ATIVIDADES - TROVADORISMO Leia o texto a seguir e responda as questões
se me abandonais agora, ó formosa! que farei?
Cantiga d’amor de refran (Nuno Fernandes Torneol)
Que farei se nunca mais contemplar vossa beleza? Morto serei de tristeza. Se Deus me não acudir, nem de vós conselho ouvir, ó formosa! que farei?
Ir-vus queredes, mia senhor, e fiq’end’ eu com gran pesar, que nunca soube ren amar ergo vós, des quando vus vi. E pois que vus ides d’aqui, senhor fremosa, que farei? E que farei eu, pois non vir’ o vosso mui bom parecer? Non poderei eu mais viver, se me Deus contra vos al: senhor fremosa, que farei? E rogu’eu a Nosso Senhor que, se vos vus fordes d’quen, Que me dê mia morte por én, ca muito me será mester. E se mi-a el dar non quiser’: senhor fremosa, que farei? Pois mi-assi força voss’amor e non ouso vusco guarir, des quando me de vos partir’, eu que non sei al bem querer, Querria-me de vos saber: Senhor fremosa, que farei. Cantiga de amor de refrão (Nuno Fernandes Torneol) Se em partir, senhora minha, mágoas haveis de deixar a quem firme em vos amar foi desde a primeira hora,
A Nosso Senhor eu peço quando houver de vos perder, se me quiser comprazer, que a morte me queira dar. Mas se a vida me poupar, ó formosa! que farei? Vosso amor me leva a tanto! Se, partindo, provocais quebranto que não curais a quem de amor desespera, de vós conselho quisera: ó formosa! que farei? 1. Qual é o tema tratado na cantiga? 2. Que elementos estruturais permitem classificar o texto como uma cantiga de amor? 3. Transcreva o refrão da cantiga. Que sentimento do eu lírico ele reforça? 4. Uma das principais características das cantigas de amor é a relação entre o eu lírico e a sua amada. Que forma de tratamento o eu lírico usa para se referir à mulher? O que esse tratamento revela da relação entre eles? 5. Você acredita ser possível, hoje, existir um sofrimento amoroso semelhante? Por quê? 6. (MACKENZIE) Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal: a) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
b) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão. c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galegoportuguesas. d) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre a poesia e a música. e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de Cancioneiros. 7. (MACKENZIE) Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo! (Martin Codax) Obs.: verrá = virá levado = agitado Assinale a afirmativa correta sobre o texto. a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso. b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser amado. c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio. d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirigese às ondas do mar para expressar sua solidão. e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirigese às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.
ATIVIDADES - HUMANISMO DIABO
Pois entrai! Eu tangerei e faremos um serão. Essa dama é ela vossa? FRADE Por minha la tenho eu, e sempre a tive de meu, DIABO Fezestes bem, que é fermosa! E não vos punham lá grosa no vosso convento santo?
FRADE E eles fazem outro tanto! DIABO Que cousa tão preciosa... Entrai, padre reverendo! FRADE Para onde levais gente? DIABO Pera aquele fogo ardente que nom temestes vivendo. FRADE Juro a Deus que nom t'entendo! E este hábito no me val? DIABO Gentil padre mundanal, a Berzebu vos encomendo! FRADE Corpo de Deus consagrado! Pela fé de Jesu Cristo, que eu nom posso entender isto! Eu hei-de ser condenado?!... Um padre tão namorado e tanto dado à virtude? Assi Deus me dê saúde, que eu estou maravilhado! DIABO Não curês de mais detença. Embarcai e partiremos: tomareis um par de ramos. FRADE Nom ficou isso n'avença. DIABO Pois dada está já a sentença! (...) Vem Joane, o Parvo, e diz ao Arrais do Inferno: PARVO Hou daquesta! DIABO Quem é? PARVO Eu soo. É esta a naviarra nossa? DIABO De quem? PARVO Dos tolos. DIABO Vossa. Entra! PARVO De pulo ou de voo? Hou! Pesar de meu avô! Soma, vim adoecer e fui má-hora morrer, e nela, pera mi só. DIABO De que morreste? PARVO De quê? Samicas de caganeira. DIABO De quê? PARVO De caga merdeira!
Má rabugem que te dê! DIABO Entra! Põe aqui o pé! PARVO Houlá! Nom tombe o zambuco! DIABO Entra, tolaço eunuco, que se nos vai a maré! PARVO Aguardai, aguardai, houlá! E onde havemos nós d'ir ter? DIABO Ao porto de Lucifer. PARVO Ha-á-a... DIABO Ó Inferno! Entra cá! PARVO Ò Inferno?... Eramá... Hiu! Hiu! Barca do cornudo. Pêro Vinagre, beiçudo, rachador d'Alverca, huhá! Sapateiro da Candosa! Antrecosto de carrapato! Hiu! Hiu! Caga no sapato, filho da grande aleivosa! Tua mulher é tinhosa e há-de parir um sapo chantado no guardanapo! Neto de cagarrinhosa! Furta cebolas! Hiu! Hiu! Excomungado nas erguejas! Burrela, cornudo sejas! Toma o pão que te caiu! A mulher que te fugiu per'a Ilha da Madeira! Cornudo atá mangueira, toma o pão que te caiu! (...) Chega o Parvo ao batel do Anjo e dlz: PARVO Hou da barca! ANJO Que me queres? PARVO Queres-me ar além? ANJO Quem és tu? PARVO Samica alguém. ANJO Tu arás, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malícia nom erraste.
Tua simpreza t'abaste pera gozar dos prazeres. Espera entanto per i: veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui. 1. O teatro, de suas origens até o século XIX, se serve do verso como forma de expressão. Fiel à tradição, Gil Vicente fez uso das métricas mais utilizadas na poesia medieval. Faça a escansão de alguns versos do texto e identifique o tipo de verso empregado pelo autor na obra. 2. No Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente critica três classes sociais: a nobreza, o clero e o povo. Indique a personagem que, no texto, representa: a) o clero b) o povo 3. O Diabo, ao receber o Frade, estranha a pessoa que está na companhia dele. Deduza: qual a aacausa desse estranhamento? 4. O diálogo que ocorre entre as duas personagens revela não apenas a condição moral do Frade, mas também a de outros membros da Igreja. Qual é essa condição? 5. Para livrar-se do inferno, o Frade apresenta alguns argumentos ao Diabo. a) Identifique dois desses argumentos. b) Pelas respostas do Diabo, deduza: O Frade deverá ir para a barca do inferno ou para a barca do céu? Por quê? 6. O julgamento a que são submetidos os mortos que se dirigem ou à barca do inferno ou à barca do céu é na verdade um julgamento de toda a sociedade. No que se refere ao julgamento do Frade, levante hipóteses: a intenção do autor é criticar a Igreja como instituição ou criticar os homens? Justifique sua resposta. 7. Gil Vicente se utiliza da linguagem coloquial em razão do caráter popular de seu teatro e também para indicar a condição social de suas personagens. a) Compare a linguagem do Frade à do Parvo. O que as diferencia? b) Que efeito produz no espectador o trecho em que o Parvo se dirige ao Diabo servindo-se de uma linguagem sem lógica, sem sentido? 8. O Frade e o Parvo, cujas qualidades se discutem no texto, acabam tomando destinos diferentes. a) Que destino teve cada um deles? Por quê? b) Com base na resposta ao item anterior, pode-se dizer que o teatro vicentino é moralizante? Justifique.
9. (UFJF-MG) Sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é incorreto afirmar: a) o autor apresenta severa crítica à prepotência e tirania dos nobres, e à desonestidade e corrupção dos homens da lei. b) na luta entre o Bem e o Mal são favorecidos aqueles que em vida pertenceram à classe social privilegiada. c) o Diabo atua como agente crítico, que revela as mentiras e falsidades das personagens. d) pelo julgamento do Anjo, o Parvo embarca para o paraíso, uma vez que o céu pertence aos simples. e) o autor vale-se do tema do Juízo Final para estabelecer uma crítica à sociedade, fazendo desfilar em cena os tipos sociais identificados através de suas qualidades e defeitos.
ATIVIDADES - CLASSICISMO TEXTO I Canto I - Proposição As armas e os Barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana Por mares nunca de antes navegados aram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando, Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta.
TEXTO II Canto IV – Episódio do Velho do Restelo - “Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça Cüa aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas! “Dura inquietação d'alma e da vida Fonte de desemparos e adultérios, Sagaz consumidora conhecida De fazendas, de reinas e de impérios! hamam-te ilustre, chamam-te subida, Sendo dina de infames vitupérios; Chamam-te Fama e Glória soberana, Nomes com quem se o povo néscio engana! (...) “Oh, maldito o primeiro que, no mundo, Nas ondas vela pôs em seco lenho! Dino da eterna pena do Profundo, Se é justa a justa Lei que sigo e tenho! TEXTO III Canto X - Epílogo Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho Destemperada e a voz enrouquecida, E não do canto, mas de ver que venho Cantar a gente surda e endurecida. O favor com que mais se acende o engenho Não no dá a pátria, não, que está metida No gosto da cobiça e na rudeza Düa austera, apagada e vil tristeza. 1. A propósito do Texto I: a) Destaque da 1ª estrofe um verso que exemplifique a visão antropocêntrica da época. b) De que forma Camões justifica, na 2ª estrofe, o imperialismo português no Oriente?
2. Na 3ª estrofe do texto I, Camões compara as ações dos navegantes portugueses aos feitos de heróis como Alexandre e Trajano. Além disso, com a expressão “Musa antiga”, remete às antigas epopeias que tomava por modelo. a) Quais são essas epopeias? b) A que se refere a expressão “valor mais alto”, que, segundo o texto, chega a superar os feitos de grandes heróis do ado? c) Que relação há entre os dois versos finais e o nacionalismo existente na época em Portugal? 3. Compare o tom com que o poeta se refere às navegações no texto I e o tom com que se expressa no texto III. a) Em que diferem? b) Que motivos apresentados no texto III explicam a mudança verificada? 4. Os textos II e III pertencem a cantos diferentes. Apesar disso, apresentam semelhança quanto a ideias. Em que consiste esa semelhança? 5. (ENEM) LXXVIII (Camões, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido. (CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008)
(SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese)
A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos: a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema. b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema. d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema. 6. (UFMG) "Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão vário na capacidade; em forma o movimento, tão preciso e irável; na ação é como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais." (SHAKESPEARE, William. HAMLET.) O valor renascentista expresso nesse texto é a) o antropomorfismo. b) o hedonismo. c) o humanismo. d) o individualismo. e) o racionalismo.