Teoria do Yin-Yang Yin e Yang consistem na explicação da composição do Qi, energia fundamental para o funcionamento ideal do organismo. Ambos são considerados como forças opostas que compõem o Qi, sendo que o seu equilíbrio dinâmico é fundamental para o ótimo desempenho vital, emocional e estrutural. Apesar da oposição das forças, yin e yang se complementam, não existindo uma sem a outra, justificando todos os estágios do universo como resultado de diferentes graus de manifestações num movimento cíclico e relativo. Sob o aspecto físico, as energias yin e yang são diferentemente representadas. Na medicina chinesa, atribui-se ao yin tudo que é material, condensado, o órgão como estrutura, a terra como elemento. Já o yang é visto como uma energia mais rarefeita, imaterial, intocável, sendo o céu o seu elemento. Por ser dependente um do outro, e pela determinação da existência de uma força baseada na sua oposta, há relações mútuas entre elas que são divididas em quatro aspectos, de fundamental importância para a investigação diagnóstica:
Oposição: yin-yang são estágios opostos de um ciclo, porém complementares. Interdependência: embora sejam opostos, são interdependentes, pois um não pode existir sem o outro. Inter-consumo: quando uma das forças está em desequilíbrio, modificando sua proporção. Inter-transformação: yin e yang transformam-se mutuamente. Essa mudança acontece somente em determinados estágios do desenvolvimento. O Qi, quando presente em conformidade, promove saúde, baseando-se no equilíbrio dinâmico do yin-yang, sendo que esse desequilíbrio se apresenta como doença, tendo diferentes origens. Para saber qual tratamento ideal a ser utilizado, deve-se observar qual energia está mais acentuada, motivando o desequilíbrio saudável.
Nesse gráfico, nota-se o equilíbrio dinâmico entre as energias yin-yang, sendo a parte escura o yin e a clara, yang.
De acordo com os gráficos de excesso e deficiência do yin-yang, é notório a ascensão de uma energia em relação a outra, sendo característico de desarmonia, que conseqüentemente pode vir a manifestar-se de maneira patologia. Nesse sentido, quando o yin ultraa a linha de normalidade do gráfico, consome o yang, sendo assim denominado como frio cheio ou verdadeiro. Quando a situação é invertida, considera-se calor cheio ou verdadeiro. Nos casos onde o yin ou yang se apresenta diminuído em relação a seu oposto e o mesmo se encontre abaixo da linha de normalidade, considera-se frio ou calor vazio. A boa interpretação desses gráficos de acordo com a sintomatologia do paciente contribui para a eficácia do diagnóstico e tratamento de acordo com o padrão apresentado. Nessa linha de raciocínio, a medicina chinesa atribui à clínica
características pertinentes de energias yin e yang para que o profissional possa ter idéia de como identificar no paciente tais desarmonias energéticas. Abaixo, segue tabelas nas quais classificam as energias yin-yang de acordo com as estruturas corpóreas e manifestações clínicas.
ESTRUTURAS CORPÓREAS YANG
YIN
Superior
Inferior
Póstero-lateral
Antero-lateral
Costas
Frente
Funções dos órgãos
Estrutura dos órgãos
APLICAÇÕES CLÍNICAS YANG
YIN
Fogo
Água
Quente
Frio
Agitação
Imobilidade
Seco
Úmido
Rapidez
Lentidão
Duro
Macio
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS YANG
YIN
Agudo
Crônico
Insônia
Sonolência
Urina escura e escassa
Urina abundante e clara
Constipação
Intestino solto
Língua vermelha, com saburra amarelada
Língua pálida, com saburra branca
Calor
Frio
Fala muito e alto
Fala pouco e baixo
Cinco Elementos A teoria dos cinco elementos é uma forma integrativa que a medicina chinesa atribui a elementos da natureza como resultado de ciclos energéticos formadores da vida. Esses elementos são o fogo, terra, metal, água e madeira, que possuem relações constantes, sendo a origem um do outro e condicionados. Pela relação entre os elementos, eles se produzem e se controlam basicamente em dois ciclos fisiológicos constantes: Ciclo de Geração e Ciclo de Controle.
De acordo com o gráfico, o ciclo da geração fisiológico consiste na geração de um elemento a partir do outro, sendo que a madeira produz o fogo, que produz a terra, que produz o metal, produzindo a água e produz a madeira, fechando um ciclo ininterrupto sucessivo de geração. “Mãe nutre o filho e o filho não retira muito da mãe.” O ciclo de controle fisiológico, os elementos se governam e se restringem, sendo que a madeira domina a terra, que domina a água, que domina o fogo, que domina o metal, que domina a madeira, fechando o ciclo. “O controlador controla o controlado e o mesmo não se rebela.” Dentre esses dois ciclos fisiológicos normais, quando há a ruptura, a medicina chinesa analisa como um desenvolvimento patológico, sendo classificado como de ciclo de super dominância e ciclo de contra dominância.
Baseado na figura, a seta pontilhada caracteriza o ciclo de contra dominância, onde “o controlado rebela-se contra o controlador”, levando a lesão pela quebra do fluxo normal do ciclo. Além desse desenvolvimento patológico, outro pode ser notado, a super dominância, que surge quando há uma dominância em demasia sobre o elemento dominado. Outras apresentações patológicas baseadas na teoria dos cinco elementos podem originar por deficiência de um sistema como de todos. Quando há uma quebra no ciclo de geração, atribui-se a formação de um processo patológico, onde “mãe não nutre o filho” Em cima disso, outro fator condiciona ao processo patológico, “filho retira muito da mãe”. Na teoria dos cinco elementos, a medicina chinesa atribui a cada elemento sua relação com os órgãos do nosso corpo, baseando-se em sua estrutura e função energética. O elemento madeira tem como órgãos atribuídos o fígado e a vesícula biliar. O fogo, coração, intestino delgado, circulação-sexo e triplo aquecedor. O elemento terra é o baço/pâncreas e estômago. O metal é pulmão e intestino grosso. O elemento água abrange os rins e a bexiga. Baseado nessa teoria, assim como na teoria do yin-yang, é notório pensar que a acupuntura vinculada à medicina chinesa não trata um processo patológico isolado, mas todo o conjunto. Abaixo, uma síntese das características de cada elemento.
MADEIRA
FOGO
TERRA
METAL
ÁGUA
Estações
Primavera
Verão
Transição
Outono
Inverno
Direções
Leste
Norte
Centro
Oeste
Sul
Cores
Verde
Vermelho
Amarelo
Branco
Preto
Sabores
Ácido
Amargo
Doce
Pungente
Salgado
Clima
Vento
Calor
Úmido
Seco
Frio
Yin-Yang
Yang no yin
Yang máximo
Neutro
Yin no yang
Yin máximo
Zang
Fígado
Coração
Baço
Pulmão
Rim
Fu
V. Biliar
I. Delgado
Estômago
I. Grosso
Bexiga
Sentido
Olhos
Língua
Boca
Nariz
Ouvido
Tecido
Tendões
Vasos
Músculos
Pele
Ossos
Emoções
Raiva
Euforia
Preocupação
Tristeza
Medo
Sons
Grito
Riso
Canto
Choro
Gemido
Substâncias Vitais Qi, Essência, Sangue, Fluidos Corpóreos e Mente Na Medicina Chinesa, as substâncias vitais são o resultado das interações entre corpo e mente, sendo eles visto como uma cadeia energética manifestada de diversas maneiras resultando na formação do organismo. Logo, essas substâncias são denominadas de Qi, Essência (Jing), Sangue (Xue), Fluidos Corpóreos (Jin Ye) e Mente (Shen). Qi é o termo utilizado para designar a energia, processo que se manifesta simultaneamente sobre os níveis físico e espiritual, e que consiste em um estado constante de fluxos variáveis de agregação. Quando o Qi se condensa, a energia se transforma e se acumula em forma física, e quando se dispersa, origina as mais sutis formas de matéria. Apesar de ser único, o Qi se apresenta de diversas maneiras em nosso organismo, sendo ele a energia refinada produzida pelos órgãos internos, assumindo diferentes formas em diferentes lugares. A Essência consiste numa forma de energia mais preciosa, na qual precisa ser guardada e cuidada. No geral, se divide em três tipos: Essência Pré-Celestial, PósCelestial e Essência do Rim. A Essência Pré-Celestial consiste na combinação das energias sexuais do homem e da mulher no ato da fecundação. Essa essência nutre o embrião e o feto durante a gravidez, e é dependente da nutrição derivada do rim da mãe. A essência pré-celestial é o que determina a constituição básica de cada pessoa, força e vitalidade, sendo responsável por fazer cada indivíduo ser único. Ela é herdada dos pais em quantidade e qualidade, sendo imutável ao longo da vida. A Essência Pós-Celestial é a essência extraída dos alimentos e dos fluidos do estômago e baço, após o nascimento, pois ao nascer o indivíduo se alimenta e seus pulmões funcionam captando o ar do ambiente. Logo, o estômago e baço são responsáveis pela digestão dos alimentos e transporte das energias refinadas extraídas do mesmo para os pulmões, a fim de transformar a energia dos alimentos em Qi torácico e sangue. Já a Essência do Rim é mais um tipo de substância vital que desempenha um papel importante na fisiologia humana. Deriva das essências pré e pós-celestial e é abastecida pela pós-celestial. A essência é de fundamental importância para a constituição individual, por ser a trilha de construção da vida de cada pessoa, isso pelo fato de atuar no crescimento, reprodução, desenvolvimento e envelhecimento. Durante a infância, a essência determina o crescimento dos pêlos, ossos, desenvolvimento cerebral, dentes e maturidade sexual, que na puberdade controla a função reprodutiva e a fertilidade. O processo de envelhecimento se caracteriza pela perda gradual e natural da essência, que no homem possui ciclos de 8 anos e nas mulheres de 7 anos, justificando a precocidade feminina em termos de intelecto e físico. Além do controle das etapas da vida, a essência se apresenta como base do Qi do rim, pelo fato do rim ser a base de todo yin e yang dos sistemas zang fu e armazenar a essência em forma de Qi para o bom funcionamento fisiológico do organismo. Por meio do rim, a essência produz a medula, uma substância matriz para a composição da medula óssea, espinal e do cérebro. Na debilidade da essência, o indivíduo pode ficar propenso a ter crescimento tardio, desenvolvimento debilitado, infertilidade, impotência, aborto espontâneo, retardo
mental em crianças, deterioração óssea em adultos, perda de dentes, queda ou aparência grisalha prematura dos cabelos, debilidade nos joelhos, emissões noturnas, zumbido, surdez, concentração prejudicada, memória debilitada, estar constantemente propenso a resfriados, gripe, ou outras doenças externas, rinites crônica e alérgica. Em meio as várias de formas de Qi no organismo, as mesmas podem ser classificadas como Qi Original (Yuan Qi), Qi Alimentar (Gu Qi), Qi Torácico (Zong Qi), Qi Verdadeiro (Zhen Qi), Qi Nutritivo (Ying Qi), Qi Defensivo (Wei Qi), Qi Central (Zhong Qi) e Qi Correto (Zheng Qi). O Qi Original consiste na manifestação da essência em forma de Qi, caracterizado como força motriz para todos os órgãos desempenhar suas funções harmonicamente, além de ser a base do Qi do rim atuando no fornecimento de calor para o desempenho ideal das funções metabólicas, ser um facilitador para transformação do Qi como catalisador para originar o Qi Verdadeiro através do Qi Torácico e na produção do sangue no coração. O Qi Alimentar é a essência extraída dos alimentos para produção energética póscelestial. Após a ingestão de alimentos e líquidos, o estômago atua na degradação e maturação desses alimentos, nos quais são extraídos seu Qi pela ação do baço e assim produzido o Qi alimentar. Através de uma das funções do baço, a essência alimentar ascende em direção aos pulmões que combinado com o ar contido neles e auxiliado pelo Qi do rim e Qi Original forma-se o Qi Torácico que, posteriormente originará o sangue no coração. O Qi Torácico, outrora formado graças ao Qi Alimentar combinado com o ar, nutre os pulmões e o coração presentes no aquecedor superior, aumentando e promovendo a função do pulmão de controlar o Qi e a respiração, além da função do coração de governar o sangue e os vasos sanguíneos. Por potencializar as funções do pulmão e coração, o Qi Torácico fornece suprimento sanguíneo adequado nos membros superiores mantendo-os aquecidos em suas extremidades e controlando a potência da fala e a força da voz, mantendo uma relação mútua com o Qi Original (Rim) em descendência para auxiliar o rim, e o Qi Original em ascendência para auxiliar a respiração. O Qi Verdadeiro é o último estágio de transformação do Qi, onde se origina da transformação do Qi Torácico com a ação catalítica do Qi Original, no qual se divide em Qi Nutritivo e Qi Defensivo. O Qi Nutritivo está ligado ao sangue e circula mais profundamente no organismo, atingindo órgãos internos por meio dos canais e vasos sanguíneos nutrindo-os. Já o Qi Defensivo, sob controle do pulmão, circula no corpo de forma mais superficial, entre a pele e os músculos, com a principal função de proteção do organismo contra fatores patogênicos externos, aquecendo, hidratando a pele e os músculos, controlando a abertura e o fechamento dos poros e, conseqüentemente controlando a sudorese, e regulando a temperatura corpórea. Por característica, o Qi Defensivo circula por volta de 50 vezes durante o dia, sendo que metade desses ciclos são durante o dia e a outra metade durante a noite. O Qi Central consiste no verdadeiro Qi do estômago e baço, cuja função é de manter suas direções corretas para a eficiência da extração da essência alimentar e ascensão do Gu Qi para os pulmões e coração. O Qi Correto é a soma da eficácia de todos os Qi para a manutenção do organismo e a garantia da vitalidade para assegurar que o organismo não seja invadido por fatores patogênicos externos e não adoeça.
O Qi se apresenta de diferentes formas em cada local do corpo, como apresentado, mas no geral, sua função consiste em transformar, transportar, manter, subir, proteger e aquecer. A transformação se dá em partes pura e impura para que posteriormente possa ser transportado para cima, para baixo, para fora ou dentro, caracterizando assim o mecanismo do Qi. A manutenção consiste em manter o Qi e o sangue dentro dos vasos sanguíneos, assim como os órgãos em seus respectivos locais graças a propriedade do baço de ascensão e manutenção. A proteção se dá contra os fatores patogênicos externos e o aquecimento é por conta da função dos órgãos para eficácia de seu funcionamento. Em relação a suas doenças, pode-se apresentar de quatro maneiras: por deficiência, afundamento, estagnação e rebelião do Qi. Quando há Qi Deficiente pode ser ocasionado, na maioria das vezes, por uma dieta irregular ou excesso de trabalho, onde o estômago, baço, rim ou pulmão são os principais atingidos por participarem diretamente na produção do Qi. Quando o Qi está afundado, se caracteriza por um longo período de deficiência do Qi, que acomete principalmente o baço e o rim, justificando prolapsos em algumas pessoas. Já quando o Qi estagna se atribui na maioria dos casos ao fígado, pela falha em uma de suas funções primordiais, o livre fluxo do Qi, enquanto a rebelião do Qi consiste na direção errada do Qi no seu fluir, acometendo principalmente estômago e baço, sistemas propensos a isso. Em relação ao estômago, podem ocorrer náuseas, vômito, eructações, e relacionado ao baço, pode provocar diarréia. Outra substância vital fundamental para o funcionamento da vida é o sangue. Sob a ótica da Medicina Chinesa, o sangue é uma forma de Qi mais condensada, material, mais yin em relação ao Qi propriamente dito. Sua origem é principalmente por meio do estômago e baço na produção do Qi alimentar que ascende em direção aos pulmões e por ação catalítica do Qi original e combinado com o ar forma-se o Qi torácico. O Qi do pulmão então transporta o Qi alimentar em direção ao coração que auxiliado pelo Qi torácico, medula e o Qi original, produz o sangue. Sua função no organismo consiste principalmente em nutrir o organismo, complementando a ação do Qi, circulando por todo o corpo dentro dos vasos sanguíneos juntamente com o Qi nutritivo. Com sua ação nutricional, o sangue se relaciona com os órgãos internos de maneira fundamental para o bom desempenho dos mesmos. O coração governa o sangue e os vasos sanguíneos, responsáveis por sua circulação e sua fabricação. O baço se relaciona ao sangue por ser a sua origem na produção do Qi alimentar e por desempenhar a função de manutenção do mesmo no interior dos vasos sanguíneos para que não extravase. O fígado armazena o sangue, controlando seu volume de acordo com as atividades físicas diárias nutrindo os tendões e dando e de sangue aos músculos. No repouso, o sangue retorna para o fígado e desempenha a função de umedecer os olhos e hidratar os tendões, garantindo uma boa visão e flexibilidade das articulações, além de regular o ciclo menstrual com o suprimento sanguíneo saudável e regular. Já o pulmão se liga ao sangue auxiliando no envio do Qi alimentar, produzido pelo baço, para o coração a fim de produzi-lo, e controlando os canais e vasos sanguíneos infundindo Qi para auxiliar a ação impulsora do coração. O rim se relaciona ao sangue na sua produção, sendo ele o fornecedor do Qi original para a produção sanguínea na transformação do Qi alimentar, além da própria essência poder ser transformada em sangue. Outra relação fundamental para o bom funcionamento do organismo é a do sangue com o Qi, apesar de serem inseparáveis. Essa relação se apresenta sob quatro aspectos: o Qi gera, move, mantém e é a mãe do sangue.
O Qi gera por conta do Qi alimentar ser a base do sangue, assim como o Qi do pulmão ser de fundamental importância na produção do mesmo pelo coração. O Qi move o sangue por ser sua força motriz, onde o pulmão infunde Qi nos vasos sanguíneos auxiliando o coração no seu papel de promover a boa circulação, além do seu desempenho nutricional juntamente com o Qi nutritivo. O Qi mantém o sangue graças ao Qi do baço, de manter o sangue dentro dos vasos sanguíneos evitando possíveis hemorragias, além do Qi do rim realizar também essa função, mas dentro dos vasos do útero. Logo o sangue depende das ações controladora, impulsionadora e geradora do Qi, mas o Qi depende da função nutritiva do sangue. Isso por que o sangue nutre o Qi e é a base material para a circulação do Qi no corpo, não deixando com que o Qi flutue e saia do organismo, caracterizando esse processo como o de mãe do Qi. Pela relação do Qi e sangue, sendo o Qi comandante do sangue e o mesmo ser mãe do Qi, essa relação se não ocorrer de maneira harmônica, pode desenvolver doenças do sangue, tais como deficiência, calor e estase. A deficiência se caracteriza pela fabricação insuficiente de sangue, ocorrendo em sua grande maioria, por deficiência do Qi do baço e do estômago, podendo ter as participações do fígado e rim. Sua manifestação ocorre mais visivelmente na mulher, promovendo ciclos menstruais dolorosos e diferenciação na quantidade de sangue menstrual. O calor esquenta o sangue, e comumente tal fator ocorre decorrente do calor ou fogo do fígado que se transmite durante o armazenamento do sangue no órgão. Além do calor, o fígado na maioria dos casos também promove a estase de sangue por meio do calor ou frio no sangue. Outra substância vital muito importante também no funcionamento do organismo são os fluidos corpóreos, que são originados dos alimentos e líquidos ingeridos, sendo separados inicialmente pela ação do Qi do baço em porções pura e impura. A porção pura separada pelo baço ascende para os pulmões, onde parte dessa porção é dispersada para a pele e outra parte descende para os rins, que retornará em forma de névoa para os pulmões umidificando-os. Já a porção impura oriunda do baço descende para o intestino delgado, onde sofrerá o segundo processo de separação em puro e impuro. A parte pura desse segundo processo é enviada para a bexiga, e a impura para o intestino grosso, onde ocorrerá uma reabsorção de água e posteriormente será expelida em forma de fezes. Na bexiga ocorrerá o terceiro processo de separação do puro e impuro, agora auxiliado pelo yang do rim, sendo essa separação denominada transformação do Qi. A porção pura dessa separação ascende através do triplo aquecedor até o aquecedor superior para assim ser disceminado para pele e músculos. Já a porção impura é eliminada do organismo por meio da micção. Diante de toda essa fisiologia dos líquidos orgânicos, os mesmos possuem relações diretas com os órgãos internos e sua origem. O baço transporta e transforma os líquidos, o pulmão os difunde para o corpo; o rim transforma, separa e excreta, atuando ainda com o baço fornecendo calor necessário para o desempenho de sua função, auxilia o intestino delgado na sua função de separação, fornece o Qi para a bexiga realizar o processo de transformação do Qi e ainda auxilia a transformação dos líquidos no triplo aquecedor e em sua excreção; a bexiga excreta o impuro; o triplo aquecedor transforma, transporta e excreta os fluidos; e o estômago origina os fluidos corpóreos. As funções dos fluidos corpóreos consiste basicamente em nutrir e umedecer parcialmente a pele e os músculos, além das articulações, cérebro, medula e a
espinha. Também se tornam componentes do sangue, em sua porção mais fluida, a fim de evitar que o sangue se estagne, tornando-o menos espesso. Os líquidos são expelidos do organismo através do suor e lágrimas, e se manifestam como saliva e muco. Como possui sua devida importância no organismo, os líquidos corpóreos também podem promover o acometimento de doenças, sendo eles a deficiência dos fluidos corpóreos (secura) e o acúmulo dos fluidos corpóreos, que pode gerar edema, umidade ou fleuma. A mente também é uma substância vital importante para o funcionamento harmônico do organismo, pois está relacionado ao psicológico da pessoa e que pode interferir diretamente na desarmonia fisiológica dos sistemas, sendo ela a mais sutil e imaterial forma de Qi. Sua base e origem é fundamenta na essência pré-celestial oriunda dos pais e nutrida no decorrer da vida pela essência pós-celestial. O órgão responsável por abrigar a mente é o coração que, quando afundado pelo mal estado da mente, pode prejudicar o Qi e a essência, depauperando-as e conseqüentemente prejudicando as funções do baço, estômago e rim, órgãos que abrigam o Qi e a essência. Como funções, a mente é responsável pela diversidade de atividades mentais, mesmo elas sendo características de outros órgãos, justificando assim o poder da mente nas patologias. Tais atividades mentais são: consciência, pensamento, memória, perspicácia, cognição, sono, inteligência, sabedoria, idéias, afetos, sentimentos e sentidos.
Sistemas Zang Coração, Fígado, Pulmão, Estômago/Baço e Rim CORAÇÃO O coração é considerado o mais importante de todos os órgãos internos, descrito algumas vezes como “soberano”, “imperador” ou “monarca” por governar e ser a residência da mente. As principais funções do coração são de abrigar a mente, governar o sangue e os vasos sanguíneos. Outras atribuições a esse sistema é o de manifestar-se na compleição, relacionar-se a euforia, abrir-se na língua e de controlar a sudorese. Assim como na medicina ocidental, sob a ótica da medicina chinesa, o coração também é responsável pela circulação sanguínea, mas com as contribuições de outros sistemas como o pulmão, baço e o fígado. Sua função de governar o sangue se atribui por conta do mesmo produzi-lo graças a ação do estômago e baço na extração da essência alimentar e do pulmão impulsionando essa essência em sua direção, além de controlar a circulação, participar indiretamente na menstruação e por seu sangue abrigar a mente. O controle dos vasos sanguíneos ocorre por conta do mesmo governar o sangue e naturalmente sua energia se reflete no estado dos vasos, sendo que eles são a representação energética relacionada ao órgão. Quando mencionado que o coração manifesta-se na compleição significa que a face denota uma pista empírica do estado em que se encontra esse sistema, pois todos os zang se manifestam na compleição. Ela estando pálida opaca, deduz-se uma deficiência de sangue do coração; branca
luminosa leva a pensar em deficiência do yang; púrpura ou escurecida, se pensa em estase de sangue no coração; vermelho, denota-se calor. Uma das condições de proporcionar que o coração seja considerado o “monarca” é a propriedade de abrigar a mente, o que não exclui os demais órgãos de possuírem relações psicológicas. Essa propriedade atribuída ao coração foi dada por conta de todos os distúrbios emocionais, mesmo aqueles característicos a outros órgãos, afetam o coração indiretamente por ser responsável pela consciência e cognição. Apesar de todos os excessos emocionais afetarem o coração, a emoção que o depaupera diretamente é a euforia, o estado de alegria excessiva que afeta o mental. A alegria propriamente dita torna a mente tranqüila, relaxada, beneficia o Qi nutritivo e o defensivo, fazendo o Qi relaxar e fluir lentamente, o que é bom. Seu excesso que é prejudicial. A euforia estimula excessivamente a mente, e de forma abrupta, repentina, faz com que o coração e os vasos sanguíneos dilatem provocando um pulso lento e com excesso de fluxo, tornando-o vazio. A sintomatologia para esse desequilíbrio são palpitações, excitabilidade excessiva, insônia, inquietude, fala em demasia e ponta de língua vermelha. A sudorese excessiva também pode estar associada a tensão emocional, quando ligada ao coração, por conta de ser uma de suas funções o controle da sudorese. Essa atribuição está ligada ao fato do coração governar o sangue, onde juntamente com os fluidos corpóreos possuem origem comum, e quando se encontra espesso, esses fluidos penetram os vasos fluidificando o sangue e se transformando no mesmo. Como o nosso corpo, sob a visão médica chinesa, é um complexo harmônico energético, quando algum sistema entra em desarmonia por fatores patológicos quaisquer, tende a um desequilíbrio que pode afetar todo o organismo. Logo, essas desarmonias podem ser originadas por padrões de deficiência, excesso ou até os dois. Os padrões de deficiência do coração são divididos em deficiência do Qi, deficiência do yang, colapso do yang, deficiência de sangue e deficiência do yin. Já os padrões de excesso são classificados como agitação do fogo do coração, fleuma-fogo, fleuma anuviando a mente, estagnação do Qi e vaso do coração obstruído. No acometimento de padrões mistos ocorre com estase do sangue do coração. Deficiência do Qi do Coração Problemas emocionais como a tristeza ou pesar podem depauperar o coração, assim como a perda de sangue. Isso porque o coração governa o sangue e o mesmo é a mãe do Qi, e quando há alguma hemorragia crônica conseqüentemente acarretará em perda sanguínea e debilidade do Qi do coração. Outro fator que pode levar à tona esse padrão é a deficiência do Qi do rim, assim como da vesícula biliar. As manifestações clínicas para tal padrão são principalmente palpitações, cansaço e pulso vazio. Além desses sintomas, outros podem acompanhar como encurtamento da respiração em esforço físico, face pálida, transpiração espontânea, depressão moderada e língua pálida. Deficiência do Yang do Coração A deficiência crônica do yang do rim pode ser a origem desse padrão do coração, assim como a deficiência do yang do estômago e/ou baço, que pode ser uma causa mais freqüente do desenvolvimento desse padrão. A deficiência do yang do coração está ligada diretamente à deficiência do seu Qi, sendo pouco provável desenvolve-la sem a depauperação do seu Qi. Como conseqüência potencial a esse padrão é o surgimento de outro, a estase de sangue, atuando assim como um efeito dominó.
Logo, tal padrão apresenta-se com palpitações, encurtamento da respiração em esforço físico, cansaço, transpiração espontânea, ligeira sensação de plenitude ou desconforto na região do coração, sensação de frio, mãos frias, face pálida e brilhante, lábios ligeiramente escuros, língua pálida e pulso profundo-fraco. Colapso do Yang do Coração Ocorre por meio de uma deficiência crônica grave severa do yang do rim que origina da própria deficiência do yang do coração, sendo esse padrão um caso extremo de deficiência do yang. Atividade sexual em excesso, trabalho em demasia e doenças crônicas são fatores que depauperam o rim e de forma indireta afeta o coração. Por se tratar de um padrão extremo originado de outro, o colapso do yang do coração apresenta os mesmos sintomas da deficiência do yang, acrescentado de sinais chave para tal desarmonia, como lábios cianóticos por conta da falha do yang Qi que gera estase de sangue, língua curta sem forças para ser estendida para fora da boca e pulso profundo. Como condição muito grave, intensa e aguda, o acometimento desse padrão corresponde a enfarte cardíaco sob o olhar da medicina ocidental que, quando não condiciona a morte pode acarretar uma estase grave do sangue. Deficiência do Sangue do Coração A deficiência de sangue do fígado condiciona comumente ao acometimento desse padrão no coração por conta do fígado ser a mãe do coração na teoria dos cinco elementos. Logo, quaisquer anormalidades do fígado tende a afetar o coração, além da íntima relação de ambos com o sangue; o coração na produção e o fígado no seu armazenamento. Fatores como dieta falha, tensão emocional e a própria hemorragia condiciona ao acometimento de deficiência do sangue do coração. Uma alimentação pobre em nutrientes produtores de sangue cronicamente acomete o Qi do baço que conseqüentemente não consegue originar uma essência alimentar adequada para produção sanguínea, gerando a manifestação de tal padrão. Emoções como um todo afetam o coração, e quando são manifestadas a longo prazo o debilita. Tristeza, pesar, ansiedade e preocupações perturbam a mente, principalmente de forma crônica. A própria hemorragia, apresentada de forma grave, condiciona o surgimento desse padrão por conta do coração governar o sangue. Os principais sintomas são palpitação, insônia, memória fraca e língua pálida, podendo ser acompanhados de tontura, sono perturbado por sonhos, ansiedade, tendência a se assustar facilmente, compleição pálida e opaca caracterizam esse padrão. O notório é que grande parte desses sinais estão ligados ao mental, isso pelo fato do coração governar o sangue e abrigar a mente. Deficiência do Yin do Coração A deficiência do yin do rim pode gerar o acometimento de tal padrão no coração, sendo quase sempre a causa. Isso porque fisiologicamente o yin do rim resfria o calor natural do coração ascendendo líquidos orgânicos, e nessa falha há o acometimento de calor em excesso que seca os líquidos, depauperando o yin do coração. Fatores emocionais como ansiedade persistente, preocupação e medo, acompanhado de excesso de trabalho, também podem danificar o yin do coração, até por conta de tais atos mentais provocar deficiência do sangue do coração, sendo ele naturalmente yin. O calor externo também é outro fator que pode condicionar a deficiência do yin, por conta do calor exterior consumir os fluidos corpóreos e conseqüentemente acometer o coração por sua aversão.
Os principais sintomas para suspeitar-se desse padrão são palpitações, inquietude mental, transpiração noturna, língua sem revestimento, calor por deficiência, rubor malar, sensação de calor principalmente a noite, calor nas cinco palmas e sensação quente e de aborrecimento. Outros sintomas podem acompanhar tal padrão, como insônia, sono perturbado por sonhos, ansiedade, memória fraca e garganta seca. Agitação do Fogo do Coração O fogo do fígado pode levar ao fogo do coração por conta do relacionamento de ambos sob a ótica dos cinco elementos e pelo fato do mesmo ser gerado por fatores emocionais ligados ao fígado. Manifestações emocionais também estão associadas ao condicionamento do fogo do coração, como ansiedade crônica, preocupação constante e depressão que, por um período prolongado pode gerar estagnação do Qi, que a longos períodos e associado à depressão se transforma em fogo. Além do psíquico, uma dieta excessiva de alimentos quentes pode levar ao acometimento desse padrão. Os sintomas fundamentais a conclusão de diagnóstico são úlceras da língua, sede, palpitações e língua vermelha. Outras manifestações clínicas também podem acompanhar como insônia, sono perturbado por sonhos, propensão a assustar-se, memória debilitada, ansiedade, agitação mental, sudorese noturna, língua sem revestimento e com rachadura profunda na linha média até a ponta, e pulso flutuantevazio. Fleuma-Fogo perturbando o Coração Esse é um padrão de excesso no qual o fogo perturba e a fleuma obstrui o coração, afetando a mente. Por ser caracterizado pela presença de fleuma, esse padrão tem ligações com a deficiência do baço pelo mesmo perder a capacidade de ascender os líquidos aos pulmões. As participações do rim em não fornecer seu yang para o bom desempenho do baço pode contribuir para tal padrão, que gera fleuma pelo acúmulo de líquidos orgânicos e obstrução dos orifícios do coração, afetando o mental. Essa obstrução ocasionada pela fleuma, aliada a agitação mental promovida pelo fogo causa a perda de perspicácia, o que pode levar a um distúrbio maníaco-depressivo. Depressão mental e apatia, resmungar consigo mesmo, risada ou choro descontrolados, comportamento com violenta gritaria, bater ou xingar as pessoas, discurso incoerente, são resultados do acometimento desse padrão no comportamento dessas pessoas. Sintomas como palpitações, sede, aftas na boca e na língua, inquietude mental, sentirse agitado, sensação de calor, insônia, sono perturbado por sonhos, rubor facial, urina escura ou com presença de sangue, gosto amargo, língua vermelha e pulso cheiorápido-transbordante caracterizam tal padrão. Fleuma anuviando a Mente A fleuma obstrui os orifícios do coração ocasionando problemas psíquicos. Esse padrão pode ser observado em crianças, podendo ser a causa de retardos mentais ou em dificuldades da fala, e em adultos depois de um acidente vascular cerebral por conta do vento associar-se a fleuma causando coma, paralisia e afasia. As deficiências do baço, pulmão e rim comumente são as causas do acometimento da fleuma, por serem as raízes desse padrão nos adultos. O baço não consegue transformar e transportar os fluidos aos pulmões por conta da falha do rim em fornecer o yang ao baço para que o mesmo obtenha eficácia em sua função, onde por conseqüência o pulmão não realiza a distribuição dos líquidos ao corpo, gerando fleuma.
Os principais sintomas desse padrão são confusão mental, som crepitante na garganta e língua amarelada com revestimento pegajoso. Outros podem ser associados como inconsciência, estupor letárgico, fala incoerente e inarticulada, afasia, vômito de fleuma, depressão mental e olhos muito embotados. Estagnação do Qi do Coração O acometimento desse padrão pode ter origem no fígado, por conta do mesmo estar estagnado, sendo uma de suas funções o livre fluxo do Qi. A estagnação também pode derivar da deficiência do Qi do coração pelo fato do mesmo não circular corretamente e levar à estagnação. A tensão emocional é a única causa desse padrão, que depois de um certo tempo, se não for tratado, pode gerar calor no coração. A sensação de distensão do tórax, sensação de leve caroço na garganta e os suspiros indicam a estagnação do Qi. As manifestações clínicas se baseiam em palpitação, sensação de distensão ou opressão do tórax, depressão, sensação leve de caroço na garganta, ligeiro encurtamento da respiração, suspiros, falta de apetite, aversão ao se deitar, membros fracos e frios, lábios ligeiramente purpúreos, compleição pálida, língua ligeiramente pálido-púrpura nas laterais na área do tórax e pulso vazio. Vaso do Coração Obstruído Essa é uma condição caracterizada por estase de sangue, fleuma, estagnação de Qi e frio, onde a fleuma obstrui o tórax causando opressão, expectoração de fleuma, sensação de peso, encurtamento da respiração com uma incapacidade para se deitar. As causas para o desenvolvimento desse padrão se relacionam com o psicológico por meio de tensões emocionais como raiva, ansiedade e preocupação que, pode levar a estase de sangue do coração. Outros fatores são o excesso de trabalho físico que depaupera o yang do coração e do rim, o que faz o Qi não se mover causando estase por frio, além do consumo excessivo de alimentos derivados do leite, causando fleuma. A base para esse padrão pode ser a deficiência do Qi do baço e do rim, ocasionando a formação de fleumas que obstrui os orifícios do coração. A sintomatologia para esse padrão são palpitações, encurtamento da respiração com incapacidade para se deitar, depressão, inquietude mental, sensação de aturdimento, sensação de opressão do tórax, dor em punhaladas ou em ferroadas na região cardíaca podendo se irradiar à parte do dorso ou ombro, dor agravada com exposição ao frio e aliviada com calor, expectoração de fleuma, sensação de peso, aversão ao falar, mãos frias, suspiros e lábios, face e unhas arroxeados. Estase de Sangue do Coração Esse padrão não acontece por si só, mas é derivado de outros padrões, principalmente da deficiência do yang ou sangue do coração, caracterizando assim o padrão misto de excesso-deficiência. Alterações emocionais como ansiedade, pesar e preocupação por um longo período podem condicionar ao acometimento deste padrão, pois emoções no geral depauperam o coração pelo mesmo abrigar a mente. Outro padrão que influencia comumente a estase de sangue do coração, é a estagnação do Qi do fígado, isso por conta do mesmo portar da função de promover o livre fluxo suave do Qi que faz mover o sangue e tirar a estagnação de todo o corpo. Os principais sintomas para esse padrão são dor em punhaladas no tórax que pode se irradiar para o aspecto interno do braço esquerdo ou ombro, cianose dos lábios e língua púrpura, podendo ser acompanhado de palpitações, encurtamento da respiração com incapacidade para se deitar, depressão, inquietude mental, sensação de opressão
do tórax, expectoração de fleuma, distensão do epigástrio ou do hipocôndrio, sensação de peso, aversão de falar, mãos frias, suspiros, lábios, face e unhas arroxeadas, língua púrpura nas laterais da área do tórax, aumentada e com revestimento pegajoso, e pulso em corda, áspero ou atado. FÍGADO O fígado é de fundamental importância na medicina chinesa para o funcionamento harmônico do organismo. Graças a ele o Qi permeia e flui suave por todo o corpo, sendo essa a mais importante. Logo, ele é considerado como um general de um exército de quem se origina a estratégia. Suas funções, além de assegurar o livre fluxo do Qi, são de armazenar o sangue, controlar os tendões, manifestar-se nas unhas, abrir-se nos olhos, controlar as lágrimas e abrigar a alma etérea. Pela sua propriedade de armazenar o sangue, o fígado assegura a regulação do volume de sangue de todo o corpo quando exposto a exercícios físicos e descanso, menstruação e o umedecimento de olhos e tendões. O organismo em atividade requer um suprimento sanguíneo maior para músculos e tendões a fim de nutri-los e umedece-los, o que é garantido pelo fígado. Assim, o mesmo quando se encontra em descanso todo o sangue flui de volta para o fígado, caracterizando o processo de autoregulação que garante a adequada nutrição dos músculos e umedecimento dos tendões para a realização de movimentos suaves e elásticos. Na falha dessa função a pessoa tenderá ao cansaço facilmente durante os exercícios rotineiros, por conta de uma deficiência de sangue do fígado. Na fisiologia da menstruação, o papel do fígado de armazenar o sangue ganha ainda mais importância por conta de muitas alterações patológicas serem decorrentes da falha do Qi ou do sangue do fígado. Quando o suprimento de sangue do fígado está normal, a menstruação flui adequadamente e é regular, mas quando o sangue do fígado está deficiente os períodos menstruais são escassos, amenorréia. Havendo estase de sangue do fígado, os períodos menstruais são dolorosos, e quando há calor do sangue, a menstruação se apresenta em abundância. A função do fígado de armazenar o sangue também proporciona a manutenção de uma boa visão, pois o sangue do fígado umedece e dá brilho aos olhos. Na deficiência de sangue do fígado, os olhos podem apresentar secura, gerar visão turva ou até ambos. Já na presença de calor no sangue, os olhos podem ficar vermelhos e dolorosos. Outra função do fígado, sendo ela a mais importante, é de assegurar o fluxo homogêneo do Qi. A falha dessa função quase sempre é a causa de desequilíbrio de outros sistemas, pois o fígado assegura o fluxo do Qi em todas as direções, favorecendo todos os sistemas. Tal função afeta o emocional relacionado a cada órgão, a digestão e a secreção da bile. No âmbito físico, o livre fluxo do Qi assegura as atividades fisiológicas adequadas, e no psicológico garante uma vida emocional equilibrada, caracterizando o papel da alma etérea. Quando a circulação do Qi é prejudicada por uma falha nessa função acarretará frustração emocional, depressão ou fúria reprimida, que se manifestará fisicamente como distensão no hipocôndrio, sensação de caroço na garganta e opressão no tórax. Nas mulheres, pode manifestar como a tensão pré-menstrual acompanhada de distensão nas mamas. O fluxo homogêneo do Qi atua também no auxilio da digestão, proporcionando o estômago e baço ao desempenho adequado de suas funções. Na falha dessa função,
o Qi do estômago e baço pode depauperar e conseqüentemente ocasionar uma deficiência do próprio Qi e do sangue, além da debilidade da secreção da bile, que prejudica a digestão de gorduras que pode provocar um gosto amargo na boca. O controle dos tendões também é uma função do fígado, e uma garantia de movimentos harmônicos para a realização de atividades rotineiras. Tal processo é garantido pela nutrição dos tendões, cartilagens e ligamentos dos membros, assegurando o movimento das articulações. A falha dessa função é provocada por deficiência de sangue do fígado, que se manifesta com câimbras, entorpecimento e formigamento, e estase de sangue do fígado, causando dureza, rigidez e dor nos tendões. A qualidade do funcionamento do fígado se manifesta nas unhas, sendo elas consideradas como um subproduto dos tendões e influenciada pelo sangue do fígado. Logo, quando há uma deficiência de sangue do fígado, as unhas se tornarão escuras, denteadas, secas e quebradiças, e no caso de estase de sangue, elas se ficarão escuras ou púrpuras. Como propriedade, o fígado controla as lágrimas, sendo ela um fluido relacionado ao fígado. São lágrimas basais cuja função é lubrificar os olhos e lágrimas reflexas, que são manifestadas quando um corpo estranho entra no olho. Como o sangue do fígado umedece os olhos, sua deficiência promove secura, e o yang do fígado ascendendo pode provocar olhos lacrimejantes. O fígado se relaciona com o emocional por meio da alma etérea, sendo sua residência. É considerado pela ótica da Medicina Chinesa que a alma etérea influencia a capacidade de planejamento da nossa vida, sendo a fonte de sonhos da vida, propósitos, projetos, inspiração, criatividade e idéias, e quando há um fluxo sanguíneo bom proporcionarão ter todas essas relações com sabedoria e perspectiva, e na deficiência de sangue do fígado a mente se apresentaria “estéril”, sem dimensão da vida, levando a pessoa para um estado depressivo. Por outro lado, a emoção que depaupera o fígado é a raiva. Em um sentido amplo, incluem o ressentimento, frustração e fúria, sendo que tais fatores emocionais podem promover uma estagnação do Qi do fígado, ou vice-versa. Essas alterações podem acometer a pessoa clinicamente com sinais e sintomas nas regiões da cabeça e pescoço, como cefaléia, tontura, tinido, manchas vermelhas na parte frontal do pescoço e rubor facial. Desta maneira, se o fígado estiver funcionando bem e seu Qi fluir suavemente, o estado emocional será feliz e livre e a pessoa estará de bom humor e expressará suas emoções livremente. O fígado tem aversão ao vento e umidade, e fatores que comprometem seu desenrolar harmônico são classificados em padrões, do tipo de excesso, que engloba estagnação do Qi, Qi estagnado transformando-se em calor, rebelião do Qi, estase de sangue, agitação do fogo, umidade-calor e estagnação do frio no canal, do tipo de deficiência, que são deficiência de sangue e de yin, e dos dois tipos, como subida do yang e agitação interior do vento. Estagnação do Qi do Fígado Esse é o mais comum dos padrões do fígado e de modo geral, até por conta de ser uma das principais funções fundamentais para o organismo. Ocorre principalmente por problemas emocionais por frustração, raiva ou ressentimento que, por um longo período leva a estagnação. As manifestações clínicas desse padrão atuam não só no físico, mas no mental, e fica enfatizado, pois quando o Qi não flui na mente leva a doenças psíquicas que afetam o físico. Logo a sensação de distensão é a principal para se detectar tal padrão, mas que
pode vir de sensação de distensão do hipocôndrio, tórax, epigástrio ou abdome, com suspiros como uma forma de liberar Qi estagnado no tórax, períodos menstruais irregulares, distensão das mamas antes da menstruação, tensão pré-menstrual e irritabilidade. As manifestações emocionais são comuns e típicas nesse padrão, e resulta em depressão, sensação de falta de propósito, falta de projetos, sonhos e sensação de caroço na garganta. Qi do Fígado Estagnado transformando-se em Calor Esse padrão já deriva da estagnação do Qi do fígado, no qual gera o calor, manifestado com sensação de calor, face vermelha, sede, laterais da língua vermelha e pulso ligeiramente rápido. No nível emocional, o calor tende a tornar a pessoa propensa a explosões de raiva, emoção essa que é reprimida quando o Qi está estagnado. As manifestações são as mesmas do Qi estagnado, distensão no hipocôndrio ou no epigástrio, ligeira sensação de opressão no tórax, irritabilidade, melancolia, depressão, mau humor, sensação de caroço na garganta, tensão pré-menstrual, menstruação irregular e abundante, distensão nas mamas antes de menstruar e pulso em corda. Rebelião do Qi do Fígado Difere do padrão de estagnação do Qi por não provocar sintomas profusos emocionais, e sim gástricos, por conta do Qi rebelar-se horizontalmente, o que acomete estômago e baço. Comer com pressa, ficar bravo durante as refeições e comer em pé podem conduzir ao acometimento desse padrão, além da raiva, frustração e ressentimentos que, por sua vez, pode originar à subida do yang do fígado causando dores de cabeça, tontura e tinidos. As manifestações clínicas originadas desse padrão são distensão do hipocôndrio ou epigástrica, soluço, suspiros, náusea, vômito, eructação, sensação de rebuliço no estômago, irritabilidade, distensão nas mamas nas mulheres, língua normal ou ligeiramente vermelha nas laterais e pulso em corda. Estase do Sangue do Fígado A estase do sangue do fígado sempre decorre de outros padrões, sendo os principais a estagnação do Qi, frio ou calor, podendo também originar da deficiência do Qi, deficiência de sangue e fleuma. Esse padrão é uma doença muito importante pois conduz a doenças graves como acidente vascular cerebral e o câncer. Nas mulheres, tal padrão é a origem das cólicas menstruais por conta do sangue nos vasos diretor e penetrador estarem estagnados, influenciando diretamente na menstruação. De modo geral a dor é o sintoma principal de estase de sangue, sendo normalmente fixa em um local se assemelhando a punhaladas e perfurantes. As manifestações clínicas decorrentes desse padrão são dor no hipocôndrio, dor abdominal, vômito de sangue, epistaxe, menstruação dolorosa, menstruação irregular, sangue menstrual escuro e coágulos, infertilidade, massas abdominais, unhas arroxeadas, lábios arroxeados, compleição púrpura ou secura, pele seca, petéquias arroxeadas, língua púrpura e pulso em corda ou firme. Agitação do Fogo do Fígado O fogo do fígado se origina freqüentemente da estagnação crônica do Qi do fígado, que por sua vez gera calor e então transforma em fogo do fígado. A subida do yang do fígado também pode produzir fogo, mas para isso tem de haver fatores dietéticos incluídos. Outras causas desse padrão se relacionam ao emocional crônico, como
raiva, ressentimento ou frustração, e uma ingesta de alimentos quentes como álcool, frituras e carne vermelha contribui para o acometimento de tal padrão. Sintomas relacionados a esse padrão são irritabilidade, propensão a os de raiva, tinidos ou surdez abruptos, dor de cabeça temporal, tontura, rubor facial e hiperemia da conjuntiva, sede, gosto amargo na boca durante todo o dia, sono perturbado por sonhos, constipação com fezes ressecadas, urina amarelo-escuro, epistaxe, hematêmese, hemoptise, língua vermelha com revestimento amarelo e seco, e pulso cheio em corda rápido. Umidade-Calor no Fígado A deficiência do Qi do baço pode ser o precursor desse padrão com a formação de umidade pela falha do baço em transformar e transportar os líquidos, podendo originar fleuma ao longo do tempo. O consumo excessivo de alimentos derivados do leite e gordurosos são condicionantes para a formação de umidade. Outro fator como causa de umidade-calor é a umidade exterior, que invade os canais do fígado nas pernas e com o tempo se combina com o calor, originando o padrão. Manifestações clínicas como plenitude do hipocôndrio, abdome ou hipogástrio, gosto amargo ou pegajoso, pouco apetite, náusea, sensação de peso no corpo, secreção vaginal amarela, prurido vaginal, eczema ou feridas na vulva, sangramento e/ou dor de meio-ciclo, vermelhidão e inchaço no escroto, erupções cutâneas genitais, papulares ou vesiculares e pruridos, dificuldade urinária, queimação durante a micção, urina escura, língua vermelha com laterais vermelhas, revestimento amarelo e pegajoso, e pulso deslizante em corda rápido são sinais clínicos de umidade-calor no fígado. Estagnação do Frio no Canal do Fígado Esse padrão é decorrente da invasão de frio exterior que, por um estado interno preexistente da estagnação do Qi do fígado, pode predispor o paciente a desenvolver essa síndrome. É causado pela invasão do canal do fígado pelo frio ao redor da genitália externa. As manifestações clínicas desse padrão são plenitude e distensão do hipogástrio com dor que se irradia para baixo até o escroto e testículos e para cima, para o hipocôndrio, sendo aliviada com calor, entorse dos testículos ou contração do escroto, dor na cabeça vertical, sensação de frio, mãos e pés frios, vômitos de fluidos claros aquosos ou vômitos secos, nas mulheres pode haver contração da vagina, língua pálida e úmida com revestimento branco, e pulso profundo lento. Deficiência do Sangue do Fígado Tal padrão é muito mais comum nas mulheres do que nos homens pela relação do sangue e fígado com o ciclo menstrual. Freqüentemente a deficiência de sangue do fígado leva à deficiência de sangue do coração, caso o paciente esteja sujeito à tensão emocional, assim como a deficiência do rim conduz à deficiência do sangue por estar ligado na sua formação. Uma dieta pobre em nutrientes como carne e grãos pode debilitar o baço a produção sanguínea, o que tenderá à deficiência do sangue e seu armazenamento insuficiente no fígado. Outro fator está ligado ao acometimento do padrão, como tensão emocional, excesso de exercícios físicos e perda de sangue. Visão turva, língua pálida e pulso áspero são sintomas suficientes para um diagnóstico preciso desse padrão, porém outros sinais podem vir acompanhados. Tontura, entorpecimento dos membros, insônia, visão turva, imagens flutuantes no campo visual, visão noturna diminuída, menstruação escassa ou amenorréia, compleição pálido-embotada, lábios pálidos, fraqueza muscular, câimbras, unhas murchas e
quebradiças, cabelo e pele secos, depressão e sensação de falta de propósito são sintomas sugestivos. Deficiência do Yin do Fígado A deficiência do yin do fígado está intimamente relacionado a sua deficiência de sangue, sendo que a deficiência do yin do rim também pode levar ao acometimento desse padrão, com a possibilidade de originar à subida do yang do fígado. Os sinais e sintomas que esse padrão apresenta são os mesmos do padrão por deficiência de sangue, destoando dele a apresentação de olhos secos, rubor malar e língua sem revestimento, sendo esses sintomas os principais indicadores para tal. Subida do Yang do Fígado Originado da deficiência do yin do fígado, rim, ou por deficiência de sangue ou de ambos, esse padrão possui a mesma raiz, tendendo o acometimento dele sempre que as deficiências não forem tratadas. Logo, a subida do yang do fígado pode causar nos idosos o desenvolvimento de vento do fígado. Outro fator que incita a apresentação desse padrão é a ingestão em demasia de alimentos de energia quente, que cronicamente pode desenvolver fogo do fígado. Tensão emocional e irritabilidade nos momentos das refeições sugerem também o surgimento desse padrão. As características dessa manifestação são enfatizadas pelo desequilíbrio entre o yin e o yang, assim como a excessiva subida do Qi do fígado e ausência de padrão de calor, o que acomete todo o funcionamento harmônico do organismo. O sintoma mais comum relacionado a esse padrão é a dor de cabeça crônica de forma pulsante sobre os olhos ou lateral da cabeça, e outros que podem acompanhar são tontura, tinido, surdez, visão turva, boca e garganta secas, insônia, irritabilidade, sensação de exaltação, propensão a os de raiva, rigidez no pescoço, língua pálida e pulso em corda. Agitação Interior de Vento Há quatro tipos distintos de vento no fígado de diferentes causas, sendo eles o calor externo gerando vento, súbita do yang do fígado, fogo do fígado e deficiência do sangue do fígado. No geral, suas manifestações clínicas são tremores, tiques, entorpecimento, tontura, vertigem, dor de cabeça e convulsões ou paralisia. O calor externo gerando vento ocorre decorrente da invasão de vento-calor exterior que posteriormente transforma-se em calor interior, que ao atingir o nível energético do sangue. Nessas condições ocorrem doenças que produzem febres prejudicando o yin, e sua deficiência então enfatiza a condição de vento interno. Logo, temperatura elevada, convulsões, rigidez no pescoço, tremor nos membros, opistótonos, e em casos graves, o coma, são manifestações clínicas oriundas dessa condição. A subida do yang do fígado de forma crônica pode gerar vento, e para isso é necessário identificar as causas desse acometimento, que pode ser decorrente da deficiência do yin do fígado, rim, de ambos ou da deficiência do sangue do fígado. Quando identificado a causa da subida do yang do fígado por deficiência do yin do fígado, as manifestações clínicas relacionadas a essa condição são tremor, tique facial, tontura intensa, tinido, dor de cabeça, hipertensão, garganta seca, olhos secos, visão turva, entorpecimento ou formigamento dos membros e memória fraca. Se for por deficiência do yin do rim, as manifestações são tremor, tique facial, tontura intensa, tinido, dor de cabeça, hipertensão, garganta seca, olhos secos, visão turva, entorpecimento ou formigamento dos membros, memória fraca, dor nas costas, micção escassa e sudorese noturna.
Caso seja decorrente de deficiência do sangue do fígado, os sintomas clínicos serão tremor, tontura, tinido, dor de cabeça, hipertensão, garganta seca, visão turva, entorpecimento ou formigamento dos membros, memória fraca e insônia. Outra condição de vento é a de fogo do fígado gerando vento. Essa condição ocorre quando o padrão de fogo do fígado persiste por um longo tempo, sendo mais propício de acometer os idosos. Logo, manifestações como tremor, irritabilidade, propensão a os de raiva, tinido e/ou surdez com início abrupto, dor de cabeça temporal, tontura, rubor facial e hiperemia da conjuntiva, sede, gosto amargo, sono perturbado por sonhos, constipação com fezes ressecadas, urina amarelo-escura, epistaxe, hematêmese e hemoptise são característicos dessa condição. Quando a subida do yang do fígado é decorrente da deficiência de sangue do fígado, gera vento patológico interno, manifesta-se clinicamente com tremor menos intenso, tique facial, tontura, visão turva, entorpecimento ou formigamento dos membros, memória fraca, insônia e menstruações escassas. Os padrões de excesso ou deficiência não acometem isoladamente, mas também podem manifestar-se ao mesmo tempo, caracterizados como misto. Outra situação que ocorre cotidianamente nos processos patológicos são as combinações de padrão, onde um sistema afetado tende a afetar seu relacionado, contribuindo com a desarmonia energética do corpo e assim somatizando na esfera física. Ainda relacionando ao fígado, essas combinações se enfatizam pelo mesmo deter uma relação com todos os órgãos por meio do sangue e Qi. Quando há uma rebelião do Qi do fígado invadindo o baço, sintomas clínicos como irritabilidade, distensão e dor abdominais, alternância de constipação e diarréia, fezes ocasionalmente secas e em pedaços pequenos e às vezes amolecidos, flatulência e cansaço, apontam para tal acometimento. Percebe-se que tais sintomas são quase em sua totalidade ligados ao trato digestivo, com a inversão do Qi do baço que promove o acontecimento de todas essas situações. O que contribui para a instalação desse padrão combinado são fatores emocionais que afetam o fígado e uma dieta irregular, sem um tempo hábil para uma refeição tranqüila ou situações de estresse nesses momentos, o que acaba depauperando o fígado. Outra situação que pode ocorrer é o baço estar fraco, o que naturalmente será invadido pelo fígado. As conseqüências dessas desarmonias podem provocar a formação de umidade, o que dificulta a transformação e o transporte promovido pelo baço, acarretando em falhas na produção do Qi e sangue. Na rebelião do Qi do fígado invadindo o estômago, as manifestações são de irritabilidade, distensão e dor e sensação de opressão no epigástrico, e dor no hipocôndrio, regurgitação ácida, soluço, eructação, náusea, vomito, suspiro e membros fracos. A sua causa também é relacionada a problemas emocionais e uma dieta irregular com excesso de trabalho, o que inverte o Qi do estomago promovendo tais sintomas. Além da rebelião do Qi, o fogo do fígado também pode afetar o pulmão. O encurtamento da respiração, asma, sensação de plenitude e distensão do tórax e do hipocôndrio, tosse com expectoração de cor amarelada ou com laivos de sangue, dor de cabeça, tontura, rubor facial, sede, gosto amargo durante todo o dia, olhos congestionados, urina escura e escassa, e constipação são manifestações clínicas desse padrão combinado. O que leva a sua causa é o consumo excessivo de alimentos energeticamente quentes e fatores emocionais ligados a raiva, que de maneira crônica prejudica o direcionamento do Qi do pulmão.
Já a deficiência de sangue do fígado é muito comum quando ocorre a deficiência do sangue do coração. Ambos se relacionam ao sangue por um armazenar e outro produzir, onde há uma tendência em depauperar juntos. Uma dieta pobre em alimentos produtores de sangue aliada a excesso de trabalho juntamente com fatores emocionais tendem a uma deficiência de sangue. Sintomas como visão turva e palpitações são cruciais para diagnosticar o acometimento dessa combinação de padrões, sendo ele muito mais comum nas mulheres por conta dos ciclos menstruais, o que pode causar períodos menstruais escassos e depressão pós-parto. Outro fator que pode influenciar nessa combinação de padrões é uma deficiência do rim, pela participação da essência para formar o sangue sistêmico e o menstrual nas mulheres. O fígado é um órgão muito especial sob a ótica da medicina chinesa, pois ele proporciona com que o Qi possa fluir suave por todo o corpo, e por sua importância, comumente também é a peça chave para uma desarmonia em vários outros sistemas. Quando funciona bem, o organismo todo o acompanha, mas quando está mal, todos pagam o preço. Em virtude dessa alusão, suas deficiências podem invadir outros sistemas, mas também pode apresentar-se mais de um padrão de fígado como doença. Exemplo disso é o acometimento da estagnação do Qi do fígado e deficiência do sangue do fígado. Muito comum nas mulheres por conta dos ciclos menstruais, podem ocorrer simultaneamente ou um tender ao surgimento do outro. O Qi é rarefeito, imaterial, e o sangue é a forma de Qi condensada, material, o que justifica tal combinação. Os sintomas dessa associação são manifestados no período prémenstrual, como depressão, choro e sensação de falta de propósito. Outro fator de combinação comum de padrões de fígado é a estagnação do Qi do fígado e subida do yang do fígado. A pessoa apresenta sensação de distensão abdominal, depressão, mau humor e dores de cabeça pulsantes crônicas. Deficiência do sangue do fígado, estagnação do Qi do fígado, estase do sangue do fígado e subida do yang do fígado também podem apresentar em um paciente. Em mulheres é mais freqüente, por conta dos ciclos menstruais, desenvolvendo sintomas relacionados a cada padrão. A apresentação de deficiência do sangue do fígado, subida do yang do fígado e rebelião do Qi do fígado é outra combinação de padrões que possivelmente pode ocorrer, além de rebelião do Qi do fígado e subida do yang do fígado, e estagnação do Qi do fígado e do fogo do fígado. PULMÃO O pulmão é o órgão mais externo dentre os outros pela sua extração do Qi do ar, por controlar a pele e abrir-se no nariz. Possui relação com o coração através da circulação pelo fato de governar o Qi e o coração, o sangue. A função de governar o Qi e a respiração é a mais importante, pois é do ar que o pulmão extrai o Qi puro que combinado com o Qi do alimento extraído pelo baço, forma o Qi torácico, responsável pela manutenção dos pulmões e coração em promover uma boa circulação para os membros e força na voz. Por controlar o Qi, o pulmão também controla a sua dispersão e a descida, assim como dos líquidos orgânicos. Essa função é fundamental para a fisiologia pulmonar, pois o Qi e os líquidos dispersos fluem por todo o corpo e para pele e músculos, justificando sua relação com a pele. O Qi dispensado para a pele e músculos é responsável por proteger o organismo contra os fatores patogênicos externos, assim como os fluidos
também dispersados umedecem a pele, regula a abertura e fechamento dos poros e a sudorese. Por se localizar no aquecedor superior, o Qi pulmonar tende a descer, especialmente em direção aos rins para que os mesmos dêem sustentação ao Qi, assim como os líquidos orgânicos, que descem também para a bexiga a fim de ser excretado e graças ao yang do rim retorna aos pulmões para umedece-los. Como característica, é atribuído ao pulmão a responsabilidade de regular todas as atividades fisiológicas devido sua atribuição de governar o Qi, que é a base de todas as atividades fisiológicas, controlar a respiração com a retirada do Qi puro do ar, controlar canais e vasos sanguíneos para a boa circulação do Qi, e sua direção por meio do mecanismo do Qi. Seu poder de regulação da agem das águas ocorre graças a formação do Qi torácico, com a contribuição do baço na extração do Qi alimentar. Na descendência dos líquidos para o rim e seu retorno graças ao yang do rim com seu poder de evaporar os líquidos em subida para o pulmão, o mesmo pulveriza essa névoa recebida do rim para a pele e nos espaços entre pele e músculos. Devidamente dispersos, essa névoa é expelida como suor por meio da regulação dos poros, onde sua falha pode provocar edemas nos membros e face. Quando se atribui ao pulmão o controle da pele e do espaço entre pele e músculos, caracteriza a propriedade pulmonar de produzir o Qi torácico que originará com a ação catalítica do Qi verdadeiro do rim, o Qi defensivo, sendo este local como trajeto para sua função. Com isso, há a garantia da regulação da abertura dos poros, a sudorese, e fornecendo uma resistência contra fatores patogênicos externos. Sua comunicação com o meio externo ocorre através do nariz, local onde o pulmão se abre. Com isso, a mucosidade normal para a permeabilidade do ar é produzida pelo Qi do pulmão, sendo que quando está prejudicada essa função pulmonar, há um acumulo de muco. Se houver calor ou fleuma-calor, esse muco se apresentará amarelo e grosso, e em caso de secura, esse muco ficará muito fino e a mucosa ficará seca. A emoção que debilita e está relacionada ao pulmão é a tristeza. Por conta de o coração ser o abrigo da mente, ele também pode ser afetado e posteriormente acomete o pulmão, considerando que ambos os sistemas estão localizados no aquecedor superior, sendo esta uma das explicações para tal relação. Logo, o pulmão governa o Qi, e a tristeza e aflição, quando acometem esses zang, pode vir a dissolver o Qi, levando posteriormente ao desenvolvimento de um padrão de estagnação. Particularmente o pulmão, dependendo de sinais e sintomas e de fatores ambientais e sociais, pode desenvolver padrões característicos por excesso exterior e interior, e deficiência. No geral fatores patogênicos exteriores como vento, secura e umidade são responsáveis pelo declínio da sua função, porque o pulmão é o sistema mais exterior dentre os demais zang, estando propício a tais acometimentos. Outros fatores que propicia a debilidade do pulmão é uma dieta inadequada, rica em alimentos frios e crus que pode gerar umidade interior e fleuma atingindo também o baço, e maus hábitos de vida, como má postura ao se sentar e tabagismo, o que dificulta a inspiração ideal. Padrões de Deficiência Deficiência do Qi do Pulmão Esse é o principal padrão que depaupera o pulmão, pois sua principal função é a de governar o Qi e seu poder de disseminar por todo o corpo. Tal padrão pode se desenvolver através da deficiência do Qi do baço por conta de sua ligação com o Qi na extração da essência alimentar, e também pela deficiência do Qi do coração pela sua ligação íntima no aquecedor superior, desde que esse padrão se desenvolva por problemas emocionais. Outro fator a se levar em conta é a constituição do indivíduo,
que pode ser perceptível com rachaduras transversais próximo da ponta da língua para os bordos, condicionando a uma fraqueza hereditária do pulmão. As principais manifestações clínicas são encurtamento da respiração, voz fraca e pulso vazio, podendo vir acompanhada de sudorese diurna espontânea, aversão para falar, compleição pálida e brilhante, propensão a se resfriar, cansaço e aversão ao frio. O Qi deficiente promove o encurtamento respiratório principalmente ao fazer esforço físico, além de o pulmão não conseguir descender o Qi que ocasiona tosse. A voz fica fraca por conta de o Qi pulmonar ser uma expressão do Qi torácico, que afetado é notado na voz. A deficiência do Qi do pulmão causa falha na abertura e fechamento dos poros, favorecendo a penetração de fatores patogênicos externos, a fraqueza do Qi defensivo, a perda de suor e o não aquecimento adequado dos músculos, provocando aversão ao frio. Deficiência do Yin do Pulmão A deficiência crônica do Qi do pulmão geralmente leva ao surgimento desse padrão que também está associada a deficiência de yin do estomago ou do rim, até de ambos. Outro fator predisposto é a secura decorrente da falha crônica de descender líquidos orgânicos ao rim e seu retorno em forma de névoa ficar comprometido. Fatores emocionais e o uso excessivo da voz ao longo dos anos condicionam como hábitos de vida que favorecem o acometimento desse padrão. Os sintomas fundamentais para a identificação do padrão são tosse fraca, voz fraca e rouca, e transpiração noturna. Outras manifestações também podem vir acompanhadas, como tosse seca ou com pouca expectoração pegajosa, boca e garganta secas, prurido na garganta, cansaço, aversão para falar, corpo delgado ou tórax estreito. Secura do Pulmão A secura do pulmão pode estar ligada a fatores ambientais climáticos, seja de natureza ou artificial. A deficiência do yin do estômago é o padrão mais comum para desenvolver secura, além de hábitos alimentares irregulares de comer muito tardiamente ou em horários alheios favorecem tal acometimento. Manifestações como tosse seca, garganta seca, boca seca, sede e voz rouca são clássicos para identificar esse padrão. Invasão do Pulmão por Vento-Frio O vento é um fator patogênico que pode ser de uma condição de exterior e transformar-se em interior. No caso desse padrão, a invasão por vento-frio ocorre pela deficiência da força do Qi em relação ao fator patogênico. Por ser uma condição de exterior, ataca o Qi defensivo localizado entre a pele e os músculos, podendo gerar febre como resultado da defesa natural do corpo contra o invasor. Isso ocorre pela fraqueza do Qi em realizar o controle correto da abertura e fechamento dos poros, o que condiciona à invasão. Sintomas chave para a identificação desse padrão são aversão ao frio, espirro e pulso flutuante. Outras manifestações podem vir acompanhadas, como febre, tosse, prurido na garganta, ligeira falta de ar, obstrução nasalou secreção nasal aquosa e clara, dor de cabeça occipital e dores no corpo. Essas obstruções nasais com produção de secreções e possivelmente acompanhadas de tosse ou espirros consiste na fraqueza do Qi decorrente do padrão, que não consegue descer e fica preso no tórax, causando tosse, obstrui os orifícios nasais e espirros como forma de expelir o fator patogêncio.
Invasão por Vento-Calor Assim como a invasão por vento-frio, a penetração do vento como fator patogênico é de oportunismo pela debilidade do Qi defensivo do indivíduo. Suas características se assemelham ao padrão de vento-frio, diferindo nas condições climáticas nas quais promovem o acometimento de tal padrão. Climas quentes naturalmente e artificialmente promove a invasão por vento-calor que também gera aversão ao frio e maior incidência de febre. Isso porque com a invasão o Qi fica obstruído e não consegue circular para aquecer pele e músculos. Sintomas chaves para identificação do padrão são febre, aversão ao frio, dor de garganta e pulso flutuante-rápido, podendo vir acompanhado por tosse, nariz obstruído ou com secreção amarela, espirros, dor de cabeça, dor no corpo, ligeira transpiração, sede leve e amídalas inchadas. Invasão por Vento-Água Esse padrão não é comum, porém ocorre quando a pessoa fica exposta ao vento-frio e umidade exteriores, aproveitando também da debilidade do Qi. Ele difere dos ataques de vento-frio ou calor por prejudicar a função do pulmão de controlar a agem das águas, provocando edema facial. O súbito inchaço nos olhos e da face, aversão ao vento mais intensa e pulso flutuantedeslizante são sintomas fundamentais para identificação desse padrão. Outras manifestações podem vir acompanhadas, como compleição brilhante e luminosa, urina escassa e pálida, febre, tosse e ligeira falta de ar. Calor do Pulmão O calor do pulmão pode ser agudo ou crônico. Quando agudo é gerado normalmente por invasão de vento exterior que se interiorizou, quando crônico é originado de um calor residual interno juntamente com hábitos tabagistas que tem poder secante e dieta rica em alimentos quentes. Tosse com sensação de calor, sede e língua vermelha são suficientes para diagnosticar calor no pulmão. Outros sintomas podem acompanhar, como falta de ar, dor no tórax, tremeluzir das narinas e face vermelha. Deficiência do Qi do Pulmão e do Coração Problemas emocionais, particularmente tristeza ou pesar, podem conduzir a uma deficiência de Qi no coração, que somada com a preocupação conseqüentemente pode conduzir à deficiência do Qi do pulmão. Excesso de trabalho também depaupera do Qi desses sistemas, especialmente se o trabalho requer o uso freqüente da voz, o que acomete ainda mais o pulmão. O acometimento combinado desse padrão comumente está relacionado ao emocional, uma vez que o coração abriga a mente e que reside no sangue, que por sua vez é a mãe do Qi, sendo o Qi um aspecto yang em relação ao sangue, sendo controlado pelo coração e o Qi pelo pulmão. Logo, ligeiro encurtamento da respiração, tosse branda, voz fraca, aversão a falar, compleição branco-brilhante, propensão a se resfriar, cansaço, palpitações, depressão, transpiração espontânea e suspiros são manifestações comuns a esse padrão combinado.
BAÇO Sob a ótica da medicina chinesa, o baço é o órgão central para a produção do Qi, energia essencial para dar funcionalidade aos sistemas zang fu e que é comumente afetado pelos processos patológicos de desarmonia. Sob essa visão oriental, ao baço é atribuído as funções de governar a transformação e o transporte, controle da subida do Qi, controle do sangue, dos músculos e os quatro membros, abrir-se na boca e manifestar-se nos lábios, controle da saliva e abrigar o intelecto. Quando se diz que uma das funções do baço é governar a transformação e o transporte, entende-se que se faz menção às essências alimentares, Qi e líquidos orgânicos, componentes fundamentais para o funcionamento do organismo. O alimento ingerido chega ao estomago onde é macerado e triturado a fim de facilitar sua digestão, e nesse processo o baço atua no refino e extração do Qi desse material, sendo denominado de Qi alimentar. Essa essência refinada é utilizada pelo sistema do coração como base para a produção sanguínea, e na sua propriedade de ascensão transporta-a para o pulmão, onde em contato com o Qi puro extraído do ar é formado o Qi torácico, de responsabilidade do pulmão que atua na distribuição dos líquidos orgânicos no aquecedor superior, membros superiores e no auxílio do coração para a produção do sangue. Outra função importante para a manutenção do ciclo do Qi pelo corpo é a do controle da ascendência do Qi pelo baço. A origem da essência pós-celestial inicia na digestão com o estômago e baço, que são responsáveis por descender a porção impura dos alimentos para os intestinos a fim de realizar o processo de reaproveitamento energético e da ascensão da porção pura para o pulmão, resultando na formação do Qi torácico que atuará no auxílio do coração na formação do sangue. Além dessa participação no transporte do Qi alimentar, o baço também é responsável ainda nessa sua função de manutenção dos órgãos internos em seus respectivos lugares, como de manter o sangue dentro dos vasos sanguíneos, caracterizando por completo a função de ascensão promovida pelo seu Qi. Analisando a camada energética que o baço controla, o Qi propriamente dito se origina graças a sua função, sendo manifestado mecanicamente nos músculos, especialmente nos músculos motores, justificando assim o seu controle dos músculos e os quatro membros. Seguindo essa ótica, a fadiga, cansaço são sintomas de desequilíbrio do baço, pois o mesmo não consegue manter uma quantidade de energia física para a realização de atividades e movimentos. Como todos os zang se abre em determinado local, o baço abre-se na boca e manifesta-se nos lábios. O ato da mastigação e a produção salivar como um fluido ligado ao baço o prepara para a realização de sua função, onde a presença do paladar acaba determinando seu estado e a apresentação dos lábios sugere alguma manifestação patológica, como por exemplo, sua secura constante pode ser oriunda de uma deficiência do yin do baço. Em relação ao fator emocional, na ótica da medicina chinesa, o baço é a residência do intelecto, sendo ele responsável pelo pensamento aplicado, estudo, memorização, focalização, concentração e geração de idéias. Logo, entende-se como o coração ser a residência da mente, e quando se diz sobre fatores emocionais, o coração pode ter uma participação nessas manifestações, como no intelecto, que o setor relacionado ao baço é característico ao estudo, memorização de trabalhos, e no coração se estende à vida, no sentido geral. Ainda seguindo essa linha de raciocínio emocional que pode acometer qualquer sistema, a emoção que depaupera o Qi do baço é o excesso de pensamentos, que é
semelhante à aflição em sua característica e efeito. Logo os excessos de leitura, trabalho, estudo, foco e concentração desgastam o seu Qi. De forma geral, as manifestações patológicas que afetam o baço são o cansaço, tendência à obesidade e emocionalmente a depressão, compleição amarela e opaca, distúrbios digestivos e distensão abdominal. Através desses sinais clínicos que é composto os padrões relativos ao baço. A tendência do baço é sofrer por padrões de umidade e fleuma, constituintes que batem de frente com a sua principal função de transformar e transportar, isso porque o baço “odeia” umidade, e uma dieta inadequada rica em alimentos úmidos, assim como tensões emocionais ligadas ao ato de ficar pensativo e a preocupação desgasta o seu Qi. Padrões de deficiência como deficiência do Qi, deficiência do yang, afundamento do Qi, deficiência de sangue são comuns ao sistema. Por si só, a constituição do baço tende a sofrer por deficiência, e uma boa saúde desse sistema é a garantia de uma boa postura física e mental. Deficiência do Qi do Baço É a desarmonia mais comum do baço. A origem do acometimento desse padrão se dá por uma dieta inadequada, tensão emocional evidente e até o fator climático. Uma pessoa que tem sua dieta rica em alimentos frios e crus tende a depauperar o Qi do baço, como produtos derivados do leite. Outra situação propensa ao acometimento desse padrão é a instalação de uma doença crônica, que gera umidade e a fleuma, inimigos do baço. Todos os padrões de deficiência do baço são variações desse, que se não tratado e perdurar ao longo do tempo tende a causar obesidade e a vontade do paciente em se manter deitado. Os sintomas fundamentais para a identificação desse padrão são pouco apetite, cansaço e fezes amolecidas, que podem vir acompanhados por pouco apetite, ligeira distensão abdominal após comer, lassitude, vontade de se deitar, compleição pálida, fraqueza dos membros, e tendência a obesidade. Deficiência do Yang do Baço A deficiência do yang do baço deriva da deficiência do Qi do baço, diferenciando que esse padrão seja provavelmente causado pela exposição ao frio e à umidade do meio ambiente. Fezes amolecidas, sensação de frio e cansaço são sintomas que leva a pensar no acometimento desse padrão. Logo, sinal como pouco apetite, distensão abdominal após comer, lassitude, vontade de deitar-se enrolado, compleição pálida, fraqueza dos membros, tendência a obesidade, membros frios e edema podem acompanhar os sintomas chaves para a identificação do padrão. Afundamento do Qi do Baço O acometimento desse padrão pode ser sintetizado como o avanço não tratado da deficiência do Qi do baço. Nesse estagio, a freqüência e urgências urinárias são evidentes, pois tende ao Qi do rim também afundar. Com a instalação desse padrão, o mesmo se caracteriza como a principal causa de prolapso dos órgãos internos, perdendo a capacidade do baço de ascensão e manutenção do Qi. Manifestações como tenesmo, distensão abdominal e pulso fraco são suficientes para diagnosticar tal padrão, mas que pode se apresentar com pouco apetite, cansaço,
lassitude, compleição pálida, fraqueza dos membros, fezes amolecidas, depressão, tendência a obesidade, tensão abdominal e menorragia. Deficiência do Sangue do Baço e do Coração No contexto geral de deficiência de sangue, uma dieta pobre em alimentos produtores de sangue como carne vermelha, por exemplo, é um impulsionador para o acometimento do baço, além de fatores emocionais pertinentes ao coração, produtor de sangue, leva à deficiência do sangue do coração. Outro fator a ser considerado é o excesso de trabalho físico, no qual prejudica a musculatura e que cronicamente pode levar a deficiência do baço, e a perda de sangue grave, pois depaupera o coração que por conseqüência afeta o baço. Essa ligação comum entre eles ocorre diretamente pelo sangue, pois o baço extrai a essência alimentar fundamental para o coração produzir o sangue. Fatores que predispõe ao acometimento desse padrão combinado são a deficiência do Qi do baço que leva deficiência de sangue do baço, assim como a deficiência de sangue do fígado pode levar a deficiência de sangue do coração, do baço ou de ambos. Logo palpitações, insônia, cansaço, fezes amolecidas e menstruações escassas são indícios suficientes para diagnosticar esse padrão combinado. Outros sintomas podem vir acompanhados, como tontura, sono perturbado por sonhos, memória fraca, ansiedade, tendência a se assustar, compleição e lábios pálidos, músculos fracos e pouco apetite. Deficiência do Qi do Baço e do Pulmão Esse padrão combinado está ligado pelo Qi, sendo o baço seu produtor por meio da extração da essência alimentar que é ascendido para o pulmão, que produz o Qi torácico com a combinação de Qi alimentar com o Qi puro extraído do ar pelo pulmão. Logo uma dieta inadequada, pobre em nutrientes pode conduzir a uma deficiência do Qi do baço. Pouco apetite, cansaço e encurtamento da respiração são suficientes para diagnosticar a deficiência do Qi do baço e do pulmão. Outras manifestações podem acompanhar, como ligeira distensão abdominal após comer, lassitude, compleição pálida, fraqueza dos membros, fezes amolecidas, tendência a obesidade, tosse fraca, voz fraca, sudorese diurna espontânea, aversão a falar e tendência a resfriar-se. Deficiência do Sangue do Baço e do Fígado A deficiência do Qi do baço sempre precede a deficiência do sangue do baço, isso pois na falha do Qi o baço perde a capacidade de transformar e transportar a essência alimentar, base para a fabricação de sangue pelo coração. Com isso, na falha na produção sanguínea, o sangue quando for estocado no fígado nos momentos de repouso, haverá falta de sangue, o que gerará deficiência de sangue do fígado. Comumente esse padrão combinado ocorre graças a uma dieta pobre em nutrientes ou ricas em alimentos frios ou crus, que depaupera o baço. Logo, os sintomas fundamentais para a identificação desse padrão combinado é a apresentação de fezes amolecidas, menstruações escassas, visão turva e lateral da língua pálida. Obstrução do Baço por Umidade com Estagnação do Qi do Fígado Esse padrão é causado pelo consumo excessivo de alimentos gordurosos e derivados de leite, que tendem a criar umidade no baço e afetar o Qi em sua geração e fluxo, afetando por conseqüência o fluxo suave do Qi promovido pelo fígado. Cronicamente a umidade gera calor que estagnará o Qi do fígado.
Plenitude do epigástrio, distensão no hipocôndrio e revestimento lingual amarelo, pegajoso e espesso são suficientes para diagnosticar esse padrão. Outros sinais podem acompanhar, como sensação de opressão, náusea, pouco apetite, fezes amolecidas, sensação de peso, boca seca, sem vontade de ingerir líquidos, compleição pálida, gosto amargo na boca e pegajoso, e irritabilidade. Estômago O estômago é o mais importante órgão yang, sendo considerados em conjunto com o baço a raiz do Qi pós-celestial e sangue. Suas funções é a de controlar a recepção, controlar a maceração e a decomposição dos alimentos, controlar o transporte das essências dos alimentos, controlar a descida do Qi e ser a origem dos fluidos. A função de controlar a recepção é caracterizada pela ingestão de alimentos e líquidos que são recebidos diretamente no estômago, tendo relação com a manutenção do apetite saudável. Após receber, o estômago realiza a função de maceração e decomposição desses alimentos e líquidos, preparando-o para a atuação do baço de separar e extrair a essência refinada dos alimentos. Esse trabalho em conjunto com o baço justifica esses sistemas como a origem do Qi e sangue. Em comum com o baço, o estômago desempenha a função de transportar as essências alimentares para todo o organismo, principalmente para os membros. Particularmente, o Qi do estômago envia o alimento já transformado em descida para o intestino delgado, sendo esta a garantia de saúde do órgão e de um bom processo digestivo. Por ser considerado como a origem dos fluidos, o estomago é assim justificado pela sua função de maceração e decomposição dos alimentos, onde assegura que parte dos alimentos e dos líquidos que não se transformaram em essência se condense para formar os fluidos corpóreos. Outro fator que justifica esse dizer é a ligação intima que possui com o rim, sendo o rim responsável pela transformação dos fluidos no aquecedor inferior, e estando comprometida essa função, esses líquidos transbordam para o estomago dificultando a digestão. Como todo zang fu possui uma relação no âmbito mental, o estômago pode influenciar o estado mental levando o indivíduo a confusão mental, ansiedade severa, hipomania e hiperatividade. Tais aspectos são justificados por conta de uma desarmonia no estômago, que tende a sofrer por padrões de excesso como fogo e fleuma-fogo, somatizando no estado emocional. O estomago, juntamente com o baço, é a raiz do Qi pós-celestial, sendo considerado como a fonte energética de todo o corpo após o nascimento. Como a principal função do estômago é a de macerar e decompor o alimento e líquidos, todos os padrões relacionados vão ser de acordo com a parte digestiva. Com isso qualquer dieta irregular e com alternância de horários e intervalos, aliada a fatores emocionais nos momentos das refeições colocam em risco o equilíbrio energético desse sistema. É dito que o estomago tende a sofrer por padrões de excesso, porém também sofre por deficiência. Padrões de excesso como estagnação do Qi do estomago, fogo, frio invadindo o estomago, rebelião do Qi, umidade-calor, retenção de alimentos e estase de sangue, assim como padrões de deficiência como deficiência do Qi, estomago deficiente e frio e deficiência do yin, são característicos para a depauperação do estomago. Deficiência do Qi do Estomago Uma dieta oriunda de dietas para emagrecimento, pobre em nutrientes e proteínas, aliada a hábitos irregulares de alimentação são pontos primordiais para levar ao
acometimento desse padrão. Outro fator que pode desencadear é a deficiência crônica de Qi geral, assim como a deficiência do Qi do baço tende a depauperar o estomago. A deficiência do Qi do estomago é um dos padrões mais comuns encontrados na prática e causa comum de cansaço crônico, onde o cansaço pela manhã é um indicio para a indicação desse padrão. Logo a sensação desconfortável no epigástrio, falta de apetite, ausência de paladar, fezes amolecidas e membros fracos são sintomas nos quais estão relativos ao padrão. Deficiência do Yin do Estômago Esse padrão deriva da deficiência do Qi do estômago, que mais uma vez tem sua causa nos hábitos alimentares. Além de uma dieta irregular, refeições intercaladas, fora de horário, tarde da noite, comer rápido e logo após se submeter a trabalhos exaustivos ou mentais tendem a depauperar o estomago. Outro fator que pode levar ao surgimento do padrão sem decorrer da deficiência do Qi é com o uso prolongado de medicamentos, podendo voltar a normalidade após o término do tratamento. Dor epigástrica surda, boca seca, língua sem revestimento ou com revestimento sem raiz no centro são sinais para a identificação do padrão. Outros sintomas podem vir acompanhar, como falta total de apetite ou ligeira fome, mas sem vontade de comer, constipação, ligeira queimação epigástrica, boca e garganta seca, vontade de beber líquidos em pequenos goles e sensação ligeira de plenitude após comer. Estagnação do Qi do Estômago A estagnação do Qi do fígado pode ser a origem desse padrão no estômago, porém hábitos como alimentar-se rapidamente, trabalhar durante as refeições, encontrar-se em estado de ansiedade ou tensão durante a alimentação condicionam ao acometimento desse padrão. Distensão epigástrica, eructação e irritabilidade são suficientes para diagnosticar a estagnação do Qi do estômago. Dor epigástrica, náusea, vômito, soluço são sintomas que podem acompanhar o padrão. Fogo do Estômago Dieta rica em alimentos gordurosos, de energia quente como carne, temperos, frituras e álcool, e até o fumo contribuem para depauperar o estômago. Má alimentação aliada à tensão emocional provoca a estagnação do Qi do estômago, que por sua vez condiciona ao padrão aqui citado. Sensação de queimação no epigástrico, sede com vontade de beber líquidos frios e língua vermelha com revestimento amarelo e espesso são condicionantes para a identificação desse padrão. Outros sintomas como inquietude mental, sangramento gengival, fezes secas, boca seca, aftas, regurgitação ácida, vomito logo após a ingestão de alimentos, fome excessiva, mau hálito e sensação de calor podem acompanhar na identificação do padrão. Rebelião do Qi do Estômago Esse padrão se caracteriza pela inversão do fluxo do Qi normal, que fisiologicamente tende a descer, mas que nesse padrão, sobe. Comumente ele se origina de outros padrões como fogo ou estagnação. Logo irregularidade alimentar em seus hábitos como comer de pé, com pressa, sob tensão e trabalhando ao mesmo tempo tende ao surgimento desse padrão. Com isso, náusea, dificuldade de engolir, eructação, vômito, soluço são sintomas característicos desse padrão.
Retenção de Alimentos no Estômago Não fugindo a regra dos acometimentos do estômago, a dieta é a causa principal, só que a causa desse padrão está ligada a rapidez da ingestão de alimentos e a quantidade. Classificado como padrão de excesso interior, a maioria dos sintomas é a causa de obstrução dos alimentos no estomago que impede a descida do Qi. Com o Qi impedido de descer, sintomas como plenitude, dor e distensão do epigástrico que são aliviadas com o vômito, náusea, vômito de fluidos ácidos, mau hálito, regurgitação ácida, eructação, insônia, fezes amolecidas ou constipação e pouco apetite são sintomas de identificação desse padrão. RIM O rim é referido como raiz da vida por armazenar a essência pré-celestial derivada dos pais na concepção, que determina a constituição básica da vida. Baseado nisso, o rim assume o papel de ser o alicerce para todo o yin e yang dos outros órgãos. O yin do rim é a substancia fundamental para o nascimento, crescimento e a reprodução, ao o que o yang do rim é a força motriz de todos os processos fisiológicos, sendo o yin o alicerce para o yang, e o yang do rim representa a atividade fisiológica que transforma o yin do rim. Como funções ao rim são atribuídas o armazenamento da essência e governar o nascimento, crescimento, reprodução e desenvolvimento; produzir medula, abastecer o cérebro e controlar os ossos; governar a água; controlar a recepção do Qi; abrir-se nos ouvidos; manifestar-se nos cabelos; controlar a saliva; controlar os orifícios inferiores; abrigar a força de vontade; e controlar a porta da vida. Por armazenar a essência, o rim controla o nascimento, crescimento, maturação sexual, a fertilidade e o desenvolvimento, trabalho esse determinado pela essência que prediz a constituição basal, força e vitalidade do individuo. A influencia do rim na produção da medula também ocorre por meio da essência, que sob a ótica da medicina chinesa, essa medula é uma substancia que é a matriz comum dos ossos, da medula óssea, do cérebro e da espinha dorsal. Outra propriedade fisiológica importante atribuída ao rim é o governo da água. O rim é como um portão que se abre e fecha para controlar o fluxo de líquidos orgânicos no aquecedor inferior, atuando no controle e produção da micção, na excreção das partes impuras pela urina e intestino grosso, e na influencia do baço no aquecedor médio, onde seu yang impulsiona para a realização do primeiro processo de separação das porções pura e impura. Sua atuação em controlar a recepção do Qi também está vinculada ao governo da água, onde o Qi do pulmão descende o para o rim, sendo que ele o mantém no aquecedor inferior para auxiliar na micção. Logo, o rim retribui o pulmão ascendendo líquidos orgânicos em forma de névoa a fim de hidratá-lo, justificando parte do ciclo das águas. Como todo zang se abre em algum órgão do sentido, os ouvidos estão relacionados ao rim e ligados a essência, responsável pelo bom funcionamento auditivo. Isso justifica o porquê da deficiência do rim causar tinidos ou zumbidos. Além de abrir-se nos ouvidos, o rim manifesta-se nos cabelos, nutrindo-os, e proporcionando o bom crescimento capilar, onde suas anormalidades são indícios para a suspeita de deficiência do rim. Sob a ótica da medicina chinesa, é atribuída a saliva a importância de beneficiar a essência constada no rim, nutrindo-a. Logo, é notório mais uma vez a justificativa do governo das águas pelo rim, sendo que tudo mencionado a líquidos orgânicos têm sua
participação. Indo mais além, o próprio controle do rim dos orifícios inferiores acentua ainda mais essa observação, sendo que seu papel nesse controle é atribuído a lubrificação e a constricção dos ductos, controlando a saída de espermatozóide, urina e fezes. Uma atribuição muito importante do rim é o controle da porta da vida, que se encontra entre os dois rins, caracterizando-se como o fogo fisiológico fundamental para a manutenção da vida. A importância dessa função consiste em ser a raiz do Qi original, que é uma manifestação física do próprio Qi, aquecer o aquecedor inferior e a bexiga, promover calor para que o estomago e baço desempenhem suas funções digestivas, harmonizar a função sexual aquecendo a essência e o útero, auxiliar o rim para a receptação do Qi e auxiliar a função do coração de abrigar a mente. Quando relacionado o rim ao estado emocional, a medicina chinesa atribui que o rim abriga a força de vontade, onde mantém o individuo encorajado, determinado, controlando a memória aliada a recordação. O medo é o estado que mais depaupera seu Qi, sendo que quando afetado por esse emocional, manifestações ligadas a deficiência do Qi do rim serão notadas, condicionando ao desenvolvimento de padrões oportunistas decorrentes dele. No geral, o rim sofre por padrões de deficiência, até porque não há possibilidade da essência estar em excesso. Pensando nesse sentido, a hereditariedade constitui-se de um fator crucial para a qualidade da essência pré-celestial do individuo, uma vez que é herdada dos pais. Outro fator que influencia para a deficiência do rim é a atividade sexual excessiva, pois sob a ótica chinesa, o espermatozóide para o homem é considerada uma manifestação física da essência, onde o orgasmo também afeta as mulheres. Na rotina global que grande fatia da população vive habituada a métodos capitalistas de trabalho, tende a depauperar o yin do rim, pois a dieta irregular e maus hábitos nos momentos das refeições contribuem para sua deficiência, acometendo outros sistemas. Com essa observação, nota-se cada vez mais pessoas desequilibradas energeticamente, o que potencializa uma condição fisiológica de depauperação da essência do rim, a velhice, onde cada vez mais pessoas com vidas desregradas atingem a senilidade mais fragilizada, propensa a doenças e a desarmonias do yinyang geral. Com isso padrão de deficiência do yang do rim, do yin, falta de firmeza do Qi, falha na recepção do Qi e deficiência da essência são padrões vinculados a esse sistema. Deficiência do Yang do Rim A deficiência do yang do baço é o padrão mais comum para o surgimento da deficiência do yang do rim, por ser caracterizado por sintomas de frio interior. Isso ocorre pela retenção crônica de umidade decorrente da falha do baço que obstrui o movimento dos líquidos orgânicos. Para que isso ocorra, uma doença crônica que acomete o baço, assim como o excesso de atividades sexuais e uma dieta que condicione o acometimento do baço são primordiais para a instalação desse quadro. Com o acometimento desse padrão, o baço falhará em sua função que é auxiliada pelo yang do rim, a essência não é esquentada para aguçar a libido, nota-se uma debilidade nos ossos, fraqueza nos membros inferiores e joelhos, e na região da cabeça não há boa nutrição do cérebro, causando tonturas e zumbidos nos ouvidos. Logo, dor nas costas, sensação de frio, urina clara e abundante, língua pálida e pulso profundo são sinais clássicos para a identificação desse padrão. Outros sintomas podem acompanhar, como lombalgia, tontura, tinido, joelhos frios e fracos, sensação de frio na lombar, compleição branco-brilhante, micção à noite, apatia, edemas em
membros inferiores, infertilidade nas mulheres, fezes amolecidas, depressão, impotência, ejaculação precoce, contagem baixa de esperma e libido diminuída. Deficiência do Yin do Rim Mantendo a tendência por deficiência geral do rim, o excesso de trabalho, de atividade sexual e doença crônica são pré-requisitos para um indicio por deficiência renal. O que implica para o acometimento desse padrão é a perda dos fluidos corpóreos, que comumente pode ser observada pelo estado de calor secando os líquidos, e que no caso do rim comumente é atribuído a um calor vazio, e de perda de sangue, onde o rim possui sua ligação com o sangue por meio de sua produção, servindo o Qi verdadeiro como catalisador no coração e a medula para tal processo, e que se acentua muito em mulheres nas menorragias, pois a menstruação é um tipo de sangue oriundo da essência do rim e que acomete também o fígado. Sintomas como dores nas costas e sudorese noturna são indícios para tal padrão, mas outros podem vir acompanhados, como tontura, tinido, vertigem, memória fraca, dificuldades para ouvir, sudorese noturna, boca e garganta secas à noite, lombalgias, dor nos ossos, emissões noturnas, constipação, urina escassa e escura, infertilidade, ejaculação precoce, cansaço, lassitude, depressão e ligeira ansiedade. Falta de firmeza do Qi do Rim O que difere esse padrão da etiologia comum a todos os outros é o ato de parir nas mulheres, onde um elevado número de filhos e partos com um intervalo curto entre eles pode originar esse padrão. Uma conseqüência desse padrão é a debilidade de um dos orifícios yin inferior, como a uretra e a porta do esperma nos homens, provocando escoamento. Nessa situação, a contenção do espermatozóide pode falhar, provocando micções noturnas acompanhadas de sonhos eróticos e desejo sexual, além da sensação de deslocamento para baixo na região inferior do abdome. A secreção vaginal também pode ser observada. O gotejamento após a micção, secreção vaginal crônica e dor nas costas são indícios para a identificação desse padrão. Outros sintomas podem acompanhar, como dores e fraqueza na região lombar, joelhos fracos, urina freqüente e clara, urina com jato fraco, abundante, incontinência urinaria, enurese, micção à noite, emissões noturnas sem sonhos, ejaculação precoce, espermatorréia, cansaço e abortos recorrentes. Rim falhando em receber o Qi Trabalho físico de pé excessivo e fraqueza hereditária do pulmão e rim podem ser predisponente ao desenvolvimento desse padrão. Ele só pode surgir em condições crônicas e persistentes patológicos, como também pela falha de comunicação entre o pulmão e rim. Logo, encurtamento da respiração pelo esforço, lombalgia e urina clara deduz-se a esse padrão. Outros sinais e sintomas podem acompanhar, como respiração rápida e fraca, dificuldade para inalar, tosse crônica e/ou asma, transpiração espontânea, membros frios, inchaço da face, corpo delgado, apatia mental, urina clara durante o de asma, tontura e tinido.
AVALIAÇÃO DE CONCLUSÃO DO MÓDULO DE ETIOPATOGENIA E FISIOPATOLOGIA ENERGÉTICA EM MEDICINA CHINESA
Discente: Jaime Pereira Rotondano Neto Docente: Jackson Santos Disciplina: EFEMC II - Etiopatogenia e Fisiopatologia Energética em Medicina Chinesa Turma: FA246
Data da entrega: 06 de Abril de 2013
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