efeito descrito anteriormente. O idoso com cataratas torna-se muito mais sensível ao encadeamento (luz forte que afeta diretamente ou é refletida nos olhos). As cores são reconhecidas de forma diferente. O azul tende a perder o seu brilho e a parecer-se bastante com o cinzento, enquanto os vermelhos tendem a parecer mais vivos. Muitos idosos sentem-se incomodados com a sensação de olhos secos, pois as células produtoras dos líquidos que lubrificam os olhos diminuem com a idade, ocorrendo uma diminuição da produção lacrimal (lágrimas). O aspeto do olho pode sofrer alterações. A parte branca (esclerótica) dos olhos pode adquirir um tom amarelado ou acastanhado devido a muitos anos de exposição à luz, vento e pó. Podem, também, aparecer manchas esporádicas no branco dos olhos, sendo mais frequentes nas pessoas de tez escura. Os problemas mais graves do olho que tendem a apresentar-se na idade avançada são provocados por doença e não pelo envelhecimento. São exemplos as patologias como o glaucoma, a retinopatia, a degenerescência macular e as cataratas.
Os Ouvidos 11
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Muitas alterações no ouvido são, provavelmente, devidas tanto à exposição ao ruído como ao processo de envelhecimento. Com o tempo, a exposição a ruídos fortes prejudica a capacidade dos ouvidos para ouvir. Com a idade, a capacidade auditiva pode diminuir, tornando o equilíbrio, ligeiramente, mais difícil de manter. Estas alterações apresentam-se, pois algumas estruturas do ouvido, que ajudam a audição e a manutenção do equilíbrio, tendem a deteriorar-se. O cerúmen (cera do ouvido) tende, também, a acumular-se mais com a idade, diminuindo a audição. Os idosos podem apresentar uma determinada dificuldade em ouvir sons de tons agudos. Podem ter problemas em entender o que dizem as mulheres e as crianças, dado que a maioria das mulheres e crianças tem vozes com tons mais agudos que os homens. Falar em voz alta não é útil dado que se tende a acentuar mais as vogais (sons agudos) do que as consoantes (sons graves). Por exemplo, a frase “Diz-me exatamente o que queres tomar” soa como “iz exaee o e e soar”. A frase soa como se a pessoa que está a falar não pronunciasse claramente as palavras e o sentido perde-se. Muitos idosos têm dificuldade em ouvir nos locais cheios de pessoas ou em conversas de grupos, pois existe maior ruído de fundo. Os aparelhos de ajuda auditiva podem auxiliar as pessoas, com perda de audição, a ouvir melhor.
A Boca e o Nariz
Geralmente, depois dos 50 anos, os sentidos do paladar e do olfato começam a diminuir gradualmente. As capacidades de reconhecer o paladar com a língua e de cheirar com o nariz são necessárias para saborear a gama completa de sabores dos alimentos. Com o avançar da idade diminui o número e a sensibilidade dos recetores do paladar. Estas modificações tendem a reduzir a capacidade de reconhecer os sabores doces e salgados mais do que os amargos ou ácidos. O olfato só diminui ligeiramente. Os odores fortes continuam a ser fáceis de cheirar, mas os mais subtis tornam-se mais difíceis de reconhecer e de identificar. Consequentemente, muitas comidas tendem a ter um sabor mais amargo e menos salgado e os alimentos com odores leves podem tornar-se menos saborosos. 12
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Os idosos podem apresentar a boca seca. Com a idade produz-se menos saliva, contudo a boca seca pode ser devido a uma perturbação ou à utilização de determinados medicamentos. A secura da boca reduz, igualmente, a capacidade de saborear e cheirar os alimentos. Todas estas alterações contribuem para a perda do paladar. Para compensar, os idosos tendem a acrescentar mais especiarias aos alimentos, incluindo o sal, o que poderá aumentar o risco de hipertensão arterial. Ao envelhecer, as gengivas recuam ligeiramente, colocando as partes mais baixas dos dentes expostas às partículas de comida, bem como às bactérias. Além disso, o esmalte dos dentes tem tendência a se desgastar com os anos. Estas alterações fazem com que os dentes fiquem mais suscetíveis à formação de cavidades (cáries).
A Pele
Com o avançar da idade, a pele tende a tornar-se mais fina, menos elástica, mais seca e finamente enrugada. Também a exposição à luz solar, durante anos, contribui para a formação de rugas, que a pele se torne áspera e apresente manchas. As pessoas que evitaram uma exposição prolongada à luz solar parecem muito mais jovens que a sua idade real. A camada de gordura que se encontra debaixo da pele diminui. Esta camada de gordura atua como uma almofada para a pele, protegendo-a. Também ajuda a conservar o calor corporal. À medida que esta camada se reduz, a pele é lesada mais facilmente, sendo mais provável o aparecimento de rugas e diminui a tolerância ao frio. O número de células sensitivas (terminações nervosas) da pele diminui. Como resultado, a perceção sensorial, incluindo a sensibilidade à dor, pode estar reduzida e as lesões podem ser mais prováveis. O número de glândulas sudoríparas (glândulas que produzem o suor) e de vasos sanguíneos também se reduz com o avançar da idade. Assim, os idosos têm mais probabilidade de sofrer perturbações devido ao excesso de calor, como as insolações, bem como ao excesso de frio, como a hipotermia. Também a pele tende a cicatrizar mais lentamente quando o fluxo sanguíneo é reduzido.
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O número de células que produzem melanina (pigmento que dá cor à pele) diminui. Por conseguinte, a pele fica menos protegida contra a radiação ultravioleta da luz solar. Efeitos com o avançar da Sentidos e Propriocepção
idade Diminuída, necessidade de
Visão
óculos para ler e de maior luminosidade.
Audição
Diminuída
Equilíbrio
Diminuído
Olfato
Gosto
Dor Tato
Temperatura
Ligeiramente diminuído para odores subtis. Diminuído para os doces e salgados. Capacidade de sentir dor diminuída Diminuído Capacidade para se adaptar ao frio e ao calor diminuída.
Tabela 3 - Efeitos com o avançar da idade nos sentidos e propriocepção
Os Ossos e as Articulações
Com a idade, os ossos tornam-se mais frágeis e mais propensos a fraturas. Nas mulheres, a perda de densidade óssea aumenta depois da menopausa.
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Os ossos ficam mais frágeis, por um lado porque a quantidade de cálcio (principal mineral que dá força aos ossos) diminui e, por outro lado, porque a absorção de cálcio pelo sistema digestivo diminui e os níveis de Vitamina D (que ajuda o corpo a utilizar o cálcio para os ossos) baixam ligeiramente. Os ossos mais afetados são o fémur, a pélvis (anca), as extremidades dos ossos do braço (rádio e cúbito), os ossos do pulso e os ossos da coluna vertebral (vértebras). No centro dos ossos encontra-se a medula óssea, onde se produz a maioria das células do sangue (glóbulos vermelhos e glóbulos brancos). Ao envelhecer a quantidade de medula óssea diminui, o que leva a uma menor produção de células sanguíneas. Podem surgir problemas quando a necessidade de células sanguíneas é muito aumentada, por exemplo, no caso de uma anemia (diminuição dos glóbulos vermelhos), infeção ou hemorragia. Ao envelhecer, a cartilagem que reveste as articulações tende a ficar mais fina. As superfícies de uma articulação podem não deslizar tão bem uma em cima da outra e a articulação pode tornar-se, ligeiramente, mais suscetível às lesões. Traumatismos repetidos, ou a utilização das articulações durante toda a vida, conduzem, muitas vezes, a uma osteoartrite, uma das perturbações mais frequentes da idade avançada. Os ligamentos, que unem as articulações, tendem a ser menos elásticos com a idade, pelo que as articulações se tornam rígidas ou duras. Por consequência, a maioria dos idosos, torna-se menos flexível. As ruturas dos ligamentos tendem a surgir com maior facilidade, e, quando surgem, a cura é mais lenta.
Os Músculos
Ao envelhecer, a quantidade de tecido muscular (massa muscular) e a força dos músculos tende a diminuir. A perda de massa muscular inicia-se aos 30 anos e continua ao longo da vida, pois os níveis da hormona do crescimento e da testosterona que estimulam o desenvolvimento muscular, diminuem com a idade. A maioria das pessoas mantém uma massa muscular e uma força suficiente para realizar todas as atividades necessárias. Muitas pessoas idosas continuam a ser atletas. O exercício físico regular pode retardar, significativamente, a perda de massa muscular e de força. 15
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Durante os períodos de inatividade, os idosos comparativamente às pessoas mais jovens perdem, com maior rapidez, massa muscular e força. Assim, depois de um dia de repouso na cama, as pessoas idosas necessitam de retomar, progressivamente, as suas atividades durante uma ou duas semanas, para conseguirem, de novo, a força muscular que tinham anteriormente. Com uma atividade regular, até as pessoas que nunca fizeram exercício podem aumentar a massa e a força muscular.
O Cérebro e o Sistema Nervoso
Com a idade, o número de células nervosas (neurónios) do cérebro só se reduz levemente. Vários fatores ajudam a compensar essa diminuição. Ao perderem-se células, estabelecem-se novas ligações entre os neurónios restantes. Podem, também, formar-se novos neurónios em algumas áreas do cérebro, inclusive durante a velhice. Além disso, o cérebro possui mais neurónios do que necessita para levar a cabo a maioria das atividades. Contudo, as substâncias e as estruturas implicadas no envio de mensagens do cérebro para o resto do corpo e vice-versa alteram-se. Os níveis de alguns mensageiros químicos (neurotransmissores), bem como os seus recetores sofrem alterações. Devido a estas alterações, o cérebro pode funcionar, ligeiramente, pior. As pessoas idosas reagem e executam tarefas mais lentamente. Algumas funções mentais podem estar um pouco reduzidas. Entre elas incluem-se o vocabulário, a memória a curto prazo, a capacidade de reter novas aprendizagens e a de recordar palavras. Depois dos 60 anos, o número de neurónios na medula espinal começa a diminuir. Em consequência, os idosos podem notar uma diminuição das sensações (visão, olfato, audição, paladar e tato). Os neurónios conduzem os sinais mais lentamente. Esta alteração é, com muita frequência, tão pequena que as pessoas não se apercebem. Os neurónios, na pessoa idosa, podem autorreparar-se de modo incompleto e mais lentamente que nos jovens. Os idosos são, assim, mais vulneráveis a lesões e a outras perturbações nervosas.
O Coração e os Vasos Sanguíneos
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Com o avançar da idade, o coração e os vasos sanguíneos alteram-se em muitos sentidos. As paredes do coração tornam-se mais rígidas, dificultando o enchimento do coração com sangue. As paredes das artérias ficam, igualmente, mais rígidas e mais grossas. As artérias tornam-se, assim, menos elásticas, não respondendo, devidamente, às variações da quantidade de sangue que a por elas. Consequentemente, a pressão arterial é mais alta nas pessoas idosas. Apesar destas modificações, um coração idoso saudável funciona bem. Em repouso, as diferenças entre um coração jovem e um velho, são insignificantes. As diferenças só se tornam evidentes quando é necessário um maior trabalho por parte do coração, como acontece quando alguém executa uma atividade física intensa ou quando está doente. Um coração mais velho não pode aumentar tanto a frequência dos batimentos nem tão rapidamente como um coração jovem. O exercício físico regular reduz muitos dos efeitos do envelhecimento sobre o coração e sobre os vasos sanguíneos.
Os Músculos da Respiração e os Pulmões
Ao envelhecer, os músculos utilizados na respiração, como, por exemplo, o diafragma, tendem a debilitar-se. Além disso, absorve-se um pouco menos de oxigénio do ar respirado. Nas pessoas que não fumam ou que não têm uma perturbação pulmonar, os músculos da respiração continuam a funcionar, suficientemente, bem para cobrir as necessidades do corpo durante as atividades diárias habituais. No entanto, estas modificações podem tornar mais difícil a atividade física intensa (por exemplo, correr ou andar de bicicleta energicamente). As pessoas idosas podem, também, ter dificuldade em respirar a elevadas altitudes. Os pulmões tornam-se menos aptos para combater as infeções, pois as células que eliminam os produtos tóxicos da respiração são menos capazes de o fazer. A tosse, que também ajuda a limpar os pulmões, costuma ser mais fraca.
Sistema Digestivo
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O envelhecimento afeta o sistema digestivo de diferentes modos. Os músculos do esófago contraem-se com menor força, contudo não é afetado o movimento da comida no esófago. Os alimentos são eliminados mais lentamente pelo estômago que, para além disso, não pode reter grandes quantidades de comida, uma vez que é menos elástico. No entanto, na maioria das pessoas estas modificações são tão leves que am despercebidas. Porém, em alguns indivíduos, a diminuição do tempo de esvaziamento do estômago pode, inclusivamente, contribuir para a obstipação. O sistema digestivo produz menor quantidade de lactase, uma enzima necessária para a digestão do leite. Como resultado é mais frequente que os idosos desenvolvam uma intolerância aos produtos lácteos (intolerância à lactose). O fígado também muda, é irrigado por menor quantidade de sangue e tende a tornase mais pequeno. Certas enzimas produzidas no fígado trabalham menos eficazmente. Estas enzimas ajudam o organismo a metabolizar os alimentos provenientes de dieta, bem como a processar os medicamentos e outras substâncias. Como resultado, o fígado pode ter mais dificuldade em eliminar do corpo os medicamentos (os efeitos destes duram mais tempo) e outras substâncias tóxicas.
Os Rins e o Sistema Urinário
Com o envelhecimento, os rins tentem a tornar-se mais pequenos (uma vez que o número das células dos rins diminui) e flui menos sangue por eles. A partir dos 30 anos, os rins começam a filtrar o sangue com menor eficácia. Com a agem dos anos, não eliminam tão bem os produtos do metabolismo do nosso corpo (desperdício). Podem também eliminar demasiada água, pelo que a desidratação se torna mais provável. No entanto, quase sempre funcionam suficientemente bem para cobrir as necessidades do organismo. O sistema urinário modifica-se de diferentes maneiras que podem tornar mais difícil o controlo da micção (urina). O máximo volume de urina que a bexiga pode reter diminui. As pessoas idosas possuem uma capacidade menor de reter a micção depois de terem notado o primeiro
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estímulo para urinar. Os músculos da bexiga podem também contrair-se de forma esporádica, independentemente da necessidade de urinar. Os músculos da bexiga debilitam-se. Em consequência, fica uma maior quantidade de urina dentro da bexiga depois de acabada a micção. Estas modificações explicam, pelo menos em parte, por que razão a incontinência urinária (perda de urina incontrolável) se torna mais comum com a idade. Nas mulheres idosas, a uretra (que transporta a urina para fora do corpo) torna-se mais curta e mais fina. O músculo que controla o peso da urina pela uretra (esfíncter urinário) é menos capaz de se fechar de modo adequado e prevenir as perdas de urina. Estas modificações podem ser o resultado da diminuição dos níveis de estrogénios que se verifica na menopausa. Nos homens, ao envelhecer, a próstata tende a aumentar de volume. Em muitos homens aumenta o suficiente ao ponto de bloquear parcialmente a agem da urina.
Sistema Reprodutor
Os efeitos do envelhecimento no sistema reprodutor são mais óbvios nas mulheres que nos homens. Nas mulheres, a maior parte destes efeitos estão relacionados com a menopausa, quando os níveis das hormonas femininas (sobretudo os estrogénios) diminuem, as menstruações param definitivamente e então a gravidez já não é possível. A diminuição dos níveis de hormonas femininas determina a redução das dimensões dos ovários e do útero. Os tecidos da vagina tornam-se mais finos, mais secos e menos elásticos (uma afeção chamada de vaginite atrófica). Os seios tornam-se menos firmes e mais fibrosos, pelo que tendem a perder a sua turgidez. Algumas das modificações que se iniciam na menopausa podem afetar a vida sexual. No entanto na maioria das mulheres, o envelhecimento não afeta, de modo importante, a atividade sexual. Nos homens, as modificações do sistema reprodutor são menos dramáticas. A maioria dos homens continua a ser fértil até à morte, embora os níveis de testosterona se
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reduzam, o que se traduz numa menor quantidade de esperma e numa diminuição da libido (). A maioria dos homens pode continuar a ter ereções e alcançar o orgasmo durante toda a vida. No entanto, as ereções podem ser mais breves ou menos rígidas. Além disso, o tempo necessário para conseguir uma segunda ereção pode aumentar significadamente. A disfunção eréctil (impotência) torna-se mais comum com a idade.
Sistema Endócrino
O sistema endócrino é formando por numerosas glândulas e orgãos que produzem hormonas. As hormonas comportam-se como mensageiros para ajudar na regulação e na coordenação das atividades de todo o organismo. Com a idade, os níveis e a atividade de algumas hormonas (para além das hormonas sexuais) reduzem-se. Por exemplo, o nível da hormona do crescimento diminui, o que causa modificações nos músculos, como é o caso da diminuição da massa muscular. O nível de aldosterona, uma hormona produzida pelas glândulas suprarrenais, também diminui. Esta diminuição pode também contribuir para a tendência das pessoas idosas para a desidratação. A maioria das modificações hormonais não tem um efeito sobre as funções do organismo. No entanto, em algumas circunstâncias, as funções do corpo podem ser afetadas. Por exemplo, depois da ingestão de uma comida forte, a insulina libertada pelo pâncreas pode não ser utilizada de modo tão eficaz como era habitualmente.
Figura 3 - Principais glândulas endócrinas Manual Merck
A insulina ajuda a controlar o nível de açúcar (glicose) no sangue. Se a função da insulina for menos eficaz, o nível de açúcar no sangue bobe mais do que o normal e demora muito mais tempo a voltar aos valores normais. Esta modificação pode ter
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efeitos não evidentes. No entanto, em algumas pessoas, pode ser um sinal precoce de diabetes.
Sistema Imunológico
Ao envelhecer, o sistema imunitário torna-se menos eficaz. No entanto, a alteração é tão leve que a maioria das pessoas idosas não a percebem. Muitos indivíduos só notam que o corpo é menos capaz de se defender das infeções quando estas persistem ou se tornam graves. Os indivíduos que foram infetados pela tuberculose no início da idade adulta podem não apresentar sintomas até à velhice. Desenvolvem-se, então os sintomas porque o sistema imunitário está mais frágil. O sistema imunitário pode ser menos capaz de distinguir as células do corpo das substâncias estranhas que invadem o organismo. Por conseguinte, tornam-se mais frequentes as perturbações naqueles cujo sistema imunitário ataca as células do próprio corpo (doenças autoimunes). As células do sistema imunitário destroem mais lentamente as células cancerosas, as bactérias e outras substâncias estranhas. Esta lentidão pode ser uma das razões pelas quais o cancro é mais frequente nas pessoas idosas. Além disso, as vacinas costumam proporcionar menos proteção às pessoas idosas. Estas modificações do sistema imunitário ajudam a explicar a razão que algumas infeções, como a pneumonia e a gripe, são mais frequentes nas pessoas idosas e muitas vezes provocam a morte. As modificações do sistema imunitário têm também um efeito benéfico. Os sintomas alérgicos tornam-se muito menos severos.
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Envelhecimento Psicológico
Segundo Erikson (1983), a velhice enquadra-se no oitavo e último estádio da sua teoria de desenvolvimento pessoal: Integridade pessoal versus desespero – permanece o desejo de sentir prazer em viver e envelhecer com dignidade e a ansiedade associada à antecipação da idade avançada, da perda de autonomia e da morte. Inicia-se, em média, a partir dos 65 anos. Segundo a teoria do desligamento de Cumming, os idosos mostram uma inclinação natural para diminuir o seu envolvimento afetivo com o meio circundante, estreitando o seu espaço de vida e preocupando-se cada vez mais consigo próprios. Trata-se de um mecanismo natural influenciado pela redução da energia mental e física ligada à idade. Contudo, estudos atuais mostram que o envelhecimento não corresponde à fatalidade de um caminhar sombrio e confinado. Os acontecimentos são analisados numa perspetiva diferente e mais equilibrada. A forma como cada um vê e se sente inserido, com as suas características peculiares é fulcral na sua interação com o meio e, consequentemente, na aquisição de um maior ou menor grau de satisfação e bem-estar. Infelizmente, muitos de nós, quando falamos de pessoas idosas, atribuímos conotações negativas a esta faixa etária. Principalmente devido aos mitos e estereótipos enraizados na nossa sociedade/cultura.
Os principais problemas de saúde mental que existem nas pessoas idosas são:
A depressão (A depressão é comum nos idosos, mas tende, muitas vezes, a não ser diagnosticada, ou confundida com outras doenças, devido ao mito de pessoa idosa ter uma perspetiva mórbida da vida e de muitos idosos recusarem-se a itir que estão deprimidos);
A ansiedade;
O isolamento;
O suicídio;
Perturbações do sono;
O alcoolismo.
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Não podemos esquecer que existem também alterações mentais causadas por medicamentos ou outras intervenções que visam a cura ou o tratamento das pessoas idosas (causas iatrogénicas) assim como, devido ao estresse relacionado com o internamento (hospital, lar).
Fatores que influenciam o envelhecimento psicológico:
O estado de saúde física - Existem pessoas que têm a capacidade de se julgarem saudáveis, ainda que apresentem algumas patologias crónicas ou agudas. Estas pessoas têm a capacidade de se adaptarem às suas limitações. Assim, mais importante do que o estado de saúde é a perceção que cada um tem da sua própria saúde;
A mudança de papel - A agem de um papel utilitário tanto para a família como para a sociedade, para um papel mais ivo traz habitualmente problemas psicológicos. Para se ultraar esta fase é necessário que a pessoa idosa adquira novos papéis, mantendo-se ativa e útil. A falta de ocupação tem efeitos nefastos sobre a perceção de si e pode conduzir à depressão;
A personalidade - O indivíduo que ao longo da sua vida sempre demonstrou capacidade de adaptação terá mais facilidade em se adaptar a situações de privação ou de estresse;
O estatuto familiar e conjugal – A família e os amigos constituem muitas vezes a principal rede de e das pessoas idosas. A separação da família ou dos amigos, qualquer que seja a causa, aumentará os sentimentos de solidão, que por sua vez irão dilatar a insegurança e diminuir seriamente a capacidade de adaptação;
Funções cognitivas - uma diminuição das funções cognitivas poderá ser vivida de forma dramática pelo próprio e pela família.
Efeitos do envelhecimento no desempenho cognitivo O termo cognição resume a capacidade de percecionar o que nos rodeia. Abrange a perceção, atenção, memória, raciocínio, tomada de decisões, solução de problemas e a formação de estruturas complexas do conhecimento. (Blazer & Busse, 1999). 23
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As funções mais atingidas são a velocidade de pensamento, memória de trabalho/imediata e as habilidades visuoespaciais. As habilidades que se mantêm inalteradas são a inteligência verbal, atenção básica, habilidade de cálculo e a maioria das habilidades de linguagem. A velocidade em que a informação é processada representa a alteração mais evidente do idoso. A lentificação cognitiva influencia todas as outras funções como a atenção e a memória, sendo responsável pelo défice cognitivo. Esta é observada em idosos, aquando da sua dificuldade em compreender textos, da necessidade de explicações mais extensas e de maior tempo para executar cálculos. A inteligência fluida – processo básico de informação, capacidade de raciocinar, perceber a relação entre os objetos, criar novas ideias, adaptar-se e organizar a informação em situações concretas – atinge o seu potencial máximo aos vinte e cinco anos, iniciando-se a partir daí o seu declínio (Sequeira, 2010). A inteligência cristalizada – processo de aquisição do conhecimento centrado na educação (acumulação de informações), no conhecimento e na experiência que os indivíduos adquirem no contexto sociocultural – aumenta a sua capacidade ao longo da vida. Assim, o desempenho de atividades, independentemente da sua natureza, tem influência de forma positiva nas funções intelectuais e contribui para uma maior eficiência mental (Morris, 1991 citado por Sequeira, 2010). A memória constitui uma das funções cognitivas fundamentais para um envelhecimento ativo. Com o avançar da idade ocorre uma diminuição da velocidade de recuperação dos vários recursos da memória, ocorre também declínio na memória imediata, de curto prazo ou de trabalho, o que dificulta o processo de aprendizagem. Há maior comprometimento da atenção (dificuldade para selecionar a atenção por vários tópicos) e da recuperação das informações, previamente armazenada e também na consolidação de informações recentes (memória episódica recente, por exemplo, localização de objetos, recados, repetir números de forma inversa, etc.) A memória remota, também designada por memória de recordação, mantém-se estável ou declina muito pouco com a idade. Torna-se difícil medir esta memória com precisão, pois não é possível controlar a informação exata indicada pelo sujeito.
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Os idosos são capazes de adquirir novos conhecimentos quando colocados nas situações apropriadas, isto é, em situações em que o fator tempo não é primordial. Além disso, na maioria dos casos, a aprendizagem depende mais da motivação do que da memória (Berger, 1995). É de extrema importância referir que existe uma grande plasticidade cognitiva e capacidade de reserva ao longo da vida. Estas podem melhorar através da intervenção, com programas de estimulação cognitiva tanto em pessoas com demência, como em pessoas idosas saudáveis (Fernández-Ballesteros, 2009 citado por Teixeira, 2010).
Fatores que influenciam o envelhecimento cognitivo Spar e La Rue (2005) citados por Sequeira (2010) realçam, um conjunto de variáveis que influenciam o nível da cognição no envelhecimento normal – os fatores genéticos (que explicam cerca de 50% da variabilidade cognitiva na terceira idade); a saúde (as pessoas saudáveis apresentam menos alterações cognitivas); a escolaridade (um nível de instrução mais elevado funciona como fator protetor das funções cognitivas); a atividade mental (as atividades mentalmente estimulantes apresentam uma correlação com melhor desempenho cognitivo); a atividade física (a boa forma aeróbica está relacionada com uma melhor preservação das aptidões cognitivas); a personalidade, humor, meio social e cultural, treino cognitivo, sexo e conhecimentos especializados (influenciam positiva ou negativamente áreas como a memória ou a atenção). Envelhecimento Social O envelhecimento relaciona-se, também, com as alterações da participação ativa do idoso. As redes sociais alteram-se de acordo com o contexto familiar, laboral, participação na comunidade, entre outros. As redes de apoio são indispensáveis para a saúde mental, satisfação com a vida e envelhecimento ótimo, pelo que, de forma a manter a independência e a participação social, é necessário reorganizar as redes de apoio informal, colmatando a falta de pessoas significativas (companheiros, família, etc.), que vão desaparecendo.
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Redes sociais, interação social e apoio social, são conceitos interligados mas nem sempre associados.
Redes sociais - são o número de elementos, estrutura da família, amigos e proximidade física;
Interação social - é a frequência e duração de os afetivos estabelecidos com a rede social;
Apoio social - refere-se ao tipo de ajuda que uma pessoa recebe a partir da sua rede social; assistência dos os à pessoa dependente.
Segundo a teoria da desinserção (que caiu em desuso desde 1961), o envelhecimento acompanha-se de uma desinserção recíproca da sociedade e do indivíduo, ou seja, o idoso põe fim ao seu empenhamento e retira-se da sociedade que, por sua vez, lhe oferece cada vez menos. A teoria que se seguiu diz respeito à teoria da continuidade que refere que o idoso mantém a continuidade nos seus hábitos de vida, preferências, experiências e compromissos, elementos integrantes da sua personalidade.
Alterações sociais atuais
Diminuição das famílias alargadas que cuidam de todos os seus membros;
Predominância de famílias nucleares com diminuição da estabilidade familiar (incremento do número de divórcios e novos casamentos que criam instabilidade e dificuldade nos processos de cuidar).
Coexistência de vários tipos de família (monoparentais, uniões de facto, etc.);
Dificuldade e competitividade no trabalho (maior mobilidade geográfica dos elementos familiares, fragilizando a solidariedade familiar);
Reduzida dimensão das habitações (dificulta a coabitação de vários membros a família); entre outros.
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O envelhecimento é um processo dinâmico e complexo, em que surgem diversas alterações, quer a nível biológico e psicológico, às quais os indivíduos têm de se adaptar. O envelhecer é definitivamente real, mas não existe um ideal natural, independente de ideais, imagens e práticas sociais que o representam. Assim, não se poderá respeitar a pessoa idosa, sem ter em conta a sua personalidade, mediada pela sua experiência, condição social e valores culturais. Cada idoso é dotado de uma entidade própria que deve ser respeitada e que envelhecer e morrer, tal como nascer e crescer, será sempre parte do ciclo de vida orgânico.
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2. AGENTE EM GERIATRIA
O Agente em Geriatria é o profissional que presta cuidados de apoio direto a idosos, no domicílio e em contexto institucional, nomeadamente, lares e centros de dia, zelando pelo seu bem-estar físico, psicológico e social, de acordo com as indicações da equipa técnica e os princípios deontológicos.
2.1.CARATERÍSTICAS INERENTES AO AGENTE EM GERIATRIA
Um
bom
profissional
deverá
possuir
caraterísticas
específicas
para
o
cuidar/relacionamento humano. Um bom profissional deve saber ser: Responsável;
Paciente;
Meigo;
Bem-disposto;
Educado;
Humilde;
Assíduo;
Honesto;
Atento;
Justo;
Simpático;
Bom ouvinte;
Flexível;
Competente;
Dedicado;
Profissional.
Um bom profissional deve saber:
Colocar-se no lugar ou situação dos idosos (empatia);
Prestar-lhes a devida atenção;
Respeitar o idoso, os colegas e superiores hierárquicos;
Ter boa apresentação;
Ter capacidades psicológicas, sociais e de relacionamento com os outros, especialmente com os idosos;
Considerar o idoso como um ser humano, com todas as suas necessidades;
Mostrar disponibilidade para o idoso;
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Ajudar o idoso a exercitar as suas aptidões físicas e intelectuais, promovendo ao máximo as suas capacidades e autonomia.
Um bom profissional deve possuir conhecimentos necessários para cuidar dos idosos em áreas como:
Alimentação (dietas, cuidados com sondas, etc.);
Saúde e primeiros socorros (como atuar em caso de asfixia, istração de medicamentos, cuidados a ter com as algálias, etc.);
Higiene e prevenção de acidentes (higiene pessoal, posicionamentos, prevenção de quedas etc.);
Comunicação e atividades de animação;
Processo de envelhecimento, cultura, hábitos e crenças.
Principais atividades do Agente em Geriatria:
Prestar/auxiliar cuidados de higiene ao idoso;
Distribuir e auxiliar nas refeições;
istrar medicação (ter atenção à sua toma);
Auxiliar, se necessário, na deslocação ao WC, colocação de fraldas e/ ou urinóis e arrastadeiras;
Prevenir quedas e acidentes, organizando o espaço físico onde o idoso se insere;
Organizar e promover atividades de lazer e animação adequadas às capacidades dos idosos;
Acompanhar o idoso nas idas a consultas e tratamentos.
Principais deveres do Agente em Geriatria:
Respeitar sempre a privacidade do idoso, guardando sigilo, sempre que ele o solicite, sobre qualquer assunto;
Ser sempre responsável pelas suas ações, reconhecendo e assumindo os erros cometidos, como prova de humildade e honestidade;
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Assegurar, quanto possível, que os seus serviços não são mal utilizados, respeitando as indicações dadas pelos superiores hierárquicos;
Respeitar o sigilo profissional, não divulgando situações e informações relacionadas com os idosos, colegas de trabalho ou instituição obtidas no decorrer do horário de trabalho.
Cuidados a ter em consideração relativos à higiene pessoal:
Tomar banho diariamente;
Promover a saúde oral;
Unhas curtas (não roídas), limpas e sem verniz;
Mãos e antebraços limpos. Manter pés secos;
Evitar ar as mãos no nariz, orelhas, cabeça, boca ou outra parte do corpo durante a prestação de cuidados;
Homens: evitar a barba e bigode;
Evitar trabalhar com ferimentos nas mãos ou se estiver doente (diarreia, febre, vómitos, o com pessoas com doenças infecto-contagiosas, infeções os olhos, garganta, nariz ouvidos pele, etc.);
Comunicar situação de doença;
Assoar o nariz em lenços de papel e posteriormente rejeitar e lavar as mãos;
Não limpar o suor com as mãos, panos ou uniforme (mas sim em toalha descartável).
Cuidados a ter relativos à apresentação pessoal, à linguagem e à atitude:
Cabelos limpos, apanhados e protegidos (sem tocar no uniforme);
Não usar adornos (anéis, brincos, relógio, pulseiras, colares, piercing, etc.). Não utilizar utensílios que foram colocados na boca;
Utilizar equipamento de proteção individual;
Evitar maquilhagem e perfumes com cor e/ou odor intenso (utilizar desodorizante sem cheiro ou com odor suave);
Apresentar identificação adequada (nome, fotografia e função); 30
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Evitar falar, cantar, tossir ou espirrar sobre os outros ou alimentos;
Não mascar pastilhas elásticas ou fumar durante o trabalho;
Não manusear dinheiro;
O fardamento deve ser feito apenas no local de trabalho;
Cacifo para colocar a roupa pessoal do funcionário.
Cuidados relativos à higiene e apresentação pessoal: Para uma prestação de cuidados adequados e seguros aos idosos, é necessário ter em conta alguns aspetos relativos à higiene e apresentação pessoal do prestador de cuidados no sentido de manter uma boa apresentação pessoal e principalmente prevenir as infeções.
Uso de farda limpa A farda de trabalho é um instrumento de trabalho pessoal que deverá estar sempre limpa. É diferente consoante a instituição ou local de trabalho e identifica o cargo dos diferentes profissionais. Idealmente, a farda de trabalho deve ser trocada diariamente; a sua lavagem deverá ser feita a uma temperatura superior a 60ºC, para que a remoção da sujidade e a eliminação de microrganismos seja eficaz. Quando existem nódoas que, após lavagem, não saem utiliza-se lixívia. Posteriormente, a farda deverá ser lavada novamente a uma temperatura superior a 60ºC. Depois de lavada e seca deve ser bem ada a ferro. Calçado Tal como a farda deve ser unicamente usado no local de trabalho. Deverá ser seguro e adequado ao desempenho das suas funções, principalmente com sola de borracha e antiderrapante.
A apresentação pessoal correta e adequada bem como o uso de uma farda limpa para além de prevenir infeções são o espelho do nosso asseio e a imagem que transparecemos da instituição onde trabalhamos.
Atitude 31
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A atitude positiva consiste na reação que um indivíduo tem em relação a um objeto, pessoa ou situação. Um profissional de saúde com esta atitude vai se sentir entusiasmado, criativo, vai contagiar os outros com a sua boa disposição e isso vai se refletir na qualidade do seu trabalho.
Mas como conseguir essa atitude positiva? Deve ser um trabalho diário e de cada indivíduo.
Usar o humor no dia-a-dia, pois nem tudo pode ser mau e rir ajuda a relaxar os nervos, melhora a circulação sanguínea e a digestão;
Pensar e desenvolver vitórias – concentrar-se no que é bom. Ex: se ouvir música faz bem, então deve fazê-lo;
Simplificar – libertar-se de preocupações e complicações;
Não se isolar – falar sobre os problemas;
Mostrar uma atitude positiva aos outros, isso vai deixá-las positivas também;
Olhar mais para si e gostar de si próprio;
Desenvolver uma autoestima positiva, cuidar da aparência;
Estabelecer objetivos, criar metas.
Quem é o cliente? Qual o seu perfil? Ter conhecimento sobre as tarefas a executar no posto de trabalho é importante, mas não é tudo. É também necessário conhecer os clientes e adaptar-se a estes. O cliente deve ser considerado a pessoa mais importante, pois é dele que depende o trabalho do agente em geriatria. Este não deve ser alvo de juízos de valor e deve ser tratado de forma individual, respeitando as suas caraterísticas.
Para tal, o profissional deve evitar:
EFEITO HALO – Não se deve formular uma opinião sobre um cliente, baseado na generalização de uma caraterística. Exemplo: desconfiança;
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EFEITO LÓGICO – Não se deve supor que certas qualidades do cliente se encontram associadas às suas atitudes. Exemplo: um cliente indeciso, não quer dizer que não vá marcar uma consulta;
EFEITO DOS ESTEREÓTIPOS – Não se deve qualificar os clientes somente porque detetamos caraterísticas nele que nos permitem enquadrá-lo em certos tipos pré-qualificados. Exemplo: se um cliente tem excesso de peso, não quer dizer que seja simpático e falador;
EFEITO DA TENDÊNCIA CENTRAL – não se deve classificar os clientes como sendo todos iguais, sem considerar as diferenças individuais. (personalidade, crenças, cultura). Exemplo: “Os utentes são todos iguais”.
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3. PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO E OBSERVAÇÃO Comunicação É um processo de criação e de recriação de informação, de troca, de partilha e de colocar em comum sentimentos e emoções entre indivíduos. A comunicação transmitese de maneira consciente ou inconsciente pelo comportamento verbal e não-verbal, e de modo mais global, pela maneira de agir dos intervenientes. Por seu intermédio, chegamos, mutuamente, a apreender e a compreender as intenções, as opiniões, os sentimentos e as emoções sentidas pela outra pessoa e, até, criar laços significativos com ela.
3.1. CARACTERÍSTICAS DA COMUNICAÇÃO/ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Elementos do processo de comunicação: Os elementos do processo de comunicação deverão estar presentes e adequados para que a sua mensagem atinja a eficácia desejada.
Figura 4 - Polos da Comunicação na Saúde
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Figura 5 – Elementos do Processo de Comunicação
Estímulo: motiva uma pessoa a comunicar com outras. Pode ser um objeto, experiência, emoção, ideia ou um ato;
Emissor: pessoa que inicia a comunicação interpessoal ou a mensagem. O emissor põe o estímulo dentro de uma forma de modo a poder ser transmitido e assume responsabilidade quanto à precisão do conteúdo e ao tom emocional da mensagem;
Mensagem: informação enviada ou expressada pelo emissor. Pode consistir em símbolos de linguagem verbal e não-verbal (palavras faladas, expressões faciais ou gestos). Uma apropriada quantidade de informação deve ser transmitida e o Recetor deve estar pronto para ouvir a mensagem.
Recetor: pessoa para quem a mensagem é enviada, através dos cinco sentidos – visão, audição, paladar, tato e olfato. A mensagem do emissor incita o recetor a descodificar e a responder. Idealmente, a intenção do emissor é recebida pelo recetor; 35
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Canal de transmissão: meio através do qual as comunicações são transmitidas entre os intervenientes – ar, voz, carta, livro, rádio, telefone, rede de tv, fax, correio, internet, etc.;
Codificação da mensagem: escolha de uma forma verbal ou não verbal (palavras escritas ou faladas, gestos ou ações) capaz de transferir e transmitir significado. O código é um conjunto de sinais com significado;
Descodificação: atribuição de significado aos símbolos;
Retroalimentação ou : retorno da informação que permite ao emissor verificar se a comunicação foi ou não perfeitamente percecionada.
Ao elaborar uma mensagem o emissor deve verificar:
Código comum ao recetor;
O que transmite é claro e compreensível;
O recetor possui as capacidades necessárias para a descodificação.
Níveis de comunicação:
Comunicação Intrapessoal
Comunicação Interpessoal
Comunicação Pública
Importância da comunicação nas relações interpessoais: As relações interpessoais desenvolvem-se no processo de interação entre duas fontes: O EU e o OUTRO.
A maior ou menor eficácia no relacionamento depende do nosso poder e habilidade na comunicação;
Cerca de 75% do tempo é ado a relacionar-se com outras pessoas.
Para desenvolver a sensibilidade social e a flexibilidade de comportamento precisamos: 36
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Melhor conhecimento de nós próprios;
Melhor compreensão dos outros, interpretando-os pelo que eles são e não pelo que desejaríamos que eles fossem;
Melhor convivência em grupo, pela perceção dos vários comportamentos em grupo, o seu funcionamento e a interação dos indivíduos.
Não são as palavras utilizadas que nos ferem, mas antes as atitudes com que são pronunciadas, as emoções que as subentendem e que nos fazem reagir.
Estilos de comunicação: Existe algo que pode facilitar ou dificultar a nossa comunicação com as pessoas – o nosso estilo de comunicação. Os quatro estilos de comunicação são – ivo, Agressivo, Manipulador e Assertivo.
ivo:
Evita os conflitos;
Espera que as pessoas compreendam o que deseja;
Muito preocupado com a opinião dos outros a seu respeito;
Culpa-se de tudo;
Não é capaz de se defender;
Justifica-se excessivamente;
Tem dificuldade em dizer que não.
Expressão corporal: Voz hesitante, mínimo o visual, quieto, atitude defensiva, postura encolhida, mexendo as mãos, inquieto.
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Agressivo:
Ansioso por vencer, mesmo à custa dos outros;
Muito preocupado com os seus desejos e vontades;
Culpa os outros;
Crítica os outros, mas não a si próprio;
Interrompe com frequência;´
Autoritário;
Conflituoso.
Expressão corporal: Máximo o visual, Voz alta – “Grita”. Postura – cerra os punhos ou aponta o “dedo como uma espada”.
Manipulador:
Utiliza a simulação;
Evita dizer o que verdadeiramente pensa;
Manipula a informação e as pessoas;
Não olha a meios para atingir os fins.
Expressão corporal: A linguagem corporal não coincide com a verbal.
Assertivo:
Vontade de defender os seus direitos, mas ao mesmo tempo capaz de aceitar que os outros também tenham os seus;
Ouve bastante – procura entender;
Trata as pessoas com respeito;
Aceita acordos, soluções;
Vai direito ao assunto sem ser áspero.
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Expressão corporal: o visual suficiente para dar a entender que está a ser sincero; Tom de voz moderado, neutro, mas firme; Postura comedida e segura; Expressão corporal de acordo com as palavras.
Em cada um de nós pode haver um pouco de cada uma destas formas de comunicar com o outro. Existem pessoas que são ivas no local de trabalho, mas em casa são agressivas ou assertivas, por exemplo. Mas há um que predomina! Princípios gerais da comunicação:
A comunicação encontra-se em toda a parte;
É impossível não comunicar;
A comunicação situa-se nos planos cognitivo e afetivo;
A comunicação pode ser intencional ou acidental;
Em mensagens verbais e não-verbais contraditórias, é o significado da mensagem não-verbal que é retido;
A comunicação é dificilmente reversível;
Os primeiros minutos da comunicação são muito importantes: dão o tom à relação.
Emoções na comunicação: Podemos então perceber que numa mesma situação podemos agir de duas formas muito diferentes que provocam, em nós e nos outros, EMOÇÕES muito diferentes.
Emoções negativas: tristeza, zanga, raiva, inveja, frustração, entre outras. Emoções positivas: felicidade, amor, alegria, entusiasmo, entre outras.
As emoções são contagiosas. Um estudo (grupos de pessoas no seu local de trabalho), realizado na Escola de Gestão da Universidade de Yale, chegou à conclusão 39
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que a alegria e o calor são as emoções que se espalham mais facilmente, enquanto a irritabilidade é menos contagiosa e a depressão quase não se espalha. Esta maior taxa de difusão dos estados de espírito favoráveis tem implicações diretas para os resultados nas empresas. Em sentido neurológico, o riso é a distância mais curta entre duas pessoas, porque liga instantaneamente os seus sistemas límbicos (corrente límbica). Uma boa gargalhada (riso como reação a observações vulgares e não como reação a gracejos) transmite uma mensagem amistosa que dá segurança: estamos na mesma onda, entendemo-nos bem. Indica confiança, bem-estar mútuo, sentimentos comuns sobre o mundo. Tal como o ritmo de uma conversa, rir é um sinal de que, de momento, está tudo bem. Observação Observação é o ato ou efeito de observar. Exame. Análise. Acompanhar a evolução, o comportamento ou o funcionamento. Observar é examinar atentamente os indivíduos e ou o ambiente que os rodeiam. Instrumento de coleta de dados que subsidia o processo de cuidar. Elemento fundamental no trabalho científico e em toda a ação inteligente. Baseia-se no conhecimento, interesse e atenção do observador, dentro deste método de reunião de informações. A observação é a primeira etapa ou o que conduz à ação do agente em geriatria, ou seja, a execução de todos os cuidados necessários na assistência ao cliente.
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Caraterísticas do processo de observação As informações coletadas através da observação chegam ao cérebro do observador por intermédio dos sentidos:
Visão: observamos a cor da pele, o aspeto geral, a postura, os movimentos do corpo, fazemos a leitura de instrumentos (termômetro, ECG, monitores, etc.);
Audição: presença de ruídos respiratórios, intestinais, etc.;
Olfato: sentimos odores característicos de alguns quadros clínicos: Hálito cetónico (maçã podre) no Diabetes descompensado; Odor caraterístico de algumas secreções (infeções); Substâncias tóxicas em casos de intoxicações, etc.
Paladar: podemos verificar o tempero dos alimentos.
Tato: utilizado para detetar texturas, temperatura da comida e corporal, pulso, turgor da pele, entre outros;
Intuição (sexto sentido): são sensações descritas como um “estado de alerta” que nos leva a perceber que “algo está fora do padrão normal”, mas não conseguimos evidenciar exatamente do que se trata.
Devemos compreender que observar é perceber com todos os órgãos dos sentidos o mundo que nos rodeia, porém, nossas perceções podem sofrer influências de experiências anteriores, expectativas, motivações e emoções, podendo alterar o resultado de nossas observações. Tipos de observação:
Observação Assistemática:
As observações assistemáticas ou não estruturadas são aquelas que realizamos espontaneamente, sem utilizarmos meios técnicos especiais, roteiros ou perguntas específicas. Ocorre em uma experiência casual, sem que se tenha determinado de antemão quais os aspetos relevantes a serem observados e que meios utilizar para observá-los.
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Observação Sistemática:
A observação sistemática, também chamada de estruturada ou planeada, é aquela que fazemos para responder a propósitos preestabelecidos, ou seja, sabemos de antemão o quê, como e quando vamos observar. A grande vantagem da observação sistematizada é que os dados já são colhidos de forma organizada, além do que, o mesmo roteiro pode ser utilizado por diversos observadores. Desde que eles compreendam as situações e os detalhes da mesma forma. A escolha do tipo de observação utilizada ficará na dependência do fenômeno ou situação que queremos estudar.
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3.2.JOGOS E SIMULAÇÕES
O jogo tem um papel essencial na educação e na animação e tem um papel importante no processo de socialização e de desenvolvimento intelectual, social e motor. A realização de jogos com grupos de crianças, adultos ou idosos é das melhores formas de transmissão de mensagens, de aprender e de diversão.
Com o jogo consegue-se:
Aumentar o grau cultural e o compromisso coletivo;
Aumentar o número de amizades e relacionamentos;
Canalizar a criatividade;
Divertir;
Libertar tensões e emoções;
Obter integração intergeracional;
Orientar positivamente as angústias quotidianas;
Refletir;
Ter predisposição para realizar outros trabalhos.
Jogos e Rábulas Os jogos de mesa e as rábulas ou paródias são um excelente promotor de entretenimento e lazer entre os idosos, estabelecendo o convívio e a interação entre eles. Alguns jogos que podem ser desenvolvidos são as damas, o pictionary (jogo em que é necessário adivinhar uma palavra através de desenhos), o dominó, o xadrez, o monopólio (jogo em que o objetivo é ganhar dinheiro com a venda e compra de imóveis), trivial pursuit (jogo de cultura geral), o Scrable (jogo de construção de palavras), jogo galo, entre outros. Nas rábulas estão incluídas as anedotas, histórias, pequenos atos teatrais, mímica, provérbios, entre outras.
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Jogos de Magia Os jogos de magia não são utilizados com frequência na animação, mas podem proporcionar bons momentos de entretenimento. Existem truques simples de cartas, cordas ou moedas, que qualquer idoso pode aprender para depois apresentar aos colegas numa festa ou eio.
Desporto e Recreio Esta animação engloba atividades físicas que podem ser praticadas em equipa ou individualmente, com ou sem fins competitivos. Os desportos mais aconselháveis para os idosos são o atletismo, os jogos tradicionais, a natação, o ténis, a pesca, o golfe e a marcha. As atividades recreativas são realizadas em e para o grupo e têm por objetivo o recreio, o convívio, a solidificação das relações sociais e o desenvolvimento comunitário. Os bailes (carnaval, final de ano, etc.), os torneios de jogos de cartas, os desfiles de moda, as marchas populares, as festas de aniversário e dos santos populares, as procissões, os jornais de parede, os piqueniques, a decoração de casas ou ruas com flores e outros adereços de papel, concursos de poesia, prosa ou fotografia, entre outras, são exemplos de atividades recreativas.
4. CONFORTO DA PESSOA IDOSA
4.1. SONO E REPOUSO
O sono é uma necessidade básica dos seres humanos e, portanto, tem influência na nossa qualidade de vida. Sabe-se que a experiência de um sono insatisfatório ou insuficiente é muito desagradável, refletindo no desempenho da pessoa em suas atividades diárias, comportamento e bem-estar. Particularmente para os idosos, as perturbações do sono também representam fatores de risco ligados à institucionalização e à mortalidade. Consequências da privação de sono 44
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Sonolência;
Fadiga e falta de vigor;
Ansiedade e irritabilidade;
Falta de concentração;
Confusão;
Distorções de perceção;
Alucinações;
Lapsos e acidentes;
Defeitos de compreensão da linguagem verbal
Sono como ritmo biológico O mundo organiza-se em torno de uma periodicidade de 24 horas, determinada pelo movimento de rotação da Terra. Os nossos ritmos biológicos mais conhecidos têm periodicidade semelhante e são chamados de ritmos circadianos (do latim circa diem, em torno de um dia). O ritmo circadiano é sincronizado de acordo com fatores: Geofísicos – a alternância entre o claro (dia) e o escuro (noite) e as estações do ano. De origem social – horários dos diversos compromissos sociais, trabalho, escola.
Fases do sono O sono é constituído por diferentes estágios, de acordo com a frequência e a amplitude típicas das ondas elétricas cerebrais geradas durante o fenômeno. A organização e a proporção que ocupam os vários estágios são conhecidas como o padrão do sono, que se modifica com o envelhecimento.
Sono NREM (N1, N2 e N3) – Sono lento, sincronizado. Não há movimento rápido dos olhos. Caracterizado por um EEG (eletroencefalograma) em que dominam as frequências baixas; ativação parassimpática é dominante; 45
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temperatura central decresce ligeiramente; a atividade cognitiva persiste, embora os sonhos sejam facilmente esquecidos; Possuí três níveis, N1, N2 e N3. A qualidade do sono da fase N1 à fase N3 torna-se sucessivamente profunda, à à medida que as ondas cerebrais se tornam progressivamente mais lentas e é mais difícil acordar uma pessoa.
Sono REM (Rapid Eyes Movement) – paradoxal. Existência de movimentos rápidos dos olhos; ocorre 90 minutos após início do sono; sonhos predominantemente emocionais, vividos e mais facilmente retidos se acordar nesta fase.
Uma noite de sono é constituída por ciclos com duração média de 70 a 100 minutos, que se repetem de 4 a 5 vezes, sendo que um ciclo típico é constituído das fases N1, N2 e N3 do NREM seguidos por um período de sono REM. Sabese ainda que na primeira metade da noite, o sono é mais profundo (predomínio da fase NREM) e na segunda metade da noite predomínio das fases mais superficiais (N1 e N2) do sono NREM e de sono REM. Funções do sono
A principal função do sono é manter-nos acordados.
O ser humano é o único ser vivo capaz de adiar propositadamente o sono, contudo esta capacidade não excede os dez dias;
São segregadas todas as hormonas anabolizantes, que permitem o crescimento, a duplicação celular.
São estabilizados processos imunológicos A redução do sono aumenta a probabilidade de ter doenças infeciosas. São estabelecidos e sedimentados diversos processos cognitivos, sobretudo os que têm a ver com a memória, com o encontrar soluções e com a aprendizagem, entre outros;
Através dos sonhos é restabelecido o equilíbrio emocional e são reforçados os comportamentos próprios da espécie. 46
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Fatores que alteram o sono Na origem de uma perturbação do sono, frequentemente, ocorre a combinação de um ou mais fatores:
Doença física;
Fármacos e substâncias;
Estilo de vida;
Padrões habituais de sono e sonolência diurna excessiva;
Estresse emocional e Ambiental;
Ruído;
Exercício e fadiga;
Alimentos e ingestão calórica.
Padrões de sono e modificações com o envelhecimento O ciclo vigília-sono (períodos de sono e de vigília ao longo das 24 horas) sofre importantes modificações durante o envelhecimento do indivíduo. Nos bebês, o sono é fragmentado ao longo do dia e da noite; os adultos, em geral, dormem apenas durante a noite, exibindo um padrão chamado de monofásico; e as pessoas idosas costumam apresentar um padrão de sono mais fragmentado, com episódios ocorrendo durante o dia e a noite, em diferentes proporções.
Com o envelhecimento o padrão do sono sofre algumas alterações:
Diminuição da duração do sono profundo (N3 e NREN);
Aumento da duração das fases N1 e N2 do sono NREM (sono superficial);
Maior número de transições de um estágio para o outro, inclusive para a vigília, e maior número de interrupções no sono
A eficiência do sono é a proporção entre o tempo que uma pessoa consegue realmente dormir e o tempo despendido na cama com esse objetivo. Constitui um parâmetro fundamental na avaliação da qualidade do sono. 47
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Uma pessoa que se deita às 22 horas e se levanta às 6 horas da manhã seguinte; ela terá 100% de eficiência do sono se dormir oito horas (oito horas de sono divididas por oito horas no leito), 75% se dormir seis horas (seis horas de sono divididas por oito horas no leito), e assim por diante. As pessoas idosas apresentam redução da eficiência do sono para cerca de 70% a 80%, variando conforme o sexo e a idade (em adultos jovens esse valor é da ordem de 90%).
No processo de envelhecimento, o sono sofre mudanças quantitativas e qualitativas que são percebidas pelo idoso como perturbações e podem ser apresentadas na forma de queixas. São elas:
Dificuldade em manter o sono noturno (os idosos demoram para adormecer e acordam várias vezes durante a noite);
Perceção do sono como mais leve e menos satisfatório (menor eficiência do sono);
Despertar muito precoce. Alguns estudos sugerem que, com o envelhecimento, torna-se necessário um avanço no sistema circadiano para que o organismo se ajuste à periodicidade do ambiente e da organização social (como se um “relógio interno” fosse adiantado), o que determinaria a escolha de horários precoces para o início do sono e para o despertar, por exemplo.
Maior tendência a dormir durante o dia, intencionalmente ou não (sesta e cochilos). Parte dos idosos já não está sob a influência de pistas temporais importantes, como horários de trabalho, e, assim, pode não ter interesse, motivação ou necessidade de manter horários regulares para levantar-se, deitarse, alimentar-se ou executar quaisquer outras atividades, o que contribui para acentuar ainda mais a fragmentação do sono.
Tais modificações, quando muito acentuadas, podem trazer alguns problemas:
Distúrbio do início e manutenção do sono (DIMS), que é a exacerbação da dificuldade em conciliar e em manter o sono noturno, queixa frequente entre as pessoas idosas; 48
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Despertar muito precoce (em torno das 3 ou 4 horas da manhã), que pode ser indício de um quadro depressivo;
Sonolência diurna excessiva, resultante de síndrome da apneia do sono, mioclonia noturna ou outros distúrbios.
A qualidade percebida do sono é uma experiência subjetiva. Não cabe ao cuidador afirmar que a pessoa idosa “dormiu muito bem” e está se “queixando à toa”, apenas por ter observado que ela dormiu uma noite inteira, de forma aparentemente profunda e tranquila. A observação contínua ao longo da noite não é o habitual; o que se costuma fazer são observações intermitentes, entre as quais podem ocorrer episódios de interrupção do sono que am despercebidos pelo observador.
O cuidado com o sono requer, inicialmente, uma avaliação de seu padrão habitual:
Existem ou não queixas;
Horários de dormir e despertar;
Quanto tempo demora para adormecer;
Número, duração e motivo das interrupções do sono;
Número e duração de sestas ou cochilos;
Queixas relatadas pelo companheiro ou outras pessoas próximas;
Satisfação do idoso com a qualidade do sono, bem como sensação de bem-estar ao despertar;
Sonolência ou fadiga durante o dia.
É preciso verificar se o idoso possui uma rotina que precede o ato de deitar-se para dormir (ex.: tomar banho ou fazer outro tipo de higiene, rezar o terço, fazer uma refeição leve), a sua regularidade e a sua possível influência na qualidade do sono. O ambiente físico em que o idoso dorme também tem de ser observado (a temperatura, iluminação, sons, presença de outrem, características da cama e segurança do local). Além disso, deve-se analisar a qualidade da vigília, pois alguns fatores, típicos de quando se está acordado, podem contribuir decisivamente para a qualidade do sono, 49
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bem como sofrer a influência desta (realização de atividades de lazer, prática de exercícios físicos, presença de interação social, qualidade da alimentação do idoso, entre outros). Recomendações quanto ao uso de medicamentos para dormir Os idosos costumam ser responsáveis por grande parte do consumo de medicamentos para dormir (de diversos tipos). A utilização de medicamentos não assegura um sono de melhor qualidade.
A pessoa idosa torna-se mais vulnerável aos efeitos colaterais dos medicamentos indutores do sono, bem como a indesejável sonolência durante o dia que aumenta o risco de possibilidade de quedas e suas consequentes complicações;
A prescrição de medicação de efeito sedativo ou hipnótico é de responsabilidade exclusiva do médico após minuciosa avaliação de todos os fatores que possam estar resultando em prejuízo para o sono do idoso. O cuidador deve ficar atento aos efeitos colaterais indesejáveis que o medicamento venha a ocasionar e nunca, em hipótese alguma, aumentar a dose prescrita sem consulta médica prévia;
Sugestões para uma melhor qualidade do sono
Cabe ao cuidador atuar na promoção da denominada higiene do sono, conjunto de hábitos e comportamentos que auxiliam a melhorar ou manter a qualidade do sono. Envolve hábitos regulares, desenvolvimento de atividades físicas e ambiente físico adequado para dormir;
A manutenção de hábitos regulares contribui para um sono menos fragmentado e de melhor qualidade;
Idosos com perturbações do sono e sonolência diurna excessiva devem estabelecer horários e rotinas regulares para: deitar-se e despertar, refeições, lazer, realização de atividade física;
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Hábitos que sinalizem a aproximação do horário de dormir (preparo da cama, roupa apropriada, banho morno, rezar o terço) são especialmente importantes;
Os cochilos ou a sesta (que resultam em maior sensação de bem-estar) podem ser inseridos em horário regular como parte da rotina diária, o que não vai interferir na fragmentação do sono noturno;
A ingestão de alimentos leves antes de dormir não costuma ser prejudicial para o idoso, especialmente se é um hábito antigo (copo de leite morno) e se ele não possui disfunções do trato alimentar, como refluxo gastroesofágivo, caso em que deve ser contraindicada, pelo maior risco de aspiração;
A ingestão de líquidos deve ser restrita a algumas horas antes de deitar-se, sobretudo na presença de noctúria (levantar à noite para urinar) ou de incontinência urinária;
Bebidas com cafeína (café, chá-preto, achocolatados e refrigerantes à base de cola), por suas propriedades estimulantes, precisam ser evitadas em horários próximos ao de dormir. O mesmo se aplica a cigarros (efeito estimulante) e álcool (provoca sonolência inicial, mas prejudica a qualidade do sono).
Os efeitos fisiológicos dos exercícios sobre o sono ainda não são bem conhecidos, porém os efeitos psicológicos são positivos e devem ser valorizados. A atividade física tem de ser adequada às condições de saúde do idoso e desenvolvida com regularidade e critério. Embora o período da manhã seja tradicionalmente recomendado para sua prática, vários estudos têm evidenciado que é nesse período que ocorrem os maiores valores da pressão arterial e da viscosidade sanguínea. Tais fatores, em conjunto com o esforço despendido no exercício e a perda de líquidos, aumentam o risco de ocorrência de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e cardíacos isquémicos (enfarte), especialmente nas primeiras horas da manhã. Sugere-se, assim, a realização de exercícios de leve ou moderada intensidade no final da manhã ou da tarde, mas não logo antes de dormir, pois poderiam prejudicar a qualidade do sono.
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A exposição à luminosidade solar contribui para a regularização do ritmo circadiano de secreção da melatonina e para a consolidação do padrão de sono do idoso. O ambiente físico deve proporcionar conforto, segurança e permitir o contraste entre o dia e a noite;
O conforto envolve a avaliação das condições do mobiliário (bom estado de conservação), colchões, travesseiros e roupas de cama (macias e bem esticadas), iluminação (indireta, de baixa intensidade), temperatura do ambiente (temperaturas muito baixas ou muito elevadas são fatores de perturbação do sono) e presença de ruídos (ambientes ruidosos provocam redução da quantidade de sono de ondas lentas, respostas cardiovasculares, como taquicardia e vasoconstrição, e interrupção do sono);
Diminuir a dor se presente, posicionando o idoso em posição antiálgica e, confortável (com almofadas, esticar a roupa).
Segurança envolve a tranquilização da pessoa idosa contra a ocorrência de situações de violência (ex.: assaltos). Uso de grades nas janelas (casas térreas) e revisão de portas e fechaduras podem contribuir para amenizar o problema. O estabelecimento de contrastes entre o dia e a noite auxilia o sistema de temporização circadiana (responsável pela organização dos ritmos circadianos) do idoso a distingui-los. Esse sistema historicamente adaptou o organismo humano a dormir em um ambiente escuro e quieto, à noite.
Se o idoso está no domicílio educar e aconselhar os familiares:
Ter em atenção e evitar portas a bater ou televisões muito altas;
Não ter conversas preocupantes à noite a frente do idoso;
Programar atividades do dia seguinte, de manhã não à noite;
Os familiares devem evitar discussões e conflitos frente aos idosos;
Evitar de falar do cônjuge falecido;
Os familiares devem evitar conversas sobre a situação socioeconómica.
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Além das recomendações mencionadas quanto ao conforto, é importante aumentar os estímulos oferecidos durante o dia e diminuí-los à noite (minimização de ruídos e iluminação no quarto do idoso). A pessoa idosa deve procurar deitar-se apenas para dormir e, de preferência, quando sentir sono, evitando uma permanência longa e desnecessária na cama, sobretudo durante o dia. Idosos institucionalizados ou acamados tendem a apresentar um sono noturno muito fragmentado e pouco satisfatório, aumentando a sonolência diurna e criando um círculo vicioso. A experiência subjetiva do sono é particular e complexa, e elevar a qualidade do sono significa melhorar a qualidade da vigília e, consequentemente, a qualidade de vida da pessoa idosa.
4.2 CAMA ARTICULADA As camas articuladas são camas especiais que foram desenhadas com o intuito de auxiliar todas as pessoas com mobilidade reduzida, como no caso de um idoso ou de um acamado. As camas articuladas são uma ferramenta muito útil para as pessoas que cuidam de um idoso ou de um acamado pois com o mínimo de esforço conseguem mudar a sua posição e, ao mesmo tempo, para o próprio idoso ou acamado é sinónimo de um maior conforto, segurança e descanso. As camas articuladas começaram a ser utilizadas nos hospitais, pois prestavam um melhor auxílio às pessoas que apresentavam um determinado problema de saúde, aos idosos e a todos os acamados. Porém, graças à sua versatilidade e comodidade, uma vez que um idoso ou um acamado precisa de apoio e cuidados constantes, as camas articuladas depressa se estenderam a todos os lares em geral. As camas articuladas são compostas por secções articuladas que podem ser levantadas através da utilização de manivelas ou motores elétricos específicos que possibilitam a colocação de um idoso ou de um acamado em várias posições diferentes. Esta garantia de mobilidade é excelente para um idoso ou acamado na medida em que
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as tarefas mais básicas do dia-a-dia como dar banho, comer, sentar-se e levantar-se de uma cama estarão salvaguardadas. Existem vários tipos de camas articuladas que podem ser adquiridas – as camas articuladas manuais, elétricas e rotacionais. Camas articuladas manuais As camas articuladas manuais possuem estrados articulados com secções que podem ser levantadas através da utilização de uma manivela que permite levantar as costas e as pernas de um acamado ou de um idoso que tenha dificuldades de movimentos. Este tipo de cama requer a ajuda de uma segunda pessoa, na medida em que é exigida que uma outra parte dê à manivela de forma a posicionar a cama para um melhor conforto do idoso ou do acamado.
Cama Articulada Manual
Camas articuladas elétricas As camas articuladas elétricas têm o mesmo funcionamento que as manuais, com a enorme vantagem de serem automáticas. O idoso ou o acamado não necessita de uma segunda pessoa para mudar de posição e para mudar a posição da cama, basta pressionar os botões correspondentes no comando que, automaticamente, a cama faz o restante.
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Cama Articulada Elétrica
Cama Articulada Rotacional
Existem vários elementos que compõem a cama articulada:
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Na composição das camas articuladas, existem outros elementos que possibilitam uma segurança adicional e um maior usufruto no descanso/repouso de uma pessoa com limitações físicas e/ou de um idoso. Como por exemplo:
As grades: No caso de um acamado e/ou idoso é recomendável usar guardas laterais ou grades nas camas articuladas de forma a evitar que o acamado caia da cama ao mudar de posição ou mesmo quando está a dormir;
Os colchões: Existem colchões especiais anti-escaras para utilizar numa cama articulada. Estes colchões garantem o alívio das áreas de pressão e facilitam a circulação sanguínea no idoso ou no acamado, mesmo que estes se mantenham na mesma posição;
As almofadas especiais: As almofadas especiais ou em cunha podem ser colocadas sob as pernas para elevar os pés e as pernas ou sob as costas de um idoso ou acamado, o que possibilita um maior conforto e relaxamento. Não acumulam germes ou odores e têm fácil higienização;
Os rolos especiais: Os rolos especiais podem ser colocados por debaixo dos joelhos ou apoiar a região dorsal e a sua utilização garante ao idoso ou acamado um melhor posicionamento e desempenho na realização de uma determinada tarefa.
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