A insegurança é um dos grandes males da nossa sociedade nos tempos de hoje: basta só com olhar as pessoas e ver a desconfiança que tem do próximo, a incerteza do amanhã, o temor de uma desgraça a ele o a um conhecido, até o problema do meio ambiente faz dele uma pessoa que teme do futuro. Em quem podemos confiar? Davi foi na sua mocidade um pastor de ovelhas, e muitas vezes livrou as ovelhas dos leões e ursos (de fato ele veia a providência divina nisso, e comunicou-lhe a Saul isso quando foi a defender Israel de Golias). Conhecedor do ofício, sabia as responsabilidades que tem para cuidar de cada um dos membros do seu rebanho. No Livro de Salmos vemos que ele chama a Deus de “Rocha, castelo forte, Libertador”, mas neste Salmo (que não sabemos quando foi escrito), Davi usa a imagem do pastor para nos ensinar sobre o Cuidado e proteção de Deus no meio das dificuldades. Psa 23:1-6 O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. (2) Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranquilas. (3) Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. (4) Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. (5) Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda. (6) Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias. O Senhor é o meu pastor; Senhor (yahweh): o nome Yahweh foi dado a conhecer a Moisés, porém os patriarcas já usavam o nome. Com Moisés, o nome adquire um caráter redentor. A palavra, impronunciável para o judeu piedoso, é chamada na Escritura como “o nome glorioso e terrível” (Dt 28.58), dando a entender a sua transcendência. Mas também denota a proximidade de Deus, seu cuidado com o homem e a revelação redentora, mostrando sua imanência (Gênesis 2.4-25). Esse Deus Glorioso, poderoso, mas presente e próximo, é chamado de “o meu pastor”. E é claro que um Deus pessoal pode ser chamado de “meu”, assim como Jesus chamou a Deus de “Pai”, e falou que nossas petições sejam feitas ao “Pai nosso que estás nos céus”. Deus como Pastor: Não é de esperar uma relação mais cercana que um Pastor e sua ovelha, ele vive para seu rebanho: cuida, alimenta, medica, e ele conhece tanto as ovelhas quanto elas conhecem a voz dele, há um senso de pertencer um ao outro. A consequência do cuidado amoroso e protetor de do Deus Yahweh como pastor, é que “Nada me faltará”. Nossas necessidades são supridas por Ele. Vemos esse cuidado e proteção quando temos: 1. Repouso, Descanso: “(2) Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranquilas” A palavra traduzida por “pastos”, no hebraico também traz a ideia do local onde o pastor acompanha as ovelhas, onde as faz repousar, e onde podem se alimentar. Em geral, isso se dava no alto dos montes ou nas estepes. Assim, o pasto verdejante traz a ideia de repouso e provisão. A guia do pastor está na procura de lugares onde a ovelha possa deitar-se, e na medida que descansa possa se alimentar bem. A palavra para “tranquilas” tem como raiz a mesma palavra usada para chamar Noé, e traz justamente a ideia de repouso, descanso. Corresponde tanto o local quanto o estado de segurança. As duas ações são feitas pelo Pastor, el me faz deitar, e me guia. Mostra o cuidado amoroso de Deus
por nós. 2. Restauração: (3) “Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.” A palavra “refrigera” no hebraico tem um sentido de voltar-se, retornar, e no contexto bíblico, tem o sentido de arrependimento, ou volta à aliança. Implica desviar-se do mal e voltar-se para o bem. O pastor restaura a ovelha maltratada, assim como Deus restaura nossa vida por meio do arrependimento. Esta restauração nos leva a ser guiados pelo Pastor pelas “veredas da justiça”: os caminhos retos, onde não se desvia ninguém que é guiado por Deus. E, como somos restaurados por Deus e guiados, é claro porque o texto disse que é “por amor do seu nome”: não pelos nossos merecimentos. Mas pelo seu amor. 3. Confiança; “(4) Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum,” A palavra para “vale da sombra da morte” é uma só no hebraico, e é a palavra mais forte para trevas. Isto é um contraste com os caminhos de justiça. Nas terras montanhosas de Judá contêm muitos vales escuros onde animais selvagens ficam de espreita. A confiança não está nas nossas próprias forças. Esta na certeza da presença de Deus conosco. 4. Presença de Deus: “porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” A presença de Deus no seu povo é garantia de vitória ainda nas trevas mais densas. O direcionamento de Deus é feito pela vara e o cajado. A vara força aos inimigos, tipo leão e lobos, a saírem em retirada. O cajado é usado para direcionar a ovelha no meio dos obstáculos e até para retirá-la dalgum buraco ou despenhadeiro em que caiu. Garantem segurança e acalmam temores. 5. Provisão: “(5) Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos;” Não somente se anda pelo vale da sombra da morte, Deus prepara uma mesa para nós na presença dos nossos inimigos. Na escuridão mais densa Deus não deixa de suprir. Ainda estejamos rodeados dos nossos inimigos, Deus quer nos dar sua provisão. E não se conforma com isso. O pastor, no seu cuidado, e como nada nos faltará, nos dá. 6. Gozo: “unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.” Ungir, neste caso, tem a ver com gordura, ou seja, em sentido metafórico, com riqueza e prosperidade, é a benção de Deus no meio dos inimigos. Também da a imagem de honra que recebia um convidado especial no oriente na refeição. É claro que o texto não fala em momento algum de bens materiais, na verdade a ovelha está no meio de um banquete na presença dos seus inimigos no vale da sombra da morte. Por isso, apesar do lugar, Deus dá das suas bençãos sobre seus filhos. Psa 104:15 o vinho que alegra o seu coração, o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que lhe fortalece o coração. O fato de comer e beber na mesa com alguém criava um vínculo de lealdade mútua, podendo ser o sinal culminante de uma aliança. É conviver com Ele. 7. Comunhão: “(6) Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.” Bondade e misericórdia: a bondade supre as nossas necessidades, e a misericórdia apaga as nossas transgressões e falhas. Me seguirão: ideia de nos perseguir, ir trás de nós.
Estas qualidades, além de serem sólidas e dignas de confiança, são vigorosas Todos os dias da minha vida: não será por um tempo, pelo resto das nossas vidas. Não há nada que me separe delas. Habitarei na casa do Senhor por longos dias: ou para sempre Semelhante foram as palavras do nosso Senhor, quando se referiu a si mesmo como o “bom Pastor” Joh 10:9-18 Eu sou a porta; se alguém entrar a casa; o filho fica entrará e sairá, e achará pastagens. (10) O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. (11) Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. (12) Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. (13) Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas. (14) Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, (15) assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. (16) Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor. (17) Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. (18) Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.