O Judô Na Escola: A Busca Do Equilíbrio No Desenvolvimento Humano y554x

Copyright © 2021 by Paco Editorial

Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

Revisão: Márcia Santos

Capa: Matheus de Alexandro

Diagramação: Leticia Nisihara

Edição em Versão Impressa: 2021

Edição em Versão Digital: 2021

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S586 O Judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano / Valécio Senna Va

Índice para catálogo sistemático I. Desenvolvimento humano

Conselho Editorial

Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)

Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)

Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)

Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)

Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)

Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)

Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)

Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)

Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)

Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)

Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)

Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)

Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)

Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)

Paco Editorial

Av. Carlos Salles Bloch, 658

Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Salas 11, 12 e 21

Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100

Telefones: 55 11 4521.6315

[email protected]

www.pacoeditorial.com.br

Recent Discoveries in the Altai: Issues on the evolution of homo sapiens (Chunkov, 2012)

Dedico este livro primeiramente à Andreia Senna, minha querida e amada esposa, que me deu meus dois filhos maravilhosos, Manoella Senna e Matheus Senna, como também gostaria de homenagear o Theo Senna, meu primeiro neto. Aos meus queridos pais Anazildo Vasconcelos e Norma Senna. Aos meus irmãos Cimélio Senna e Moame Senna. À minha cópia feminina e querida Irmã, que sempre e muito me ajudou em toda esta jornada do caminho suave do conhecimento, sendo uma professora e uma atleta de alto rendimento, pioneira do Judô Feminino no Brasil, Essaria Senna.

AGRADECIMENTOS

Gostaria muito de agradecer a todos os meus Professores e Mestres, que fizeram parte desse meu percurso no “Caminho Suave do Conhecimento”. Ao Grande Mestre dos Mestres, Prof. Jigoro Kano, 10º Dan, criador do judô. Ao Meu Mestre dos Mestres, Prof. Yoshimasa Nagashima, 9° Dan, introdutor do judô no Rio de Janeiro, onde iniciei, aos 5 anos, em 1970, no clube AABB Lagoa, descobrindo, portanto, a minha vida. Ao Mestre Prof. Gerson Paulino, no Clube Bandeirantes, ao qual devo a continuidade. Ao Mestre Prof. Ivan Luna, no Clube Game, pelo aprendizado. Ao Mestre Alfredo Dornelles, na UGF, pelos excelentes treinos. Ao Mestre Carlos Alberto, no Clube de Regatas do Flamengo, onde virei faixapreta. Ao Grão-Mestre Geraldo Bernardes, pelos ensinamentos e conhecimentos universitários, bem como pelas performances de alto rendimento no Treino do judô. Quero agradecer também a todos os parceiros de treinos no judô que me fizeram forte, assim como a todos os meus alunos pela motivação e a todas as Instituições Escolares, Clubes, Academias, Universidades, Vila Olímpica e Projetos que trabalhei. Em suma, obrigado por acreditarem sempre no meu Trabalho e no meu Potencial.

DIRETÓRIO DE PRODUÇÃO

Conteúdo e Conhecimento • Valécio Senna Doutorado Desporto Vila Real – Portugal Mestre em Motricidade Humana Ca Fotos, Edição e Diagramas • Jorge Olivos Faixa Marrom Brazilian Jiu Jitsu 3° grau BSc. Industrial Engineering PU - P

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.3. Ideário possível da linha evolutiva Tabela 2.6. O ensino do Judô Tabela 3.8. Series de Nague-Waza Tabela 3.15. Osaekomi -Waza Tabela 3.16. Shime -Waza Tabela 3.17. Kansetsu -Waza Tabela 6.1.Aulas Tabela 6.2 – Níveis de Planejamento Tabela 6.8.Nome das lutas Tabela 6.10. Desenvolvimento humano

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Tsugi-Ashi 1-2 Figura 1. Tsugi-Ashi e Tai-Sabaki Figura 2. Tsugi-Ashi 1-2 Figura 3. Tsugi-Ashi 3 Figura 4. Tai-sabaki 1 Figura 5. Tai-sabaki 2 Figura 6. Tai-sabaki 3 Figura 7. Tai-sabaki 4 Figura 8. Tai-sabaki 5 Figura 9. Nague-Waza Figura 10. De-ashi-harai Figura 11. Hiza-guruma Figura 12. Sasae-tsurikomi-ashi Figura 13. Uki-goshi Figura 14. O-soto-gari Figura 15. O-goshi Figura 16. O-uchi-gari

Figura 17. Seio-nague Figura18.Kosoto-gari Figura 19. Ko-uchi-gari Figura 20. Koshi-guruma Figura 21. Tsurikomi-goshi Figura 22. Okuri-ashi-harai Figura 23. Tai-otoshi Figura 24. Harai-goshi Figura 25. Uchi-mata Figura 26. Ko-soto-gake Figura 27. Tsuri-goshi Figura 28. Yoko-otoshi Figura 29. Ashi-guruma Figura30. Hane-goshi Figura 31. Tomoe-nague Figura 32. Kata-guruma Figura 33. Kata-guruma em pé Figura 34. Sumi-gaeshi Figura 35. Tani-otoshi Figura 36. Hane-makikomi Figura 37. Sukui-nage

Figura 38. Utsuri-goshi Figura 39. O-guruma Figura 40. Soto-makikomi Figura 41.Uki-otoshi Figura 42. Osoto-guruma Figura 43. Uki-waza Figura 44. Yoko-wakare Figura 45. Yoko-guruma Figura 46. Ushiro-goshi Figura 47. Ura-nage Figura 48. Sumi-otoshi Figura 49. Yoko-gake Figura 50. Morote-gari Figura 51. Kuchiki-taoshi Figura 52. Kibisu-gaeshi Figura 53. Uchi-mata-sukashi Figura 54. Tsubame-gaeshi Figura 55. Osoto-gaeshi Figura 56. Ouchi-gaeshi Figura 57. Kouchi-gaeshi Figura58.Hane-goshi-gaeshi

Figura 59. Harai-goshi-gaeshi Figura 60. Uchi-mata-gaeshi Figura 61. Kani-basami Figura 62. Kawazu-gake Figura 63. Osoto-makikomi Figura 64. Uchi-Mata-makikomi Figura 65. Harai-makikomi Figura 66. Yoko-tomoe-nage Figura 67. Hon-Kesa-Gatame Figura 68. Kuzure-Yoko-Gatame Figura 69. Kami-Shiho-Gatame Figura 70. Tate-Shiho-Gatame Figura 71. Gyaku-Juji-Jime Figura 72. Hadaka-Jime Figura 73. Sankaku-Jime Figura 74. Tsukkomi-Jime Figura 75. Ude-Garami Figura 76. Juji-Gatame Figura 77. Ude-Gatame Figura 78. Hiza-Gatame

SUMÁRIO

Folha de rosto

Dedicatória

Agradecimentos

Diretório de produção

Lista de tabelas

Lista de figuras

Prefácio

Introdução

1. A atividade física cotidiana e a interferência direta na evolução biomorfológica-hominídea

1.1 A Evolução Humana e o Lutar 1.2 Teorias da Evolução das espécies e as Raças Humanas 1.2.1 Darwinismo 1.2.2 A formação das Raças 1.3 Quadro evolutivo das espécies e subespécies hominídeas atualizado 1.4 Um pouco da evolução humana: Os hominídeos 1.5 A família “Homo” 1.6 Atividade física e Desenvolvimento humano 1.6.1 O novo Caminho até a Hominização 1.7 As primeiras civilizações 1.7.1 Atividade física no seio das civilizações 1.7.2 Antiguidade Oriental (6.000 a.C.) 1.7.3 Antiguidade Ocidental

2. A filosofia do judô 2.1 O Filograma 2.2 Artes Marciais ou jiu-jítsu 2.3 Breve Histórico do Judô 2.4 Embasamento filosófico 2.5 O pensamento ético do mestre Jigoro Kano 2.6 O Espírito do Judô

2.6.1 Os Princípios 2.6.2 O ensino do Judô

3. Fundamentos, técnicas e treinamento 3.1 O cumprimento (a saudação “rei”) 3.2 O aquecimento (Taiso) 3.3 Os Ukemis 3.4 O Shisei – (postura ereta) 3.4.1 Shizen-tai – (posição fundamental) 3.4.2 Shintai 3.5 Kumi-kata 3.6 Kuzushi 3.6.1 Tsukuri 3.6.2 Kake 3.7 Kiai 3.8 As áreas de concentração do Judô 3.8.1 NAGUE-WAZA {técnica de projeção} 3.9 Gokyo no waza (Grupo 1) 3.9.1 De-ashi-harai 3.9.2 Hiza-guruma 3.9.3 Sasae-tsurikomi-ashi

3.9.4 Uki-goshi 3.9.5 O-soto-gari 3.9.6 O-goshi 3.9.7 O-uchi-gari 3.9.8 Seio-nague 3.10 Grupo 2 3.10.1 Kosoto-gari 3.10.2 Ko-uchi-gari 3.10.3 Koshi-guruma 3.10.4 Tsurikomi-goshi 3.10.5 Okuri-ashi-harai 3.10.6 Tai-otoshi 3.10.7 Harai-goshi 3.10.8 Uchi-mata 3.11 Grupo 3 3.11.1 Ko-soto-gake 3.11.2 Tsuri-goshi 3.11.3 Yoko-otoshi 3.11.4 Ashi-guruma 3.11.5 Hane-goshi 3.11.6 Tomoe-nague

3.11.7 Kata-guruma 3.12 Grupo 4 3.12.1 Sumi-gaeshi 3.12.2 Tani-otoshi 3.12.3 Hane-makikomi 3.12.4 Sukui-nage 3.12.5 Utsuri-goshi 3.12.6 O-guruma 3.12.7 Soto-makikomi 3.12.8 Uki-otoshi 3.13 Grupo 5 3.13.1 Osoto-guruma 3.13.2 Uki-waza 3.13.3 Yoko-wakare 3.13.4 Yoko-guruma 3.13.5 Ushiro-goshi 3.13.6 Ura-nage 3.13.7 Sumi-otoshi 3.13.8 Yoko-gake 3.14 SHIMMEISHO NO WAZA 3.14.1 Morote-gari

3.14.2 Kuchiki-taoshi 3.14.3 Kibisu-gaeshi 3.14.4 Uchi-mata-sukashi 3.14.5 Tsubame-gaeshi 3.14.6 Osoto-gaeshi 3.14.7 Ouchi-gaeshi 3.14.8 Kouchi-gaeshi 3.14.9 Hane-goshi-gaeshi 3.14.10 Harai-goshi-gaeshi 3.14.11 Uchi-mata-gaeshi 3.14.12 Kani-basami 3.14.13 Kawazu-gake 3.14.14 Osoto-makikomi 3.14.15 Uchi-Mata-makikomi 3.14.16 Harai-makikomi 3.14.17 Yoko-tomoe-nage 3.15 NE-WAZA 3.15.1 Osaekomi-waza/Imobilização 3.15.2 Shime-waza/Estrangulamento 3.15.3 Kansetsu-waza/Chaves e Luxação 3.16 Kata

3.17 Atemi 3.18 Kuatsu 3.19 Treinamento

4. A nova educação física: O Judô no currículo da escola 4.1 Proposta do Judô no Ensino Médio 4.2 Planejamento de ensino 4.3 A Ed. Física, motricidade humana e suas dimensões socioculturais

5. Aplicação do JUDÔ na escola: proposta de trabalho 5.1 Associação /Aplicação 5.2 Plano de Curso: JUDÔ 5.3 Metodologia e Estratégias 5.4 Conteúdo/Desenvolvimento

6. Anexos, dicionário de informativos 6.1 Anexo N°1: Aulas 6.2 Anexo N° 2: Planejamento Geral da Educação Física UIGM/2008 6.3 Anexo N° 3: Proposta de planejamento 6.4 Anexo N° 4: Desenvolvimento Humano 6.5 Anexo N° 5: Informativo do Judô

6.6 Anexo N° 6: Você sabia das origens das lutas no mundo? 6.7 Anexo N° 7: Informativo para pais 6.8 Anexo N° 8: Teste seu conhecimento 6.9 Anexo N° 9: Proposta de Implantação da Escolinha de Judô 6.10 Anexo N° 10: O Desenvolvimento Moral Na Escola Através Do Judô

Conclusão

Bibliografia

Página final

PREFÁCIO

Tive a oportunidade de acompanhar o trabalho de Valécio Senna desde o início de sua carreira na cidade Rio de Janeiro, onde ocupei o cargo de presidente da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro. A publicação do livro “O JUDÔ NA ESCOLA - A Busca do Equilíbrio no Desenvolvimento Humano” trará a materialização de 30 anos de experiência no ensino do judô. Valécio teve como seus professores grandes nomes do judô brasileiro e, com toda certeza, esta obra fornecerá aos leitores elementos profundos para uma reflexão sobre a filosofia, o histórico e o ensino do judô. Este livro será um norte à conduta, não só do professor de judô, mas também de todos os educadores esportivos, compatibilizando princípios históricos, sociológicos, afetivos, cognitivos e motores na arte de criar hábitos de ensinar o desporto de luta na escola. Ao longo de minha carreira, atuei nos diversos seguimentos de nosso esporte, como professor e pesquisador da UFRJ, como treinador de judô no âmbito estadual, nacional e internacional e na iniciação. Não pude deixar de notar ao longo destes anos que as publicações relacionadas ao judô são escassas e, ainda, a esmagadora maioria restringe-se apenas às demonstrações e caracterizações das técnicas. Professor Valécio Senna foi muito além, nos levando um novo pensar para as práticas de luta. Este livro vem preencher um vazio literário e oferecer aos professores, aos treinadores, aos técnicos e aos estudantes de educação física, a possibilidade de refletirem, melhorarem seus estudos e se aprofundarem no ensino do judô nas escolas. Estudioso, pesquisador e praticante de judô, o autor escreve amplamente sobre a evolução humana e o lutar, utilizando-se muito bem de dados históricos que influenciaram a filosofia e, posteriormente, o ensino do judô. Descreve ainda com clareza os principais fundamentos, técnicas e treinamentos, na busca de uma reflexão sobre o judô no currículo da educação física na escola, baseado na nova educação física, sempre com o foco de propor a aplicação do judô, ou da

luta, no ensino escolar. Parabenizo o Professor Doutor Valécio Senna pela iniciativa de escrever esta obra abrangente em que estuda e aprofunda a reflexão sobre os diversos aspectos do ensino do judô na escola. Fiquei honrado em ser convidado para prefaciar essa obra, fruto dos esforços desse professor. Boa Leitura e Saudações Esportivas.

Prof. Dr. Ney Wilson Pereira Doutor em Educação – Honoris causa, pela Universidade Internacional USA Professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro Gestor do alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô 8° Dan de Judô

INTRODUÇÃO

Valécio Senna é um lutador! Construiu sua carreira no Brasil, realizou a pósgraduação em Portugal e na Rússia tem se inserido profissionalmente na área das modalidades esportivas de combate. Seu livro “O JUDÔ NA ESCOLA: A Busca do Equilíbrio no Desenvolvimento Humano” vai muito além do judô! Não se engane o leitor em achar que é um texto que versa exclusivamente sobre o Caminho Suave. De início já temos o tom do conteúdo, que é distribuído em seis capítulos muito bem contextualizados e ilustrados. O Dr. Senna inicia a obra com um caloroso debate sobre a evolução humana e o ato de lutar. Esta recuperação histórica é mister, dada a relevância das lutas, artes marciais e modalidades de combate no cenário contemporâneo. Por exemplo, nos Jogos Olímpicos de 2020, 25% de todas as medalhas olímpicas distribuídas são derivadas de modalidades esportivas de combate (luta olímpica, esgrima, boxe, judô, taekwondo e karatê). Neste cenário inicial, o autor explora aspectos relacionados à evolução e os porquês de o homem ser um ser, em essência, lutador. Percorre temas relacionados ao Darwinismo e Neodarwinismo e explora teorias sobre porque somos o que somos. Uma leitura interessante e construtiva. Explora-se, a partir daí, a relação entre atividade física e desenvolvimento humano. Neste sentido, o autor reforça a ideia de o quanto nossos ancestrais realizavam atividades em suas rotinas cotidianas, e o quanto ela foi importante para o nosso desenvolvimento enquanto humanos civilizados. ado este grande bloco de aspectos relacionados à origem e ao desenvolvimento do ser humano, o autor mergulha na temática relacionada ao judô propriamente dito. Percorre temas de relevância elevada, como a história dos primórdios que levaram a estruturar o judô, sua origem, história e filosofia. Destacam-se, neste cenário, explicitações acerca dos aspectos éticos do judô, sobre o espírito da modalidade, norteado por duas máximas: seiryoku-zenyo e a jita-kyoei, e seus princípios.

Na sequência, discute-se sobre os fundamentos e técnicas, bem como sobre o treinamento aplicado ao judô. O autor percorre os componentes de uma sessão típica de treino, detalhando aspectos relevantes, como cumprimentos, aquecimento e técnicas – sejam elas relacionadas à projeção do oponente ou seu domínio no solo. De modo sensato, o quarto e quinto capítulos versam sobre o judô no ambiente escolar, como matéria curricular da escola. São discutidos temas como a inserção em diferentes cenários, bem como o planejamento e a proposta de trabalho que considera o judô como atividade relevante no processo de ensino-aprendizagem. Destacam-se diversas estratégias pedagógicas, aulas com procedimentos diversos e motivantes, as quais favorecem sua incorporação em diferentes cenários escolares. A obra é finalizada com uma seção extremamente interessante, composta por anexos com planos de aulas, proposta de planejamento, um dicionário de informativos sobre temas e textos de interesse para praticantes e responsáveis legais. Certamente, o livro “O JUDÔ NA ESCOLA: A Busca do Equilíbrio no Desenvolvimento Humano” contribuirá sobremaneira para a atuação de professores de judô e professores de educação física de modo geral! Parabéns, Dr. Senna por esta incrível contribuição à área.

Prof. Dr. Fabrício Boscolo Del Vecchio Doutor em Educação Física – Unicamp Professor da Universidade Federal de Pelotas Membro e vice-líder do grupo de estudos e pesquisas em lutas, artes marciais e modalidade de combate – USP Autor do livro Preparação física para atletas de Judô (Phorte editora, 2008) Co-autor do livro Pronto pra guerra, Preparação Física específica para luta e superação (OMP editora, 2010)

2° Dan de Judô

1. A ATIVIDADE FÍSICA COTIDIANA E A INTERFERÊNCIA DIRETA NA EVOLUÇÃO BIOMORFOLÓGICA-HOMINÍDEA

Com certeza e há aproximadamente 2 milhões e meio de anos, os primeiros humanos já faziam uso somente das próprias pernas para se locomover, e, com isso, automaticamente promover o seu acelerado desenvolvimento, assim como o seu enorme sucesso ecológico. Assim, à procura de alimento e de abrigo para a sua sobrevivência, como também para escapar das severas ações climáticas e geológicas a que estavam expostos, os humanos nesse tempo precisavam percorrer cotidianamente grandes distâncias. Portanto, correr, lutar e os jogos lúdicos eram atividades constantes e naturais, posto que, além de propiciarem o treino para perseguir suas caças e fugir de seus caçadores, que eram muitos nessa época, influenciariam diretamente na evolução biológica, uma vez que o sistema nervoso, através da constante atividade física, se adapta quimicamente. Grosso modo, além da adaptação, ele reage por sua vez ao meio ambiente, de modo a transformar, liberar e produzir os hormônios fundamentais, a fim de trazer um controle e um equilíbrio das saúdes física e mental no nosso corpo, bem como de protegê-lo. Dado o exposto, a atividade física e a maturação cerebral com o nosso organismo sintetizam rapidamente as experiências nessa primeira fase evolutiva, cujas substâncias hormonais são utilizadas e liberadas pelo cérebro no corpo. Dentre elas, a Serotonina tem importante função neurotransmissora e é relacionada com a sensação de bem-estar constante, assim como insere a qualidade de sono e atua no apetite após muito esforço. Quanto à Endorfina, considerada um poderoso neuro-hormônio, é muito relevante no que diz respeito às sensações de conforto e de bem-estar aos estresses gerados diariamente. Por último, a Dopamina é mais um neurotransmissor com função qualitativa do cérebro, responsável pela melhora da memória e pela capacidade de controle dos movimentos voluntários. Nesta esteira, a atividade física diária e intensa, em relação com as mudanças no organismo, facilita a eficiência da circulação sanguínea, o bombeamento do coração e a melhora da função respiratória, aumentando gradativamente a capacidade pulmonar e balanceando a pressão arterial e as fibras musculares. A atividade física hominídea intensa,

conjuntamente com o Sistema Nervoso em acelerado desenvolvimento, garantiu uma proteção e uma evolução primária, sobretudo no quadro do próprio organismo humano como um todo, na formação da massa corporal e na manutenção do peso corporal, garantindo seguramente também as articulações, asseverando o nosso caminhar corporal para o desenvolvimento da Espécie Homo. Nessa feita, outras adaptações e características morfológicas e biológicas muito importantes acompanharam essa trajetória da evolução humana, como, por exemplo, o próprio bipedismo, a postura vertical, o pé como plataforma flexível e estável, as modificações da cabeça e da coluna vertebral, os membros superiores menores do que os inferiores, além do polegar opositor, do cérebro de grande capacidade na caixa craniana, da camada de gordura subcutânea, da face e da arcada dentária arredondada com caninos pequenos e pré-molares, tal como a infância e a maturação esquelética prolongadíssima. Desta forma, numa caracterização hominídea e sua transformação, acreditamos na ideia de que essas modificações aconteceram simultaneamente e num longo período evolutivo, sendo todas de suma importância e parte da grande engrenagem fabulosa da Árvore Genealógica hominídea. Dessa perspectiva, seguramente podemos dizer que, como conceito evolutivo humano, a inteligência, a linguagem, a percepção abstrata e a fabricação e o manuseio de ferramentas e de armas de combate, do mesmo que as lutas, os jogos e os rituais, nos sugerem uma abrangência de processos e de etapas acontecendo ao mesmo tempo, apontando a entrada e o início da vida social complexa, de maneira a ter a necessidade de se libertar do indivíduo num esforço da direção do cooperativo e civilizatório. Já imperativamente, o hominídeo caminha para a sedentarização e a mesclagem com as variáveis geográficas e as relações sociais, da mesma forma que com a expansão territorial, pois esse Corpo está estruturado a se mover a grandes distâncias, como também a solucionar os enormes desafios do cotidiano. Com isso, por meio das análises arqueológicas dos utensílios humanos encontrados, aqui serão relembrados os estudos acadêmicos de uma sequência de momentos na evolução cultural, fazendo a correspondência com as etapas da evolução biológica. Dando a continuidade deste sucinto resumo, já descrito e concluído sobre a ideia da importância evolutiva na prática física, que é diária e exaustiva na vida dos primeiros hominídeos, podemos entender que, com o ar do tempo, os Hominídeos foram se espalhando gradativamente por todo o planeta num

movimento natural. Seguidamente a esses movimentos, chegar-se-iam, através do advento natural da Revolução agrícola, a estabilização pelo conforto na aquisição dos alimentos e a criação do privado, iniciando-se o assentamento e a permanência na Terra, pondo fim àquela vida hominídea nômade e intensa; surgindo, então, a primeira revolução cultural humana que acontecera no campo Biológico, misturada e seguida da revolução cerebral evolutiva natural da espécie homo, sintetizando a princípio a ideia sobre o Genótipo e o Fenótipo diante da perspectiva de evolução da raça humana. Do ponto de vista biológico evolucionista, isso quer dizer que nós éramos uma verdadeira máquina de andar, correr e lutar, e, com a facilidade da diminuição da atividade física rígida, além da melhor performance e do uso da massa cinzenta, vieram, logo após os primeiros assentamentos, a posse da terra privada e o cultivo dos alimentos. Nesse sentido, entraríamos numa nova era e numa nova ordem social, fundindo e dando início ao que chamamos de Perspectiva Cultural Humana.

1.1 A Evolução Humana e o Lutar

A luta é um pressuposto da existência humana porque é de fato mais antiga do que a nossa própria cultura. Através dela sabemos que a seleção natural das espécies, que pressupõe o lutar no dia a dia, obviamente garantiu a nossa sobrevivência. Nessa linha de raciocínio, a atividade física e o movimento, constituídos de conduta e de comportamento motor, descreveram toda a nossa evolução homo como espécie e o surgimento das sociedades, revelando e sendo a própria cultura. Em forma de arte, a luta enxergou no judô como um de seus principais expoentes, de modo que o vocábulo é atinente, em sua etimologia, como o princípio da arte ou o modo ou caminho ágil, havendo distinção entre um dicionário e outro. O Infopédia, em sua versão on-line, que segue os preceitos do português de Portugal, faz-nos crer que o japonês ju seria ágil, somado ao termo dô, ou seja, modo. Para Antônio Geraldo da Cunha (2010), o japonês judo está atado à condição outra de “princípios da arte”. De mais a mais, obras tantas vislumbram na luta, em sua prática e sentido, o caminho suave ou um modo nobre para lidar com a evolução supracitada. Nota-se, com a devida circunspecção, que o judô é o emblema tal da evolução do homem enquanto espécie. Dado o exposto, com a necessidade de ser visto e asseverado como norma, o judô produz em si, enquanto continuação ímpar da luta, os prolegômenos etimológicos da palavra escola, haja vista que o grego scholé, aos olhos de intelectuais de toda ordem, faz às vezes de descanso, já que, em tempos remotos, o estudo era a ocupação dos que descansavam e/ou não trabalhavam. Colaborando para o maior entendimento da perspectiva multidimensional sobre a luta, e a relação na evolução humana que abordaremos ao longo desta obra, pode ser também perfilada no exemplo descrito abaixo:

O crescimento e desenvolvimento de qualquer pessoa é, como o próprio curso da

evolução, uma luta. A evolução biológica é uma luta entre diferentes plantas e animais, enquanto a evolução do indivíduo humano é uma luta entre vários talentos. Assim como os filhotes podem perder a capacidade de ver linhas verticais, nós podemos perder muitos de nossos talentos à medida que nós desenvolvemos (Burke, Ornstein; 1998 cap. 1; pag. 38)

1.2 Teorias da Evolução das espécies e as Raças Humanas

As teorias da Evolução Humana em subespécies, espécie e em raças são o processo longitudinal, pelo qual o ser humano se desenvolveu na Terra num longo período. Influenciadas diretamente e de forma especial pelos mecanismos da grande natureza, elas mostram as considerações e comprovações das novas descobertas de ciência da Paleontologia, Biologia, História, Arqueologia, bem como da Antropologia, Genética e Motricidade Humana e suas técnicas, uma vez que, através dos fósseis e até do estudo avançado do DNA humano, os utensílios achados e gravuras rupestres esclarecem, pelo menos em parte, o interessante percurso da criatura humana. Entendido às vezes zoologicamente, o Ente ser do Homem, Homo sapiens, é a continuada espécie que viveu em árvores e que posteriormente foi adaptada ao chão, andando por sua vez junto com a história e conquistando o Mundo. Ao descrever essa ideia evolucionista, desde seu aparecimento até os dias atuais, devemos primeiro tratar de reativar a Macrovisão comparativa e as evidências da origem dos seres vivos e das mudanças lentas e graduais que sofreram. No mais, todos os organismos existentes evoluem e se modificam naturalmente, posto que o estudo comparativo da forma anatômica de seres vivos diferentes também ajuda a entender melhor os mecanismos da evolução desses. O conhecimento da estrutura óssea e sua nuance, ainda que utilizados de maneiras variadas, são um indício de uma ancestralidade comum. Analisando estruturalmente formas anatômicas de seres vivos diferentes, tal saber também ajudou a entender e a desvendar os mecanismos da nossa evolução. O estudo da estrutura óssea e os fósseis encontrados, embora usufruídos de modos diversos e achados em épocas distintas, além de uma ancestralidade comum já exposta, também são um gatilho para a percepção das mudanças anatômicas sequenciais e em progressão contínua, existindo entre uma espécie em comparação à outra, nos fornecendo uma quantidade e uma variedade de novas informações sobre todo o processo e a interpretação desse mecanismo organizado para a nossa evolução. Outro conceito definidor e inspirador nessa linha de pensamento é o da

irradiação adaptativa, haja vista que ressalta que os organismos com parentesco evolutivo, mas que vivem em regiões diferentes, acabaram sofrendo uma adaptação dos órgãos ao ambiente onde vivem, o fenômeno da convergência adaptativa. Nesses casos, mesmo vivendo em ambientes iguais, as pressões da seleção natural são muito semelhantes e estão por indicar estruturas adaptadas e aptas a atuar no ambiente. Desse modo, mesmo que tenham origens distintas, as estruturas acabam se tornando parecidas, se caracterizando sobre a existência de nossos anteados comuns. Em vista disso, podemos concluir que existe muita semelhança entre as primeiras etapas do desenvolvimento embrionário em muitas outras espécies. Assim, sabe-se que nesse processo de cientificação da origem humana se desenvolveram hipóteses outras sobre as teorias da evolução, ficando estabelecido que as influências do meio ambiente são responsáveis pelo transformismo do organismo, e, hoje em dia, sabemos até que os caracteres adquiridos não são transmitidos aos descendentes, como também estamos cientes de que as espécies mudam com o decorrer do tempo e de que todas elas procedem de um anteado comum, conforme uma grande quantidade de provas biológicas, morfológicas e genéticas, reunidas basicamente por largos estudos científicos. Porém, levando em conta que havia espécies muito diferentes das atuais e outras que desapareceram, não é a mesma variedade de organismos vista há milhões de anos.

1.2.1 Darwinismo

Segundo Darwin, os indivíduos de uma mesma espécie não são iguais, mas apresentam pequenas variações de suas características. O resultado da incessante luta pela vida e sobrevivência adaptativa e qualitativa, que ocorre entre indivíduos de uma mesma espécie no campo evolutivo, tem como intento sobreviver e resistir mais. Dado o exposto, aqueles que possuem variações mais vantajosas, os mais bem dotados, são classificados como os Super-Hominídeos resistentes a tudo e a todos, entendidos como indestrutíveis. Nessa feita, é o que se conhece como seleção natural dos indivíduos com características mais fortes, qualitativas e bem adaptadas. Conquanto a teoria da seleção natural de Darwin esteja correta em linhas gerais, os cientistas a partir daí estudaram qual era a causa primária da variação das espécies. A bem da lógica, o neodarwinismo e os conceitos mais modernos identificam o autor como o responsável, pois a causa da variação genética das populações humanas ocorre em dois termos fundamentais de importância do surgimento dos fenômenos aleatórios, isto é, as mutações e a recombinação genética. Destarte, entendo que a própria seleção natural escolhe os favoráveis com maior possibilidade de êxito em sua descendência maior e que tanto a mutação seletiva como a seleção natural explicam o processo da evolução. Na atualidade, acredita-se que a maioria das espécies apareceu após cumprir simultaneamente definidos degraus nesse processo. Obrigatoriamente com o isolamento geográfico e suas modificações ambientais, criam-se as barreiras isolativas geológicas e as separações de subpopulações de uma espécie em diferentes regiões. Ademais disso, a diversificação gênica das subpopulações isoladas é recriada pelas mutações, ou seja, a ordenação dos Gens tende a dilacerar as menos competitivas na própria seleção natural, eliminando-as gradativamente. Por último, com grande influência, o isolamento reprodutivo, resultante da impossibilidade ou da facilitação de diferentes indivíduos de subpopulações, se cruzarem entre eles, sendo normalmente dificultado ou inível, e, quando afastadas por um longo período, interferiria e bloquearia os acasalamentos, acontecendo essa reprodução isolada quase que somente entre eles; atingindo, a partir dessa ideia, até mesmo as subpopulações que seriam

consideradas espécies distintas. A Teoria da Savana teve sua grande contribuição ao decifrar a ideia do ambiente e as suas transformações no indivíduo, dado que enquanto pesquisa teve como um dos aspectos mais intrigantes os estudos da paleoantropologia, referentes à influência da Teoria da Savana nesse campo científico. Acreditando na ideia de que o hominídeo abandonou a vida arborícola e desceu ao chão para enfrentar e, posteriormente, adaptar-se às infinitas savanas que estavam à sua frente, ele influencia até hoje os paleoantropólogos, visto que ainda é descrita a hipótese ou teoria dos “campos abertos”, reforçada com o achado de fósseis de hominídeos encontrados na África. Por conseguinte, há sempre novos estudos, e, com eles, nascem sempre novas especulações e teorias da evolução humana, não podendo somente desacreditar como também validar de imediato outra, tendo em vista a porfiada transformação da ciência e os novos descobrimentos. As verdadeiras origens da humanidade ainda continuam como um assunto de grande divergência científica e social, acontecendo entre as concepções criacionistas e as teorias e concepções evolucionistas, principalmente acerca do agrupamento e da divisão dos seres humanos, de seus parentes e de subgrupos de origem, tendo sido enxertados novos dados a cada momento e ao longo de todo o nosso tempo. A discussão inócua da evolução futura da espécie humana é geralmente interessada à ficção científica como continuação da especiação dos humanos, à medida que pertencem a vários nichos ecológicos. Decerto, concluímos agora que o ambiente da Terra e que suas enormes modificações geológicas e climáticas drásticas, ocorridos na crosta terrestre, transformam o mundo e todos os seres nele existentes. No caso da nossa espécie homo e do nosso ado, e à força tomadas pela ação da rígida Natureza, as perdas do conforto, da proteção das árvores e florestas e de sua farta alimentação não mais pertenceriam aos nossos ancestrais. Nesse sentido, como exemplo, temos os Terremotos e as Inundações criando enormes montanhas e fendas, separando e impulsionando a necessidade de movimentação, de sobrevivência e de luta por tudo, consequentemente gerando e explicando o Transformismo ultraado pela Criatura Hominídea, necessária para se auto redescobrir em um plano horizontal. Desse quadro da separação e da nova estrutura física, originadas das Savanas, matas e desertos, conclui-se que a maioria dos cientistas se forjou nesse momento, dado que fora um ambiente ideal para a formação e para o desenvolvimento de novas espécies, que teriam de sofrer adaptações severas nos campos Biomorfológico e cultural.

Sendo assim, o sistema nervoso e suas sinapses, o avanço da dieta alimentar, o antes herbívoro para carnívoro, bem como o aparelho motor preparado para percorrer distâncias e a própria celebrização como a primeira Revolução Biológica, comprovam que os grupos de espécies que se separaram, que seguiram diferentes transformações e diferentes ancestrais, mesmo que em algum tempo lá atrás, poderiam estar juntos. A exemplo disso, iremos destrinchar nesse livro a nossa descendência ada dos macacos, Orangotangos, Gorilas e Chimpanzés, e como as raças foram formadas, apresentando um quadro resumido e evolutivo, contemplando todas as últimas descobertas científicas. Em bases científicas sólidas, após esse Rift geológico e a separação geográfica das espécies iguais, muitos estudos revelam um parentesco proximal, através de análise dos patrimônios do gênero homo e de suas raízes, baseada na semelhança encontrada no estudo das proteínas humanas e os chimpanzés, que é nitidamente muito grande, e também na correlação cromossômica e em seus pares, os grandes Símios, nossos irmãos. Com o grande avanço tecnocientífico e com as especificações nos estudos do DNA mitocondrial mais fácil de serem feitas, é comprovado também como evoluíram muito próximos o homem e o chimpanzé, mas com o detalhe definidor de que a separação do ramo homo é anterior às diferenças existentes entre, por exemplo, o chimpanzé e o gorila, que se separam depois. Relacionados os dados, caminhamos até aqui centrados em nossos ancestrais, montando peça por peça deste quebra-cabeça de nossa possível árvore genealógica, referindonos a dados e a pesquisas que comprovam a legitimidade da afirmação que acreditamos estar correta, ou seja, somos descendentes dos antigos Primatas.

1.2.2 A formação das Raças

Os estudos modernos nessa área são qualitativos e, nos últimos anos, tem-se analisado enormes populações do planeta, suas diferenças geográficas e seus grupos sanguíneos. Há diferenças encontradas nas frequências dos diversos tipos, em contraposição aos diferentes locais de se viver do globo terrestre. Nesse sentido, o fator que pode diferenciar então em duas populações é exatamente a frequência relativa de cada grupo sanguíneo, e não somente a ausência ou a presença do grupo. Dessa forma, a ideia de uma mutação, ou o nascimento do gene sanguíneo, se emparelha com a saída hominídea da Afro-Ásia, se alastrando por migração para todos os continentes. Portanto, para se conceituarem as Raças e suas origens, sendo politicamente correto, temos de lembrar de que entramos um pouco na área da Sociologia e da hermenêutica, vislumbrando colaborar para as verdadeiras hipóteses e sem interferência política e social, nos argumentos e nas futuras conclusões sobre o assunto Racial e sua hegemonia. Sem em qualquer momento fazer um juízo de valor sobre elas, apresentaremos suas especificidades biológicas. A complexidade humana notória e seu aparato biomorfológico-cultural nos induz a pensar que, no tocante às características das raças, levando-se em conta as diferenças geográficas, as variações climáticas englobam outros tipos de variáveis, como temperatura, região, alimento, temporalidade e a cultura. Mergulhando num universo das ideias e hipóteses, claramente se abrem portas para a classificação mais detalhada das raças humanas, que são divididas e agrupadas basicamente nestas quatro estruturas: Caucasianos, Australoides, Mongoloides e Negros. Atualmente, com crescimentos de várias sociedades e com a miscigenação das raças e dos povos, às vezes temos a impressão de que regredimos aos tempos da caverna, sobretudo devido a discursos e a atitudes racistas, a preconceitos com etnias e ao surgimento de pequenos grupos raciais radicais. De fato, podemos dizer que uma cor da pele varia apenas pela quantidade de melanina encontrada no humano. A bem da lógica, há uma diferença quantitativa

dentro do pressuposto dos indivíduos, sendo da mesma raça, mas que ainda é o menor dos problemas em termos de variação, por exemplo, dentro das próprias raças. As classificações e especificidades raciais são centradas nos olhos (olhos claros ou olhos escuros), na pele (pele clara, pele escura ou pele amarelada), nos tipos de cabelo (cabelos lisos, cabelos encaracolados ou cabelos crespos) e nos tipos de nariz (nariz estreito, nariz largo ou nariz achatado), dentre outras variáveis desses quatro grupos estruturais acima. A conclusão do tema sobre o estudo das raças é de suma importância e nos fornece iluminação sobre a formação das raças humanas, servindo de referência direta na aplicação prática desportiva, por exemplo, dentro de Desportos de Combate, sendo o objetivo primário deste livro, que é qualificar e desenvolver o trato nos treinamentos de artes marciais, somado ao uso de todo o conhecimento aplicado nesse trabalho para reformular a visão dos profissionais da área e elevar a sabedoria, a capacidade da ação crítica, com a possibilidade de se poder trabalhar diversos experimentos, como, por exemplo, os caracteres dos Somatótipos dos atletas de diferentes países, podendo ser cruzados esses dados raciais e genéticos, usando de suas características físicas, estruturais e ancestrais, para melhorar os treinos e a performance, como também para entender melhor o seu oponente futuramente. Saber-se-iam, com isso, as características da massa muscular, largura dos ossos, percentual de gordura e a estatura, gerando diretamente uma influência nos dados de aquisição física, como força, velocidade e agilidade.

1.3 Quadro evolutivo das espécies e subespécies hominídeas atualizado

Inicia-se esse tópico com a intenção de clarear e de ordenar ainda mais o quadro evolutivo; completando, dessa forma, o detalhamento feito acima sobre todo o processo da constituição das espécies e raças humanas. Assim, cronologicamente, tem-se o fito de hierarquizá-las, sintetizando aqui as últimas descobertas científicas nos diversos campos do conhecimento, por meio de fósseis e utensílios, cavernas, armas, fragmentos ósseos, ferramentas, gravuras ou grafias rupestres encontradas. Com isso, além de sua ordenação mais lógica, faz-se crucial analisar temporalmente essas diferenças existentes entre o local e a idade aproximada das espécies homo, escolhendo em uma classificação crescente e supondo a hipótese monocêntrica, de modo que se acredita ter ocorrido o cruzamento entre as numerosas e diferentes espécies de hominídeos na linha da evolução, o que com certeza poderia explicar melhor a purificação racial e também validá-la, devido ao extraordinário resultado obtido em pesquisas na área da engenharia genética, que por seu turno identifica positiva em parte a correlação encontrada entre os fósseis de diferentes espécies de hominídeos com os atuais humanos, confirmando que existe a possibilidade de transposição do patrimônio genético em seu o a o e entre as espécies em ordem subsequente de evolução e seleção natural. Os caracteres estudados sugerem senilidade entre nossos anteados e o homem moderno, isto é, Proteína, mapeamento genético e DNA mitocondrial são também encontrados atualmente no “Ente do ser do Homem”, que está espalhado por todo o planeta, assim como há milênios em várias espécies hominídeas sequencialmente anteriores e que serão contempladas nessa sugestão descritiva de ordenamento no Quadro Evolutivo abaixo. Esse quadro apresentado é representativo, somativo e crítico, sendo referenciado em uma visão evolucionista conclusiva, baseada nas ideias da teoria da substituição como pano de fundo, mas aderida à nova hipótese clara da teoria da miscigenação que ocorreu conjuntamente e que até, talvez, em uma grande escala. Assim, fica descrito nesse documento, após muita leitura e crítica, uma

análise da dualidade existente na interpretação científica nesse assunto. Portanto, oferecemos uma nova linha de pensamento, onde as teorias são validadas somente se vistas em conjunto na ação e participação. No quadro abaixo, há uma síntese aproximada de datas e de idades dos achados científicos, assim como o local e alguma informação adicional relevante.

Tabela 1.3. Ideário possível da linha evolutiva

Ideário possível da linha evolutiva 1 2 3 v4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Data Australopithecus anamensis Australopithecus afarensis Australopithecus aethiopicus Australopithecus robustus Australopithecus bonsai Australopithecus africanus Homo habilis Homo rudolfensis Homo erectus Homo ergaster Homo soloensis Homo pequim Homo heidelbergensis Homo neanderthalensis Homo sapiens Homo denisova Homo cro-magnom Homo floresiensis Homo sapiens sapiens

Local 4 m.a. 4 m.a. v 3 m.a. 3 m.a. 2.5 m.a. 2.5 m.a. 2 m.a. 1.9 m.a. 1.5 m.a. 1.5 m.a. 1 m.a. 1 m.a. 500 m.a. 300 m.a. 150 m.a. 50 m.a. 35 m.a. 13 m.a. 40 m.a.

África África África África África Olduvai Olduvai Quênia África/Ásia Quênia Java China Alemanha Alemanha/Europa Metade do planeta Rússia França Indonésia Todo o planeta

Fonte: Criada pelo autor.

Seguem agora mais algumas informações e detalhes sobre essas descobertas acima, com o enfoque informativo desses dados e evidências paleontológicas em algumas dessas espécies de hominídeos do quadro exposto. Decerto, cada descoberta científica segue agregada a hipóteses, a suposições e a novos estudos e enfoques, dado que nunca podem ser descartados fazendo ciência. Partindo do início, o desfiladeiro de Olduvai na Tanzânia, no grande vale do Rift, localizado na África Oriental, concebeu os primeiros achados fósseis e ferramentas e utensílios da família Austrolopithecus, já toda mencionada acima, como também do seu sucessor, o Homo habilis. Seguindo essa rota, foram encontrados fósseis do Homo rudolfensis e do Homo ergaster, no lago Turkana, no Quênia, indicando haver a contemporaneidade de evolução e ligação com o Homo soloensis, com fósseis descobertos em Java, e com o Homo de Pequim, com fósseis localizados na China. Aliás, quanto ao Homo erectus, foram descobertos fósseis por toda a África, Oriente Médio e Ásia posteriormente. Deslizando nessa esteira, os Homo heidelbergensis e seu sucessor, Homo neanderthalensis, foram encontrados primeiramente na Alemanha, depois na Europa de modo geral, e hoje sabemos que se espalharam também pela Ásia. Por fim e logicamente, os achados mais recentes do Homo denisova estão na Sibéria, onde, através do rastreamento de seu DNA, concluíram ter se originado no berço africano, pois houve uma migração que diferencia os neandertais dos sapiens. Para com o Homo floresiensis, isso indica o tamanho do expansionismo hominídeo por todos os cantos do mundo, haja vista que há provas de achados na Indonésia. Sendo assim, os últimos predadores e o Rei da nossa espécie, o Homo sapiens, na sua conquista territorial, encontraram provas pela Europa e Ásia. É certamente sabido que os outros hominídeos, Homo erectus e Homo neanderthal, tiveram de conviver na mesma época, o que nos leva a poder acreditar na possibilidade de a natureza e o humano agirem em conjunto e silenciosamente, fazendo com que a eliminação e o acasalamento ocorressem juntos. Concluindo tudo comentado até aqui, o Homo sapiens é a única espécie que ainda permanece viva e que carrega em seu DNA toda essa linha evolutiva, por sua vez representada por Lutas e conquistas nos campos biológico e cultural, no caminho do aprimoramento e da sobrevivência de uma espécie aparelhada dia a dia pela

natureza, a fim de ser um homem-máquina.

1.4 Um pouco da evolução humana: Os hominídeos

Os primeiros primatas mais desenvolvidos apareceram há cerca de 10 milhões de anos, respectivamente nas savanas descendentes dos Pongídeos, espécie existente há 7 milhões de anos. Nos conceitos dos cientistas, abordando o homem pré-histórico, pode-se partir da descoberta no desfiladeiro de Olduvai, onde o ancestral do homem, dentro da classificação científica, denominado de Australopithecus africanus, foi encontrado com idade de aproximadamente 2,5 milhões de anos, e, pelas evidências deparadas, fica claro o comportamento de seu grupo. Considerando a forma de seu habitat e as relações de trabalho das fêmeas em tarefas da casa, os homens já fabricavam suas ferramentas, provando que por volta de um milhão de anos a.C já existiam por todo o planeta. Assim sendo, sabemos que as condições climáticas foram o maior fator de dificuldade para a sua sobrevivência, tal como que a seleção natural genética evolutiva favoreceu o surgimento de outras espécies cada vez mais evoluídas. O Homo habilis, que esteve por aqui cerca de 2,5 milhões de anos a.C e logo cedeu espaço para a chegada do Homo erectus, transformando a postura meio curvada para totalmente ereta, possuía características divergentes em relação a outras espécies, qual seja, um cérebro enorme com o dobro de tamanho do Australopithecus, além de suas ferramentas, feitas com mais capricho, podendo também ser aludido o machado de pedra encontrado. Na parte física associada ao raciocínio, o Homo erectus foi devidamente bem-sucedido, pois na caçada desenvolveu a habilidade especializada, o que lhe garantiu a evolução lenta de sua espécie durante um bom tempo.Essa mudança evolutiva está localizada, aproximadamente, entre 2.500.000 e 1.000.000 a.C.

1.5 A família “Homo”

Quando falamos de homem pré-histórico, lembramos de quantas espécies de hominídeos habitaram a Terra durante longos períodos e de que as diferentes espécies evoluíram separadamente, mas no mesmo espaço de tempo, gerando a princípio uma dificuldade de compreensão e até mesmo de situar essas espécies. Com isso, há o exemplo do Homo sapiens evoluído de outras espécies e que, por conseguinte, se localiza na história, aproximadamente, em 200.000 a.C. O homem de Neandertal, que viveu há 500 mil anos descoberto em escavações na Europa, mais precisamente na Alemanha (vale de Neandertal, em Düsseldorf), é a nossa mais próxima descendência, pois representa a família Homo e a espécie Homo sapiens. O Homo sapiens Neandertal tinha crânios maiores e cérebros superiores às outras espécies de hominídeos, como, por exemplo, o Homo erectus. Ademais, as suas ferramentas e os seus objetos denotavam um domínio maior sobre o seu ambiente e o raciocínio avançado na busca da sobrevivência, mormente devido à ação rígida da natureza, cujas modificações climáticas (era glacial) determinaram o ritmo lento da evolução das espécies na Terra. Decerto, sabemos que o Homo sapiens ou neandertal se espalhou desde a Europa Ocidental e o Marrocos até a extrema China, que data o homem de Neandertal encontrado em 1.000.000 a.C. De qualquer forma, essa espécie viveu em grande parte da Europa e da Ásia, desaparecendo por volta de 30.000 a.C, pouco antes de outra era do gelo; essa, portanto, devastadora e uma das piores, onde a busca por proteção, superação e sobrevivência necessita de conhecimento pleno das forças da natureza, ordenando e induzindo as condutas humanas. A seleção natural genética das espécies, com a assepsia de raças, coloca um novo homem, o Homo sapiens, como o mais novo hominídeo a habitar a Terra. A bem dos fatos, com membros mais retos e com rosto e crânios mais leves, eles foram encontrados primeiramente no Oriente, próximo e nos Bálcãs cerca de 30.000 a.C. Com o degelo, provavelmente alcançaram a Europa, onde ficaram bem estabelecidos e, às vezes, em vez de serem chamados de Homo sapiens, eram alcunhados de Homem de Cro-Magnon.

Por volta também de 30.000 a.C, após a era glacial, os humanos cruzaram o estreito de Bering, e, aproximadamente nos 15 mil anos subsequentes, dominaram todas as Américas e a Austrália, encontrando vestígios da chegada humana por volta de 15.000 a.C.

1.6 Atividade física e Desenvolvimento humano

Neste capítulo, com enfoque na Ed. Física, procurá-lo-ei mostrar brevemente, quando falamos de pré-história e de sua evolução, a importância que tem o movimento. Sem mais preâmbulos, é sabido que as atividades pré-esportivas existiam há milhões de anos, haja vista que tudo dependia diretamente do movimento humano; partindo, assim, de interpretar e de expor o transcorrer da lenta evolução humana, começando sem dúvida com a necessidade de se manter e de lutar pela própria existência. Desse modo, o homem pré-histórico tinha o comportamento nômade, dado o fato de que estava sempre tentando dominar a natureza em busca de sua sobrevivência. Seus movimentos e atividades físicas, nessa fase humana, eram naturais e cotidianos, tais como saltar, correr, lutar, nadar e caçar. Para tanto, feitos esses movimentos repetitivamente, o prosseguimento dessas práticas rapidamente adquiriu evolução, e, decerto, foi o que gerou superioridade ao homem no reino animal, ou seja, o seu excelente desenvolvimento hábil do plano motor, concretizado com a utilização do polegar opositor, possibilitando lançar objetos, apreensão e até mesmo construí-los, somado ao crescimento gradativo do cérebro dentro da depuração evolutiva das várias espécies de hominídeos. Com o ar dos tempos, a fixação do homem com a terra, o início das técnicas agrícolas e a domesticação de animais vão gerar a luta pela posse da terra, isso com a visão do privado. Portanto, tem-se informações de atitudes físicas primitivas relatadas e datadas há aproximadamente 60.000 a.C, relacionando com a dança e lutas, indo ao encontro com a pura necessidade do humano de formar civilizações, de maneira que ocorrem o surgimento das primeiras sociedades e o desenvolvimento de novas raças e culturas.

1.6.1 O novo Caminho até a Hominização

Quando falamos acima sobre o processo de evolução da espécie humana, suscitando um caminho para a hominização, não significa que possamos determinar o exato momento em que a criatura pré-humana cede lugar ao homem. Entretanto, mediante nascimentos e renascimentos das várias espécies de hominídeos que habitavam a Terra simultaneamente, deduz-se, numa larga faixa temporal, que a luta diária pela sobrevivência e o desenvolvimento do genótipo através da apuração da espécie Homo, selecionando e alternando os princípios, construíram e enlaçaram a rigidez da natureza em relação ao fenótipo. Sendo assim, podemos inferir a deflagração e a orientação na maturação e utilização do cérebro, avançando nas conquistas da inteligência, da técnica, da luta, do jogo, da linguagem e da cultura, e na formação futura da identidade do homem moderno. No processo de hominização, evoluem conjuntamente as duas linhas do desenvolvimento da espécie Homo, qual seja, a evolução biológica e a evolução cultural. Estes polos, aparentemente contrários, estão vinculados um ao outro pelo processo evolutivo, fundando a dialética evolucionista que vai possibilitar a complexidade das relações sociais hominídeas, contrapondo-se ao ecossistema natural, elevando gradativamente a autonomia de uma cultura também complexa. De mais a mais, muitos são os estágios deste longo processo, correlacionado com as novas conquistas, em diferentes épocas, arrolando as mutações genéticas, os desafios da integração ecológica, a prática contínua e civilizatória da caça e das lutas, os jogos e danças, tal como o desenvolvimento da complexidade social e a própria constituição da cultura. Nesse momento de transformação da Criatura ao Humano, há um processo multidimensional e de inferências lógicas, próprias de um sistema autoorganizado e complexo, porém não acabado. A Culturalização nesse processo hominizante pode também ser entendida na organização do sistema genético cerebral-sociocultural, e, com a falta de acabamento do cérebro, para muitos estudiosos e pesquisadores, torna-se o nó górdio da evolução da espécie Homo, tratando-se da visão evolucionista de uma nova espécie.

A cerebralização continuada entre as espécies, onde os crânios enormes cedem espaço para o aumento da massa cerebral e para a utilização primária de conexões neurais e sinapses nervosas, aparece como guia da auto-organização humana, condutora daí por diante da evolução biológica hominídea, confundindo-se até com a própria morfogênese tecno-sociocultural. Visto isso, cabe interpretar a Juvenilização como parte integrante dessa grande jornada evolutiva em busca do aparato intelectual, por meio de um pensamento ainda instintivo e existente, como negação dos valores e das estruturas anteriormente existentes na própria Cultura Motora da criatura Pré-humana. Em face de uma complexidade sociocultural maior do que sua própria espécie, do que o indivíduo e do que o mundo, a Culturalização, a Cerebralização e a Juvenilização confirmam o modelo eternamente inacabado do ser humano. Decorrente disso, a Juvenilização significa regredir aos comportamentos instintivos reorganizados na maturação cerebral e totalmente impregnados de cultura ao seu redor. O trabalho (Labor), correlacionado ao processo de hominização, promoveu também o desenvolvimento das capacidades simbólica e racional, incorporandose à existência humana, até atingir as dimensões maiores do ser e sedimentar o corpo social. A atividade laboral é o e do processo de complexificação que transforma e constrói as múltiplas dimensões da existência humana.

1.7 As primeiras civilizações

Após toda a interpretação e visão da evolução humana descritas até aqui, nos encontramos num momento propício para chegar a entender o surgimento e o início das primeiras civilizações. Partindo das atividades cotidianas hominídeas, que são extremamente significativas e de suma importância em seu desenvolvimento, bem como se entrelaçam em toda a complexidade humana, entendemos que o processo de aculturamento foi longo e sequencial, iniciado no bipedismo com sua grande locomoção e expansão territorial. Com isso, ele é associado ao processo de celebrização, e, consequentemente, ao despertar para a importantíssima construção e aperfeiçoamento dos machados e de ferramentas que iriam modificar as suas circunstâncias naturais de vida e dominar a natureza e a força, quer seja pelo controle do fogo, agricultura e plantio, pela domesticação dos animais, pelo labor com divisão de tarefas, jogos, lutas e rituais ados pelas gerações, quer seja também pelo avanço das capacidades perceptivas e conexões neurais, comprovado com os achados arqueológicos de artefatos, onde faziam registros de seu conhecimento. Os hominídeos ainda teriam na escrita, na fonética e na própria estruturação da linguagem e da comunicação as maiores capacidades humanas para o seu pleno desenvolvimento e socialização, indo inaugurar a própria Cultura ou Perspectiva Cultural humana, baseando e forjando o nascimento dos povos e civilizações. Cronologicamente falando, por volta de 4.000 a.C, torna-se possível perceber as primeiras civilizações na Mesopotâmia, mas também há registro de que antes mesmo, em 5.000 a.C, já existiam várias aldeias de lavoura agrícola por toda a extensão do oriente. Com proximidade e datas propínquas, surgem a civilização egípcia, em 4.000 a.C, a civilização Minoica, em Creta, datada em 4.000 a.C, e a civilização na Índia e na China, por volta de 3.300 e de 4.000 a.C. O crescente fértil, região que foi responsável por atrair cada vez mais diferentes povos, tornando o oriente próximo, já era rico em terras boas para plantio e tinha muita água, transformando-se num grande liquidificador de raças e de culturas, o que fez gerar a fusão entre línguas, crenças e ideais. Destarte, a primeira civilização reconhecida como organizada é a Suméria, que se localiza ao Sul da

Mesopotâmia, estendida por 1.100 km de comprimento. Assim, esse povo deixou muitos avanços nos campos de ordem religiosa, social e literária, assim como as técnicas de plantio. A história mais antiga que se tem relatada, o épico de Gilgamesh, descreve uma inundação terrível que ocorrera na Suméria, precisamente no vale dos rios Tigre e Eufrates. Assim, juntamente com a sua família, ele teria feito uma embarcação e salvado alguns animais.

1.7.1 Atividade física no seio das civilizações

Apresento, a seguir, um panorama das atividades físicas desenvolvidas nas diversas civilizações, com breves comentários informativos sobre as datas aproximadas, modalidades e objetivos.

1.7.2 Antiguidade Oriental (6.000 a.C.)

A atividade física era cercada de objetivos terapêuticos, esportivos, guerreiros, educacionais, religiosos e místicos.

• China – 2.700 a.C – sistemas mais antigos de Educação Física, ginástica terapêutica, Kung Fu, técnicas de meditação, respiração e taote (sistema completo).

• Índia - 2.500 a.C – é o berço e a dona de todo comportamento espiritual, da ioga, do físico, do intelecto e do emocional. Em vista disso, o sistema doutrinário em que seu praticante utilizava o corpo e a mente, através das respirações (pranayamas), meditação e da introspecção, tinha o intento de alcançar a essência divina e a espiritualmente evoluída.

Hatha-ioga: postura com respiração; Sukusa-viahama: ginástica completa natural Na ioga, encontram-se quatro caminhos para a autorrealização: Dharma – ação Dhyana – contemplação Jnana-ioga – conhecimento Bhakti – devoção

• Egípcios - 3000 a.C – para muitos historiadores, é a civilização mais antiga, uma vez que os egípcios deixaram registros (em imagens e por escrito) nas tumbas e nas pirâmides de pontos conclusivos, de culto ao corpo e padrões estéticos - similarmente aos gregos. Ademais, houve regulares batalhas contra o povo Hicsos e um treinamento intenso para guerras. Sabese que eram muito envolvidos nas atividades esportivas no oriente próximo, posto que praticavam natação, remo, atletismo e lutas; formando, assim, seu sistema de Educação Física.

• Assírios contemporâneos aos egípcios – o povo mais sanguinário da antiguidade oriental – possuíam técnicas apuradíssimas de arco e flecha, equitação e lutas corporais, hábeis na Matemática, na Engenharia e na Astrologia.

1.7.3 Antiguidade Ocidental

• Grécia - 1200 a.C

Início da verdadeira Educação Física moderna como concepção humanista e visão de homem completo e indivisível. Existiram quatro momentos históricos bem definidos. Momento homérico 1200/800 a.C: Educação não institucionalizada e a criação dos jogos gregos, com o ideal de sabedoria e da ação. Jogos fúnebres, compostos de oito provas (corrida de cavalos, luta grega, pulicado, bola de ferro, arco e flecha, arremesso de lança, corrida a pé e combate armado). Momento histórico 800/500 a.C: Criação de Esparta e de Atenas, antagonismo de ideais.

i. Esparta – Ideais totalitários, braço de ferro do Estado, formação exclusivamente militar, ideal de força.

ii. Atenas – Concepções humanista e cultural, grandes jogos populares, competições artísticas esportivas, provas literárias e a criação dos jogos olímpicos em 776 a.C, como homenagem a Zeus (um deus na mitologia grega) e a Pedótriba, figura importante na sociedade (professor de Ed. Física e instrutor de ginástica para crianças).

Momento clássico 500/338 a.C: Fortalecimento da Pedagogia e da Filosofia. A Ed. Física perde um pouco sua força. Aristóteles, com a ciência da ginástica, conciliou os exercícios úteis e os ideais para cada segmento. Os gregos

praticavam atividade física ao natural, visto que seus esportes eram fundamentalmente atletismo e lutas. Nesse sentido, os exercícios eram feitos inteiramente nus, buscando sempre caminhar para a evolução do corpo e da mente. Momento helenístico: Marca a decadência grega, uma vez que os gregos foram dominados primeiro pelos macedônios, e, posteriormente, pelos romanos, que herdaram a força e suas concepções. Em vista disso, como um todo, a Ed. Física é deixada de lado, pois a concepção humanista, o ideal estético de saúde e a educação foram trocados por atletas especializados prematuramente.

• Roma - 600 a.C

Marcada por princípios utilitaristas, valorização dos princípios da virilidade, cópia de modelos gregos decadentes, e, não menos importante, os esportes e os jogos tornam-se palco de poder político e de manipulação ideológica, com demonstrações demasiado violentas. A essência da Ed. Física grega sucumbiuse, transitando através de ricas estruturas e de instalações, desvalorizada e desprovida, principalmente na preparação em relação à ação e à atividade humana.

2. A FILOSOFIA DO JUDÔ

Neste capítulo, pretende-se propiciar ao leitor uma ideia do abundante celeiro, por corolário provindo da filosofia oriental para o nascimento, e a confecção dos princípios filosóficos, instaurados insofismavelmente no judô, principalmente no que se refere aos seus conceitos e à sua prática; vislumbrada, a saber, no comportamento e nas atitudes.

2.1 O Filograma

Shirobei Akiyama, médico japonês, apesar de ter vasto conhecimento do Wushu e da filosofia milenar chinesa, como o Yin-yang, a acupuntura e o taoismo, não estava satisfeito, e, na busca de mais conhecimento e de percepção, retirou-se para as montanhas, procurando encontrar, através da vivência da solidão, respostas dentro de si mesmo. Após anos de observação e de estudo, concluiu o seu método de treinamento através das funções dos golpes de projeção, de luxação e de estrangulamentos, desenvolvendo novos métodos de restabelecimento. Funda-se, desse modo e com ele, a escola chamada “Coração de Salgueiro”, que não recebeu esse nome por acaso, mas em função da concepção lógica que fundamentou a doutrina criada. Dito isso, a luz que Akiyama desejava para solidificar seus vastos conhecimentos brilhou durante uma tempestade de neve, quando se concentrou no porquê de as cerejeiras, em volta das margens dos rios, estalarem e quebrarem seus galhos com o peso da neve, enquanto que, opondo-se a esse fenômeno, os salgueiros acumulavam a neve nos galhos, vergavam-se e a descarregavam, voltando à sua posição anterior. Observando esses fenômenos naturais, o mestre percebeu que o positivo se interpõe ao negativo; criando, a partir daí, o filograma: Yoshin-ryu (Coração do Salgueiro).

2.2 Artes Marciais ou jiu-jítsu

O termo “artes marciais” é genérico. Para tanto, utiliza-se de modo a definir métodos e estilos de lutas antigas orientais que, se estudadas e analisadas, nos permitem comparar e conceituar os princípios filosóficos ativos, tais como os ideais de perfeição, e, ainda, o compromisso na produção de um mundo melhor. Essa era a Retórica de todos os antigos sistemas do Jiu-Jítsu. O jiu-jítsu tem sua origem nas regiões Hindu e Tibete. O patrimônio cultural milenar desses povos dá ênfase total ao Espírito e ao Dharma, ação para melhorar o indivíduo dia após dia, através do equilíbrio energético. Esses conhecimentos se difundiram instantaneamente por toda a Ásia, chegando primeiramente à China e, curiosamente, por último, ao Japão, que, como consequência máxima, doutrinou-se melhor, conquistando em pouco tempo a hegemonia da luta, com o aperfeiçoamento rápido de todos os sistemas de JiuJítsu. O Judô é uma reformulação detalhada e atual do antigo e milenar Jiu-jítsu. Sua criação objetivou trazer o Jiu-jítsu de volta, resgatando, com mais praticidade e força, as técnicas ortodoxas e as formas de pensamento humanista, que, a saber, nunca tinham saído de moda. O Judô, desde a sua criação, se dividiu em esportivo (competitivo e pedagógico) e defesa pessoal completa. O Judô ou novo Jiu-Jítsu é o princípio Universal da Eficácia máxima, aplicado a qualquer atividade humana, intervindo eficazmente em diferentes áreas, como a Mecânica, Física, Metafísica, a Antropologia, a Educação Física, a Sociologia, Medicina, Psicologia, a Biologia e a Pedagogia.

2.3 Breve Histórico do Judô

Criado pelo jovem mestre JIGORO KANO, o judô nasceu no Japão em 1882, e, pelo fato de o mestre ser acostumado com as linhas filosóficas e espirituais de seu povo, o dito-cujo não hesitou em criar um método de aperfeiçoamento físico, associado a uma filtragem gradativa do espírito, intervindo diretamente no comportamento social do indivíduo. Deste modo, sabe-se que a primeira academia de judô foi a KODOKAN, que, superando as diferenças entre os povos e costumes da época, conseguiu se espalhar pelo mundo inteiro. Caracterizado como um esporte e tendo ênfase na perfeição do seu método e no valor da competição, o judô rompeu barreiras sociais e ideológicas, embora tenha pagado um preço relativamente alto, considerando a proposta inicial do mestre KANO e o contexto sócio-histórico em que o judô foi criado. Ademais disso, o Japão viveu muitos anos num feudalismo arcaico, cujo poder da posse da terra e as vertentes espirituais norteavam esse povo na busca por sua identidade. Por isso, desde os primórdios das civilizações orientais, sabedoria e poder físico sempre estiveram aliados e entrelaçados, impulsionando o crescimento interior através do desenvolvimento corporal. Nessa perspectiva filosófica, em toda a sua abrangência de luta corporal de combate, vivenciada na época de seu surgimento, o jiu-jítsu é entendido por uma pequena elite que detinha conhecimento e poder, provenientes dos lendários samurais. Dado o fato da tradição milenar do jiu-jítsu, indubitavelmente foi retirado o melhor, tanto no sentido dos combates e das regras, quanto no tocante à educação e à transformação do indivíduo, com o intuito de promover seu equilíbrio através do autocontrole, ou seja, com o domínio e a utilização de sua própria energia. O judô, sob a perspectiva educacional, pode levar o indivíduo praticante a transformar-se e, a partir de si mesmo e com o seu próprio exemplo, a transformar toda uma comunidade, implicando também a transformação de uma sociedade. A situação da educação brasileira, que sempre atravessou os tempos marcada

pelo descaso governamental e pelo descompromisso da própria sociedade, assediada ainda pela grande alienação dos meios de comunicação de massa, não é das melhores, deixando muito a desejar em relação ao desempenho e aos resultados que dela se esperam. Nossas crianças enfrentam, com a perda de suas raízes culturais, uma forte crise de identidade e que as impede de crescer; justificando plenamente, como resultado, o comportamento inadequado que elas apresentam na recepção, aplicação e compreensão dos conteúdos programáticos. Transpondo para o contexto educacional brasileiro a prática do judô, que é concebido em seus princípios e objetivos, não restam dúvidas sobre a contribuição que traria para a Educação Física em particular, sobretudo no processo de ensino-aprendizagem e na ampliação de seu campo interdisciplinar, e, é claro, para a Educação em geral.

2.4 Embasamento filosófico

O judô, de acordo com o seu criador e idealizador Jigoro Kano, se for demasiadamente enfocado o lado do exercício (biofísico), não pode ser entendido em sua plenitude. É necessário que se busquem também a contemplação e o desenvolvimento de outros domínios: o cognitivo, através da razão; o psíquico, no equilíbrio; o espiritual, em torno da harmonia e da transcendência; e o moral, diante do agir e das atitudes. Kano, ao formatar o judô, deu grande importância à aprendizagem e às fases de crescimento e de desenvolvimento infantil, associando o judô a uma educação calcada nos princípios éticos e na ciência da moral, o que propiciou o seu sólido engajamento nas propostas pedagógicas e educacionais mundo afora. O caminho suave ao conhecimento requer, na figura do professor, o exemplo, o equilíbrio, a compreensão e, principalmente, a aquisição de valores universais para poder beneficiar o praticante, não se restringindo apenas a ele mesmo.

2.5 O pensamento ético do mestre Jigoro Kano

Os itens a seguir apresentam, de forma pontual, os principais pensamentos de Kano: • A simplicidade é a chave de toda arte superior, da vida e do judô. • O judô ultraou o estágio primitivo da utilidade para atingir o de uma ciência e o de uma arte. • O judô é uma arte e uma ciência. Tender à perfeição é o princípio do treinamento do judô. • Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade. • Quando verificares, com tristeza, que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado. • O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam e paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes. • Saber cada dia um pouco mais utilizando o saber para o bem, esse é o caminho do verdadeiro judoca.

Mestre Kano, formado em Letras e em Ciências Morais pela antiga universidade Imperial de Tóquio, nasceu em 28 de outubro de 1860, em Mikage. Seu primeiro mestre foi Fukuda, da escola Tenjin-Shinyo-Ryu (coração de salgueiro). Com isso, por meio de todo o seu conhecimento de ética e de ciências humanas, procurou fundar uma escola calcada em valores positivos e em princípios morais, que incita uma nova conduta e um novo agir entre os homens. No dia 4 de maio de 1938, indo para o Cairo, Kano morre a bordo de um navio. Contudo, seus ideais verdadeiros tornaram-no imortal.

2.6 O Espírito do Judô

Os dois ensinamentos mais importantes, na conduta do judô estão interligados e direcionados a convergirem, tendo uma direção e um objetivo: utilizar o somatório de energia (seiryoku-zenyo e a jita-kyoei) para a prosperidade e benefícios mútuos.

2.6.1 Os Princípios

São nove os princípios que formam o espírito do judô. Estudando-se um a um é que se pode compreender e progredir. Dentre os princípios que estruturam a base filosófica do judô, destaco alguns que ganharam relevância, de acordo com o meu método de trabalho. Nessa perspectiva, esses princípios foram eleitos como temas transversais: • Conhecer-se é dominar-se e dominar-se é triunfar. • Quem teme perder já está vencido. • Nunca te orgulhes de haver vencido um adversário. O que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância. • O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar. • Praticar o judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, e o corpo a obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.

2.6.2 O ensino do Judô

O objetivo do ensino do judô, segundo Jigoro Kano, é levar o aluno a alcançar o perfeito equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito, através da Transcendência. Por transcender ,considero o caminho correto que se deve ter no trato do judô, procurando contemplar e potencializar as quatro dimensões em torno da psique humana.

Tabela 2.6. O ensino do Judô

Fonte: Criada pelo autor.

3. FUNDAMENTOS, TÉCNICAS E TREINAMENTO

Apresento neste capítulo todos os fundamentos e técnicas do treinamento do judô, demonstrando sua correta execução e o momento em que está inserido, buscando seguir o caminho da progressão pedagógica, a qual é marca registrada do nosso judô e serve de base desde o iniciante ao professor.

3.1 O cumprimento (a saudação “rei”)

É o primeiro momento do iniciante no contato com o judô, isto é, tem elevada importância porque representa toda a concreta essência da filosofia positiva do judô, demonstrada nas mínimas atitudes de respeito e de equilíbrio. Toda vez que se entra no dojo, no início e ao fim das aulas, se cumprimenta todo faixa-preta presente, assim como é exercido o cumprimento inicial de qualquer luta, e, ao final dessa, há essa reverência a todos os ensinamentos. • Saudação em pé: Ritsu-rei • Saudação ajoelhado: Za-rei

3.2 O aquecimento (Taiso)

Vejo no aquecimento do judô infantil um dos focos de minhas pesquisas e estudos, e, juntamente com os ukemis, considero como parte fundamental para o aprendizado e para o desenvolvimento correto, de maneira que é constantemente prazeroso, havendo um universo de atividades pautado no conceito da ludomotricidade, assim como em uma gama de conteúdos interdisciplinares e temas transversais relevantes, advindos da escola e da sociedade, selecionados e priorizados, conforme o professor enxerga o contexto e as circunstâncias e realidades de seus alunos. Para não promover somente o velho, reduzido e conhecido enfoque tecnicista, o professor terá de vislumbrar uma visão global e totalizante do movimento no trato com o infantil. Na criança ou em qualquer iniciante, com o objetivo de segurança e pleno aproveitamento das valências físicas, deve-se basicamente, a princípio, trabalhar posturas de semialongamento, logo, de pé, sentada e deitada, procurando alongar gradativamente sem exageros, e ainda fazer as rotações de quadril, de joelho, de punho, do pé e da coluna lentamente, conjuntamente com atividades aeróbicas, como corrida, piques, exercícios e movimentos naturais e psicomotores, aproveitando toda a multifuncionalidade do tatame.

3.3 Os Ukemis

São os educativos de queda, o primeiro ponto que se aprende após o cumprimento e o aquecimento, ou seja, trata-se de como cair, da maneira correta de projetar o corpo no solo, dividindo o peso pelo corpo todo. Como disse, juntamente com o aquecimento, o Ukemi tem influência direta no desenvolvimento total do aluno, pois, através do modo como aprende a cair, naturalmente poderá derrubar com eficiência e com segurança os seus adversários. É notório perceber que muitos praticantes de judô, diga-se, com qualquer idade, por não executarem os Ukemis corretamente, se desestimulam e comprometem o seu avanço técnico; daí, a ver, a grande necessidade de enfatizá-los, corrigindo desde a primeira aula. Os Ukemis visam à defesa do praticante dentro ou fora do dojo. A criança, ao dominar os Ukemis corretamente, fica preparada para quedas em suas atividades cotidianas (futebol, andar de bicicleta, skate etc.); evitando, em primeiro plano, a cabeça ao chão, tal como o não apoiar dos braços, em que a força do peso na queda poderá quebrar. A propósito do exposto, os ukemis se dividem em quatro partes, portanto, para a frente, para os lados, para trás e para a frente com o rolo, havendo também três etapas (1ª, 2ª e 3ª posições). • Ushiro-Ukemi – para trás • Yoko-Ukemi – para os lados • Mae-Ukemi – para frente • Zempô-Kaiten-Ukemi – rolamento

3.4 O Shisei – (postura ereta)

Cabeça erguida, olhos centrados, coluna ereta, olhar atento com serenidade, concentração e confiança: todos esses fatores são necessários para demonstrar uma harmonia completa.

3.4.1 Shizen-tai – (posição fundamental)

• Shizen-hontai (frontal). • Migi-shizentai (à direita). • Hidari-shizentai (à esquerda).

Acerca da técnica, diz respeito à posição natural do corpo em pé, com os pés horizontalmente afastados, cerca de dois palmos aproximadamente, e uma vista frontal e em base com os braços, segurando o quimono do seu oponente à sua frente. No mais, Migi sublinha a ideia de avançar o pé direito. Hidari, de avançar o pé esquerdo à frente.

• Jigotai (posição de defesa) • Jigo-hontai (pernas flexionadas)

É a posição defensiva de pé, uma vez que a força da gravidade se faz presente. A posição correta tem por especificidade as pernas mais afastadas e os braços em pequena flexão, assim como o tronco e a musculatura inferior, sendo fundamentais os atos de flexionar e de se erguer rapidamente no desenvolver de uma luta.

3.4.2 Shintai

Trata-se do deslocamento no solo, do andar no tatame, do deslizar sem pôr o seu próprio corpo em desequilíbrio excessivo. O andar no tatame é um dos fundamentos de suma importância para se conceber um bom lutador, e, se ele conseguir ser ligeiro sempre, não ficará em desequilíbrio, podendo derrubar o seu oponente. O saber de se deslocar no tatame tem seus princípios no andar natural e no deslizar de os sucessivos, ambos treinados em todas as direções, que são respectivamente AYUMI-ASHI e TSUGI-ASHI.

Figura 1. Tsugi-Ashi e Tai-Sabaki

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 1.1. Tsugi-Ashi 1-2

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 2. Tsugi-Ashi 1-2

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 3. Tsugi-Ashi 3

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 4. Tai-sabaki 1

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 5. Tai-sabaki 2

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 6. Tai-sabaki 3

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 7. Tai-sabaki 4

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 8. Tai-sabaki 5

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.5 Kumi-kata

Após o cumprimento ao adversário, vem a pegada, fator determinante na escolha e na aplicação de determinada técnica, favorecendo a possibilidade de colocar o lutador em vantagem sobre o outro. O kumi-kata varia de pessoa para pessoa, em relação à sua altura e ao somatótipo, adquirindo relação com a forma de colocação das mãos no quimono. Sem prejuízo dos fatos, a pegada conhecida como básica é uma mão na gola e a outra mão na manga oposta, seja qual for o lado. Ao iniciante no judô, é importante salientar essa necessidade de agarrar o quimono com uma pegada forte.

3.6 Kuzushi

É o romper a ação da inércia e promover o desequilíbrio do adversário, para que se possa utilizar o mínimo de força, a fim de movimentá-lo ou de projetá-lo com facilidade. O Kuzushi é a resposta da física ao corpo, com bases sólidas e inertes, que, ao entrar em posição contrária à sua natureza, seja tranquilamente manobrado. Os desequilíbrios no judô, partindo da posição natural Shizenhontai, são basicamente oito, tendo desmembramentos e totalizando dezesseis. Ainda falando do Kuzushi, é muito importante que o judoca saiba como e quais são os desequilíbrios para utilizar suas técnicas, visando à forma correta de derrubar, pois não adianta em uma projeção com uma boa técnica estar contrariando o desequilíbrio do adversário.

3.6.1 Tsukuri

É a movimentação que fazemos na puxada depois da pegada, juntamente com o rompimento do equilíbrio do oponente, proporcionando projetarmos em posição correta e vantajosa.

3.6.2 Kake

É a força de execução da própria projeção, ou seja, o movimento completo que envolve o tsukuri e o kuzushi. Normalmente, um bom kake influencia a marcação do ponto pelo árbitro.

3.7 Kiai

É na sua aplicação que percebemos o porquê de significar UNIÃO DOS ESPÍRITOS. O kiai, muitas vezes mal interpretado, não é somente um grito ou um grunhido, dado que representa uma concentração imensa de energia e de força, com uma duração mínima e com uma intensidade não mensurável. Daí partem as ideias do sobrenatural ou de forças ocultas. O bom atleta, através da prática do judô e do seu próprio conhecimento, usa esse recurso na hora certa.

3.8 As áreas de concentração do Judô

O judô, à sua guisa didática, divide e se concentra em quatro áreas distintas de técnicas, conhecimentos e objetivos, posto que a sua aplicabilidade também ocorre em fases e em momentos diferenciados. 1. NAGUE-WAZA 2. NE-WAZA 3. ATEMI-WAZA 4. KUATSU

3.8.1 NAGUE-WAZA {técnica de projeção}

A prática do judô se concretiza principalmente pelas suas projeções ou golpes, aplicados numa postura inicialmente ereta e no plano vertical. Esses golpes variam de acordo com a sua mecânica e predominância da musculatura, envolvidas (solicitadas) para sua correta execução. Dessa forma, as projeções se caracterizam basicamente por romper a inércia dos corpos, a força da gravidade, e por arremessar o seu oponente. O nague-waza reúne todas as técnicas de projeção, assim como também compõe todo o Gokiô.

Nague-Waza

• Tachi-Waza • Te-waza – técnica de braço • Koshi-waza – técnica de quadril • Ashi-waza - técnica de perna • Sutemi-Waza– técnica de sacrificio • Ma-sutemi-waza–{frontal} • Yoko-sutemi-waza- {lateral}

Gokiô

“UM MÍNIMO DE FORÇA PARA UM MÁXIMO DE EFICIÊNCIA”

A base do Nague-Waza se divide em cinco grupos, cada um constituído de oito golpes. Todos esses grupos ou princípios têm suas sequência e ordenação que, em conjunto, somam quarenta técnicas básicas de projeção e devem ser estudadas detalhadamente, observando e recriando as suas possíveis variações. Quando Jigoro Kano idealizou o gokiô, acreditava ser essa a melhor ordem em acordo com o princípio da progressão pedagógica, determinando que todo candidato a Shodan deveria demonstrar todas essas técnicas para adquirir a faixa preta. Hoje em dia, com o grande desenvolvimento do judô na área educacionalpedagógica, a forma ideal para a escolha de quais golpes e sequências que o aluno iniciante deve seguir fica a critério do professor, que tem a responsabilidade e a incumbência de perceber o caminho mais suave para o conhecimento do aluno.

Figura 9. Nague-Waza

NAGUE-WAZA 1a 2a 3a 4a 5a

série série série série série

DAI-IKKYO DAI-NIKKYO DAI-SANKYO DAI-YONKYO DAI-GOKYO

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Tabela 3.8. Series de Nague-Waza

DAI-IKKYO 1ª série 1 2 3 4 5 6 7 8

De-ashi-barai Hiza-guruma Sasae-tsurikomi-ashi Uki-goshi o-soto-gari o-goshi o-uchi-gari seoi-nage

DAI-NIKKYO 2ª série 1 2 3 4 5 6 7 8

DAI-YONKYO 4ª série 1 2 3 4 5 6 7 8

Sumi-gaeshi Tani-otoshi Hane-makikomi Sukui-nague Utsuri-goshi O-guruma Soto-makikomi Uki-otoshi

kosoto-gari ko-uchi-gari koshi-guruma tsurikomi-goshi okuri-ashi-harai tai-otoshi harai-goshi uchi-mata DAI-GOKYO 5ª série

1 2 3 4 5 6 7 8

Osoto-guruma uki-waza yoko-wakare yoko-guruma ushiro-goshi ura-nage sumi-otoshi yoko-gake

DAI-SANKYO 3ª série 1 2 3 4 5 6 7 8

Ko-soto-gake Tsuri-goshi Yoko-otoshi Ashi-guruma Hane-goshi Harai-tsurikomi-ashi Tomoe-nage Kata-guruma

Fonte: Criada pelo autor.

3.9 Gokyo no waza (Grupo 1)

3.9.1 De-ashi-harai

Rasteira aplicada com a sola do pé lateralmente.

Figura 10. De-ashi-harai

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.2 Hiza-guruma

Pressão feita com pé em forma de alavanca em rotação no joelho.

Figura 11. Hiza-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.3 Sasae-tsurikomi-ashi

Rasteira aplicada som a sola do pé rodando corpo para trás.

Figura 12. Sasae-tsurikomi-ashi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.4 Uki-goshi

Arremesso de quadril, mão em cima para frente.

Figura 13. Uki-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.5 O-soto-gari

Rasteira externa, perna para trás.

Figura 14. O-soto-gari

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.6 O-goshi

Arremesso de quadril, mão na cintura para frente.

Figura 15. O-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.7 O-uchi-gari

Rasteira em como com a perna por dentro.

Figura 16. O-uchi-gari

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.9.8 Seio-nague

Arremesso pelo ombro com o braço, para frente.

Figura 17. Seio-nague

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10 Grupo 2

3.10.1 Kosoto-gari

Rasteira aplicada com a sola do pé vindo por detrás do calcanhar do uke com a perna externa derrubando para frente na diagonal.

Figura18.Kosoto-gari

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.2 Ko-uchi-gari

Rasteira interna com sola do pé atrás do calcanhar do uke derrubando para trás e na diagonal.

Figura 19. Ko-uchi-gari

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.3 Koshi-guruma

Arremesso para frente com o braço no entorno da cabeça e o outro braço na manga agachando e girando quadril, derrubando para a frente.

Figura 20. Koshi-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.4 Tsurikomi-goshi

Arremesso para frente esticando o braço da gola para cima e o outro braço da manga para o alto agachando profundamente o quadril e girando por cima derrubando de frente.

Figura 21. Tsurikomi-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.5 Okuri-ashi-harai

Rasteira aplicada com a perna externa pelo lado de fora acompanhando o movimento do uke e pegando nas duas pernas consecutivamente derrubando lateralmente.

Figura 22. Okuri-ashi-harai

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.6 Tai-otoshi

Arremesso feito com os dois braços puxando o uke e colocando a perna e o pé virado na frente para derrubar na diagonal frontal.

Figura 23. Tai-otoshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.7 Harai-goshi

Arremesso de quadril usando a perna por detrás do uke como a alavanca de força para derrubar para frente.

Figura 24. Harai-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.10.8 Uchi-mata

Arremesso de quadril usando uma perna pelo meio das pernas do uke alavancando para cima e de frente.

Figura 25. Uchi-mata

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11 Grupo 3

3.11.1 Ko-soto-gake

Rasteira com pequeno gancho feito com a perna por fora, a sola do pé puxa o calcanhar do uke derrubando para trás e na diagonal.

Figura 26. Ko-soto-gake

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11.2 Tsuri-goshi

Arremesso de quadril levantando o uke pela faixa e a outra mão na gola girando e derrubando para frente.

Figura 27. Tsuri-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11.3 Yoko-otoshi

Arremesso de sacrifício do equilíbrio, com queda lateral do corpo ao solo bloqueando com as pernas e alavancando com os braços o coro do uke e derrubando lateralmente.

Figura 28. Yoko-otoshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11.4 Ashi-guruma

Rasteira feita com a perna em forma de um giro cruzando a base das duas pernas do uke, por cima, em um movimento de círculo, estendendo sobre o joelho e derrubando para frente.

Figura 29. Ashi-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11.5 Hane-goshi

Arremesso de quadril utilizando a perna flexionada para impulsionar para cima derrubando para frente.

Figura30. Hane-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11.6 Tomoe-nague

Arremesso de sacrifício do equilíbrio frontal sentando e lançando com a perna na altura da virilha do uke derrubando para frente.

Figura 31. Tomoe-nague

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.11.7 Kata-guruma

Arremesso com os braços levantando o uke e colocando horizontalmente nos ombros derrubando na diagonal frontal.

Figura 32. Kata-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 33. Kata-guruma em pé

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12 Grupo 4

3.12.1 Sumi-gaeshi

Arremesso de sacrifício equilíbrio frontal para a diagonal de trás com pé em forma de gancho por de trás da perna do uke sentando e derrubando para trás na diagonal.

Figura 34. Sumi-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.2 Tani-otoshi

Rasteira com sacrifício equilíbrio lateral do corpo usando a perna por trás de toda a base nas duas pernas do uke derrubando para trás.

Figura 35. Tani-otoshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.3 Hane-makikomi

Arremesso de quadril com sacrifício do equilíbrio frontal do corpo com a perna flexionada impulsionando o uke para cima girando e rolando pelo ombro e derrubando para frente.

Figura 36. Hane-makikomi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.4 Sukui-nage

Arremesso de braço levantando as duas pernas do uke e derrubando para trás.

Figura 37. Sukui-nage

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.5 Utsuri-goshi

Arremesso de quadril levantando o uke e trocando lado do quadril girando e derrubando para frente.

Figura 38. Utsuri-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.6 O-guruma

Arremesso de quadril fazendo um grande giro de amplitude da perna pelo lado externo do corpo do uke alavancando com a extensão do tronco e derrubando para frente.

Figura 39. O-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.7 Soto-makikomi

Arremesso de quadril com sacrifício equilíbrio frontal do corpo puxando e girando o uke para cima ao rolar por cima do ombro e derrubando para frente.

Figura 40. Soto-makikomi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.12.8 Uki-otoshi

Arremesso de braço flutuante girando a manga do uke para dentro colocando o joelho esquerdo para trás e no solo derrubando lateralmente.

Figura 41.Uki-otoshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13 Grupo 5

3.13.1 Osoto-guruma

Rasteira feita com a perna esticada por detrás das duas pernas do uke impulsionando e derrubando para trás na diagonal.

Figura 42. Osoto-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.2 Uki-waza

Arremesso de sacrifício do equilíbrio flutuante, com queda frontal do corpo ao solo bloqueando com as pernas e alavancando com os braços o corpo do uke, derrubando para frente.

Figura 43. Uki-waza

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.3 Yoko-wakare

Arremesso de sacrifício do equilíbrio com a queda do corpo lateralmente a frente do uke derrubando para frente.

Figura 44. Yoko-wakare

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.4 Yoko-guruma

Arremesso de quadril flutuando e revertendo a base do uke num giro lateral do tronco derrubando para frente.

Figura 45. Yoko-guruma

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.5 Ushiro-goshi

Arremesso de quadril para trás levantando o uke no contra-ataque e derrubando na diagonal para frente.

Figura 46. Ushiro-goshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.6 Ura-nage

Arremesso sacrifício equilíbrio de quadril com os braços cinturados jogando e girando o uke por cima do tronco e para trás derrubando para frente lateralmente.

Figura 47. Ura-nage

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.7 Sumi-otoshi

Arremesso de braço flutuante girando com as duas mãos o uke para dentro colocando o joelho esquerdo para trás e no solo derrubando na diagonal e para a frente.

Figura 48. Sumi-otoshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.13.8 Yoko-gake

Rasteira de sacrifício equilíbrio deslizando o pé lateralmente nas pernas do uke impulsionando para o lado deitando corpo horizontalmente no solo derrubando de lado.

Figura 49. Yoko-gake

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14 SHIMMEISHO NO WAZA

Técnicas que foram acrescentadas e oficialmente reconhecidas posteriormente 1895 pela Kodokan.

3.14.1 Morote-gari

Arremesso de braço agarrando com as mãos nas duas pernas do uke derrubando para trás.

Figura 50. Morote-gari

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.2 Kuchiki-taoshi

Arremesso de braço com uma mão na gola e outra rodeando a coxa por fora colocandoo joelho no meio das pernas do uke, derrubando para trás.

Figura 51. Kuchiki-taoshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.3 Kibisu-gaeshi

Arremesso de braço com uma mão na manga e a outra puxando o calcanhar uke por dentro para o lado derrubando lateralmente.

Figura 52. Kibisu-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.4 Uchi-mata-sukashi

Arremesso de quadril de contra-ataque usando esquiva lateral para desvencilhar da projeção do uke desequilibrando-o e derrubando para frente.

Figura 53. Uchi-mata-sukashi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.5 Tsubame-gaeshi

Rasteira de perna aplicada no contra-ataque de ashi circulando o pé em volta do pé do uke derrubando lateralmente.

Figura 54. Tsubame-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.6 Osoto-gaeshi

Rasteira de perna em contra-ataque revertendo o o-soto-gari feito pelo uke derrubando para trás.

Figura 55. Osoto-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.7 Ouchi-gaeshi

Rasteira de perna em contra-ataque do o-uchi-gari feito pelo uke derrubando na diagonal para trás.

Figura 56. Ouchi-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.8 Kouchi-gaeshi

Rasteira de perna em contra-ataque do ko-uchi-gari feito pelo uke derrubando na diagonal para frente.

Figura 57. Kouchi-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.9 Hane-goshi-gaeshi

Arremesso de quadril em contra-ataque ao hane-goshi feito pelo uke derrubando para diagonal e para trás.

Figura58.Hane-goshi-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.10 Harai-goshi-gaeshi

Arremesso de quadril em contra-ataque ao harai-goshi feito pelo uke derrubando na diagonal para frente.

Figura 59. Harai-goshi-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.11 Uchi-mata-gaeshi

Arremesso de quadril em contra-ataque ao uchi-mata feito pelo uke derrubando na diagonal para trás.

Figura 60. Uchi-mata-gaeshi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.12 Kani-basami

Rasteira de sacrifício do equilíbrio em forma de tesoura entre as duas pernas do uke derrubando para trás.

Figura 61. Kani-basami

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.13 Kawazu-gake

Arremesso de quadril com sacrifício de equilíbrio girando em contra-ataque derrubando para trás.

Figura 62. Kawazu-gake

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.14 Osoto-makikomi

Arremesso de quadril com sacrifício de equilíbrio após osoto-gari rolando pelo ombro e derrubando para frente.

Figura 63. Osoto-makikomi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.15 Uchi-Mata-makikomi

Arremesso de quadril com sacrifício do equilíbrio após uchi-mata rolando pelo ombro e derrubando para frente.

Figura 64. Uchi-Mata-makikomi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.16 Harai-makikomi

Arremesso de quadril com sacrifício de equilíbrio após harai-goshi rolando pelo ombro e derrubando para frente.

Figura 65. Harai-makikomi

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.14.17 Yoko-tomoe-nage

Arremesso de sacrifício do equilíbrio lateral sentando e lançando com a perna na altura da virilha do uke girando a perna e derrubando para o lado.

Figura 66. Yoko-tomoe-nage

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.15 NE-WAZA

O Ne-Waza ou Katame-Waza são o conjunto de técnicas, concepções e treinamento feito no solo, diferenciando-se com a possibilidade de aplicação dessas mesmas técnicas de forma mais generalizada, podendo estar em pé também para aplicá-las no Katame-Waza. O judô historicamente não teve um aprofundamento e estudo maior desse conhecimento, sem grande interesse do mestre Jigoro Kano pela ciência de detalhes e possibilidades apresentadas no desenvolvimento do jogo e estratégias de luta e combate no solo, inclusive, no começo da KODOKAN, seus alunos preciosos não tiveram bom desempenho na luta de solo contra outros lutadores. A facilidade para a prática do solo, devido a uma não ação direta da gravidade, fez com que várias escolas de luta no chão desenvolvessem vários desequilíbrios, ganchos, guardas, raspagens, agens, chaves e diversos ataques às pernas, aos braços e ao pescoço, exaltando as minúcias e os detalhes de uma arte também suave. Hoje em dia, quer seja no alto nível competitivo do judô, nas competições de MMA ou também nos campeonatos de jiu-jítsu e luta livre, percebemos a alta evolução das técnicas de chão e a real necessidade do seu conhecimento e treinamento para todos esses atletas de alto nível. OBS: Os trabalhos na guarda, e também na meia-guarda, defesa e ataque, evoluíram muito no judô nas duas últimas décadas. O Ne-Waza divide-se em três grupos:

Osaekomi-Waza (imobilização) Shime-Waza (estrangulamento) Kansetsu-Waza (luxação ou chave)

A parte de técnicas solo do judô, o Ne-Waza ou Katame-waza, que são divididas em três partes, a primeira sendo a grande ciência da imobilização, que é focada no controle do corpo do adversário de encontro ao chão mantendo-o por um máximo tempo. Ainda completando o trabalho de chão tem a segunda e terceira parte onde se vêem os estrangulamentos e as chaves braços/luxações usados após o controle para as finalizações. Seguem abaixo fotos ilustrativas de algumas dessas técnicas básicas aplicadas.

3.15.1 Osaekomi-waza/Imobilização

1. Hon-Kesa-Gatame

Figura 67. Hon-Kesa-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

2. Kuzure-Yoko-Gatame

Figura 68. Kuzure-Yoko-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3. Kami-Shiho-Gatame

Figura 69. Kami-Shiho-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

4. Tate-Shiho-Gatame

Figura 70. Tate-Shiho-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.15.2 Shime-waza/Estrangulamento

1. Gyaku-Juji-Jime

Figura 71. Gyaku-Juji-Jime

Fonte: Acervo pessoal do autor.

2. Hadaka-Jime

Figura 72. Hadaka-Jime

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3. Sankaku-Jime

Figura 73. Sankaku-Jime

Fonte: Acervo pessoal do autor.

4. Tsukkomi-Jime

Figura 74. Tsukkomi-Jime

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3.15.3 Kansetsu-waza/Chaves e Luxação

1. Ude-Garami

Figura 75. Ude-Garami

Fonte: Acervo pessoal do autor.

2. Juji-Gatame

Figura 76. Juji-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

3. Ude-Gatame

Figura 77. Ude-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

4. Hiza-Gatame

Figura 78. Hiza-Gatame

Fonte: Acervo pessoal do autor.

• Osaekomi-Waza

É a imobilização propriamente dita, visto que as costas do adversário devem estar em contato com o solo. Se isso ocorrer por vinte e cinco segundos, serão considerados o IPPON e a vitória. Existem várias formas de se imobilizar, assim como muitas variações. Com isso, tudo depende do posicionamento em que estará o corpo do adversário, para então escolher a técnica mais adequada.

Tabela 3.15. Osaekomi -Waza

1. Hon-Kesa-Gatame 2. Yoko-Shiho-Gatame 3. Kami-Shiho-Gatame 4. Tate-Shiho-Gatame 5

Fonte: Criada pelo autor.

OBS: As três primeiras imobilizações fazem parte do início do aprendizado. A “Tate”, no jiu-jítsu, também é conhecida como montada, sendo considerada pela frente e por trás uma posição nobre e de grande vantagem. A “Kuzure-Yoko”, da mesma forma que a Tate, é conhecida no jiu-jítsu como a posição clássica de vantagem, chamada de 100 quilos, podendo as duas posições desferir golpes ou finalizar o seu adversário facilmente.

• Shime-Waza

O estrangulamento é um momento muito perigoso, e, por essa razão, essas técnicas só podem ser ensinadas a crianças mais velhas e a alunos com total concentração nos seus ensinamentos. As consequências, como, por exemplo, os tipos de falta de ar, provocados por sua vez por um estrangulamento, são interrelacionadas com o tempo e com a técnica aplicada, sendo eles em três níveis:

O respiratório (traqueia) Sanguíneo (Carótida) Nervoso (Músculos/Pneumogástricos)

Tabela 3.16. Shime -Waza

1. Jigoku-Jime 2. Nami-Juji-Jime 3. Kata-Juji-Jime 4. Hadaka-Jime 5. Okuri-Eri-Jime

Fonte: Criada pelo autor.

OBS: O professor terá que ter atenção máxima nas aulas dedicadas ao estrangulamento, pois provavelmente terá que pôr em prática suas técnicas de reanimação (Kuatsu). Os estrangulamentos podem também ser executados em pé e com a mesma eficácia. Existem muitas variações advindas dos estudiosos de solo do jiu-jítsu.

• Kansetsu-Waza

As chaves ou torções geralmente são feitas em articulações. Assim, o judô eliminou as chaves potencialmente perigosas, como as chaves de perna, de pé e as de coluna, que poderiam lesionar facilmente o praticante. Por isso, vamos nos limitar a falar das chaves de braço, de mão e de ombro. Elas podem também ser feitas em qualquer posição, seja de pé ou no chão.

Tabela 3.17. Kansetsu -Waza

1. Ude-Garami 2. Ude-Gatame 3. Juji-Gatame 4. Sankaku-Gatame 5. Hiza-Gatame 6. Ashi-G

Fonte: Criada pelo autor.

OBS: As chaves de braço, feitas em pé, fazem parte da defesa pessoal do judô, que inclui esquivas, golpes e pancadas traumáticas, aprendidos tão somente depois de Shodan nos Atemis.

3.16 Kata

É um ritual de busca da perfeição dos movimentos em que o ascendente a Shodan terá que fazer sincronizada e equilibradamente concentrado com seu Tori, demonstrando os golpes com total sutileza e eficiência, nos quais o caminho suave do conhecimento perdura. Os katas também se dividem em:

1 - Nage-No-Kata (composto por 15 projeções, executadas de direita e esquerda) 2 - Katame-No-Kata (é realizado no solo em posição horizontal, dividido também em três grupos de 5 técnicas). 3 - Kime-No-Kata (muita coreografia e Kiai executado ajoelhado ou em pé). 4 - Ju-No-Kata (é a mais bela forma de Kata, na flexibilidade e no domínio da força). 5 - Koshiki-No-Kata (utilizam-se armaduras). 6 - Itsutsu-No-Kata (praticado por Jigoro Kano e tem como finalidade atingir o cosmos). 7 - Seiryoku-Zenyo-Kokumin-Taiiku-No-Kata (Finalidade de desenvolver o corpo e a mente, preparando para a transcendência). 8 - Goshin-jutsu (foi criado em 1953 por vinte e um mestres, como uma nova forma de defesa pessoal aplicada à nova era).

• O Nage-No-Kata é exigido para shodan e se subdivide em 5 grupos de três projeções:

TE-WAZA: Uki-otoshi, seoi-nague, kata-guruma

KOSHI-WAZA: Uki-goshi,Tsurikomi-goshi,harai-goshi

ASHI-WAZA: Okuri-ashi-harai, Sasae-tsurikomi-goshi, uchi-mata SUTEMI-WAZA: Tomoe-nague,Ura-nage,Sumi-gaeshi

YOKO-SUTEMI-WAZA: Yoko-gake,Yoko-guruma, Uki-waza

• O Katame-No-Kata é o todo executado no solo com deslocamentos e sincronismo de todos os katas. São três grupos reunindo cinco técnicas aplicadas somente pelo lado direito.

OSAEKOMI-WAZA: Kuzure-Kesa-Gatame, Kata-gatame, Kami-Shihogatame,Yoko-Shiho-Gatame e Kuzure-kami-Shiho-Gatame

SHIME-WAZA: Kata-Juji-Jime,Hadaka-Jime,Okuri-Eri-Jime,Kataha-Jime e Gyaku-Juji-jime

KANSETSU-WAZA: Ude-garami,Ude-Hishigi-Juji-gatame, Ude-Hishigi-Udegatame,Ude-Hishigi-Hiza-Gatame e Ashi-Garami

3.17 Atemi

É a parte do judô destinada ao estudo das técnicas de defesa pessoal, em que são praticados golpes de ataque e de defesa, com as mãos e as pernas, e chutes, socos e pancadas, envolvendo todos os tipos de torções. Os atemis, na verdade, representam uma unidade, que se faz presente na historicidade de todos os estilos antigos de jiu-jítsu. O judô é uma luta em que normalmente se define como defesa, uma vez que as atitudes de ataque serão sempre creditadas ao agressor. Kano, quando estruturou sua escola, não teve interesse de aprofundar esses estudos relativos à defesa pessoal, pois, como todo homem à frente do seu tempo, idealizou um mundo unido pela competição sadia entre as nações e a forte vertente educacional de seu método, constituído de valores universalmente do bem. Para Jigoro Kano, caso o espírito estivesse totalmente preparado, o aprendizado profundo dos atemis teria plenitude.

3.18 Kuatsu

São as técnicas de salvamento e de primeiros socorros, advindas da milenar medicina chinesa e que se aplicam em qualquer acidente, ou, especificamente, às reanimações do judô, assim como outras formas de machucados dentro do dojo. O kappo, que também compõe os conhecimentos dos primeiros socorros, é atinente às técnicas de massagem em que se necessita saber dos pontos energéticos e dos centros nervosos, assim como o funcionamento do corpo para se aplicar corretamente a terapia. O conhecer das regras básicas de primeiros socorros, no mundo atual, deixa de ser apenas necessidade, tornando-se obrigação, haja vista que todo bom cidadão deve ter isso em mente.

3.19 Treinamento

• Uchi-komi

Entrada do golpe propriamente dita, utilizando-se do Kuzushi, seguido do tsukuri, promovendo movimentos de técnicas repetitivas, buscando ter um ganho de velocidade e de equilíbrio dos golpes. O Uchi-komi se divide basicamente em três fases, logo, parado, em movimento e derrubando diretamente. Contudo, existem várias combinações e variações possíveis dentro de um objetivo de treinamento. O joga-joga, nome pelo qual é conhecida a maneira de projetar e de ser projetado, deve ser praticado quando o aluno já domina bem os educativos de queda, os ukemis.

• Renraku-renka-waza

São os ataques combinados, técnicas que se completam nas interações e circunstâncias de desequilíbrio na aplicação dos golpes.

• Kaeshi-waza

São as técnicas utilizadas como contragolpes após algum ataque. São muito praticadas por alunos iniciantes. O professor deve tomar cuidado para não machucar os colegas, assim como para não comprometer o próprio desenvolvimento técnico no judô.

• Tandoku-Renshu

Treinamento sozinho com o aluno bem evoluído, precisando apurar sensivelmente sua percepção. São as sombras fintas, utilizando espelhos e bonecos.

• Yaku-Soku-Geiko

É o treinamento em pares, procurando jogar solto e livre, buscando a essência da técnica.

• Kakari-Geiko

Ataque consecutivo de direita e de esquerda, com desvio sutil do adversário, observando atentamente o Taisabaki.

• Randori

Luta franca no tatame, mas com o objetivo de identificar falhas e melhorias de seu desempenho dentro e fora do tatame.

• Shiai

É o combate propriamente dito. Estarão em jogo todo o empenho e o treinamento contra adversários igualmente preparados e merecedores também do direito de ganhar. No seu decorrer, dentro das regras, a competição sadia permite o aperfeiçoamento do judoca.

• Kiai

É o momento de concentração máxima de energia e de força para se obter, em questões de segundos, uma explosão de força e de velocidade no movimento e que, às vezes,é exteriorizado através de gritos.

4. A NOVA EDUCAÇÃO FÍSICA: O JUDÔ NO CURRÍCULO DA ESCOLA

A interconexão dialética entre corpo e mente, que marcou a evolução da espécie Homo no processo de formação da sociedade humana, consubstanciada no conceito da sobrevivência e de desenvolvimento na prática de atividades naturais, assim como lutas, rituais e jogos, caracterizando e contemplando as múltiplas necessidades do ser humano, tem sido problematizada no campo da educação desde a antiguidade. Exemplos como o modelo educacional da Academia de Platão e o consagrado lema de plenitude existencial, “mens sana in corpore sano”, atestam sua importância na formação do indivíduo. Desde o início da milenar caminhada da criatura pré-humana para o ser humano, as questões de poder e a luta pela sobrevivência sempre coexistiram entrelaçadas, norteando a inter-relação dos indivíduos nos agrupamentos emergentes, e foram assumindo diferentes matizes compatíveis com os níveis de complexidade dos assentamentos, que conduziram à conquista da civilização. O corpo, como ponto de partida da narrativa desenvolvimentista do ser-ente-ser, torna-se o polo centralizador das ações humanas, de modo que a corporeidade assume o papel de regulador da práxis humana na sociedade. A intencionalidade operante da corporeidade, interpretada e delimitada pela exploração profunda da percepção, aponta o movimento como veículo transmissor da herança sociocultural, impondo a motricidade humana como produtora e reprodutora de conceitos e preconceitos estereotipados, impregnados e velados na transmissão dos valores sociais. A nova lei de regulamentação geral do sistema educacional brasileiro oficializa a abordagem de novas temáticas sociais, vinculadas às áreas da saúde, da sexualidade, da ética, do meio ambiente e da pluralidade cultural, relevantes para a formação final do indivíduo, impondo uma reestruturação da grade curricular, com o objetivo de integrar esses novos conteúdos educativos. A integração dos novos conteúdos ao corpo disciplinar, com a mesma importância e valor dos conteúdos tradicionais, possibilita a elaboração de um currículo pleno, comprometido com a articulação interdisciplinar do conhecimento como um

todo. Espera-se que essa medida educacional tenha uma influência importante no processo social, principalmente no que diz respeito à formação da cidadania, e acredita-se mesmo que aportará uma relevante contribuição para formar uma nova sociedade, que tenha como princípio norteador o respeito ao ser humano em toda a sua abrangência. A concepção holística atribui à escola o importante papel de contribuir, de forma definitiva, para a concretização dos ideais de uma sociedade pluralista e mais justa, investindo nas educações moral e intelectual do aluno; formando, em igualdade de condições, homens e mulheres autônomos, críticos, solidários e conscientes de suas relações e de suas obrigações com o mundo. Ademais, dotado de várias intervenientes e áreas de atuação, o Judô é um campo da Educação Física (educação motora), sendo extremamente bem instrumentalizado para a aplicação no plano educacional, especificamente no tocante às mudanças de comportamentos e de atitudes, girando com maior amplitude na transformação completa do indivíduo. Como um jogo, a prática do judô destaca-se numa visão global da experiência existencial do homem, atuando na inter-relação dos diversos campos em que ela se dá, isto é, na cultura e na arte, no desporto e na liberdade, na sociedade e na individualidade, integrando a ludomotricidade ao processo de aquisição da experiência formativa do ser humano. O enfoque da educação, através do movimento, constitui um vértice pedagógico da ciência da motricidade humana que, propondo a corporeidade como uma condição existencial naturalmente dada, promove a participação significativa do ser humano em sua ação interativa com o mundo. Todo movimento é dotado de significação e de intencionalidade, por isso, no estudo do comportamento motor, deve-se levar em conta a multiplicidade significante do movimento, de maneira a trabalhar, adequadamente, o desenvolvimento da capacidade motora já existente no indivíduo. Assim enfocada, promovendo a interconexão entre corpo e mente, a ludomotricidade nas práticas educativa e esportiva em que se incluem o judô, recupera o processo dialético que constituiu a base de evolução da espécie humana.

4.1 Proposta do Judô no Ensino Médio

Desde meados dos anos 80, a Educação Física, até então assim chamada, vem intensificando a interação com outras áreas do conhecimento, ganhando influências renovadoras de diferentes ciências. Com efeito, a adoção da nova concepção humanista e a utilização do instrumental teórico das correntes desenvolvimentistas têm contribuído para uma melhor conceituação e compreensão do objeto de estudo da Educação Física; conferindo-lhe, inclusive, o estatuto científico. Manuel Sérgio, em sua importantíssima tese de doutorado de 99, em Lisboa, embasada em autores como Merleau-Ponty, Edgar Morin, Ortega y Gasset, entre outros, aporta renovações importantes no campo da Educação Física. A postulação de uma Ciência da Motricidade Humana, englobando todos os aspectos relacionados ao movimento humano, desmistifica o enfoque voltado exclusivamente para o biofísico, herança da Educação Física tradicional; enraizada, como se sabe, no dogmatismo cartesiano de um homem-máquina, por sua vez inserido no mundo natural. A Ciência da Motricidade Humana decreta a falência dos paradigmas tradicionais da Educação Física, centrada exclusivamente no corpo, inaugurando uma nova perspectiva científica do movimento humano. Para a motricidade humana, o movimento é o objeto prático de estudo e o ser do homem, o objeto formal, de modo que a missão educativa tem início e fim em si mesma. A corporeidade, nossa condição de presença na Terra, emerge naturalmente da motricidade humana, que interage intencionalmente no movimento e no corpo, dando significado e significância. Atualmente, na sociedade brasileira, a Educação Física tem recebido atenção e prestígio, expressos até mesmo nas leis de diretrizes e de bases da educação/96, e também nos PCNs, norteando e reforçando cada vez mais os seus novos paradigmas emergentes. Examinando as últimas décadas do século XX, percebese que a Educação Física escolar vem sofrendo uma grave crise de identidade, de conteúdos, de conceitos, de procedimentos e de valores básicos. Programas inadequados e o isolamento disciplinar impedem que os alunos tenham uma

compreensão clara da participação da Educação Física no processo geral de formação escolar; gerando, por meio das aulas repetitivas, o crescente desinteresse discente pela matéria. Portanto, a Educação Física Escolar deve renovar seus conteúdos programáticos, incluindo temas de relevância social, como, por exemplo, gênero, inclusão, consumo, ética, cidadania e o próprio conhecimento do corpo e suas manifestações, inserindo o funcionamento biofísico e toda a bagagem sociohistórica, impregnada de valores produzidos e transmitidos culturalmente. A interdisciplinaridade dos conteúdos e a possibilidade de transcendê-la são os objetivos primordiais da nova Educação Física, ou melhor, da Ciência da Motricidade Humana.

4.2 Planejamento de ensino

O planejamento é um processo de suma importância na ação docente, unindo as atividades escolares com a perspectiva do contexto atual em que se encontram. A escola, os professores e os alunos são integrantes deste processo e da dinâmica das relações sociais. Tudo o que acontece no meio escolar está atravessado, marcado por influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade. Isso significa que o planejamento de qualquer disciplina descartada (isoladamente) tem que pertencer genuinamente ao projeto político-pedagógico da escola. Por essa razão, planejar requer muita reflexão acerca das opções e das ações, a fim de manter os rumos da escolha dos padrões e do que for preestabelecido. A Ed. Física é a disciplina curricular que tem no seu objetivo estudar a cultura corporal de movimento, oriunda de conhecimentos socialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade, necessitando serem retraçados, direcionados e transmitidos para os alunos em todas as escolas. Por isso, não podemos mais insistir em posturas ultraadas, restringindo a concepção de Ed. Física e o conceito de “corpo e movimento” somente a seus aspectos fisiológicos, deixando de considerar toda a complexidade que deriva da produção da cultura corpórea brasileira. Trata-se de um novo enfoque da cultura do físico para uma “cultura corporal expressiva e significativa.”

4.3 A Ed. Física, motricidade humana e suas dimensões socioculturais

A crise de identidade não é um fato novo na abrangência e delimitação da atuação profissional na Ed. Física. A iminente mudança, operada por novos paradigmas que aportam uma nova visão ontológica e sociocultural da motricidade humana, revelando não somente sua intencionalidade, mas esboçando também a importância da compreensão de sua dimensão como ciência, impõe a retomada do problema. A existência humana assenta-se na motricidade que, atuando em todos os níveis da complexidade humana, determina as dimensões da própria existência, cercada de angústias, desafios, avanços, retrocessos e de dificuldades. A constituição da ciência da motricidade humana, alargando as fronteiras do conhecimento, oferece ao homem uma perspectiva abrangente da existência, capaz de transcender os horizontes do saber.

5. APLICAÇÃO DO JUDÔ NA ESCOLA: PROPOSTA DE TRABALHO

Acreditando que o aluno ativamente constrói o seu caminho para o conhecimento e necessita, por isso, que o aprendizado tenha total significação para ele, desenvolvo o meu trabalho, em Educação Física e no judô, com a intenção outra de enriquecer a concepção de Educação e de Pedagogia. É esse significado que faz brotar interesse da participação e do prazer na atividade, tornando a educação pelo movimento um ato prazeroso, cuja valorização do desempenho e do esforço pessoal de cada um redunda na alegria geral. Segundo os PCNs e a nova LDB, a Educação Física é a disciplina responsável pela integração dos alunos na cultura corporal do movimento, constituída de múltiplas áreas de ação e de intervenção, e que, na visão global de homem, é imprescindível na formação da cidadania e da consequente saúde de uma nação. O corpo como canal do movimento é rico em linguagem, valores e comunicação, porém, essa expressividade do corpo só tem sentido no espaço lúdico, da liberdade de fantasias que visam ao deslumbre do brincar.

5.1 Associação /Aplicação

Na escolinha de judô do Colégio Garriga, especificamente na educação infantil, a fim de reforçar e de instrumentalizar os alunos e sua escolaridade normal, introduzo a minha metodologia de trabalho, de maneira a pôr em prática e a utilizar reduzidamente a interdisciplinaridade no planejamento das aulas, relacionando conteúdos a outras disciplinas e a áreas de conhecimento com a Educação Física. Nessa feita, temas relevantes de abrangência social, que levem o aluno a refletir, a compreender e a se situar perante o mundo de hoje, como a ética, a saúde, a violência, a cidadania e o autoconhecimento, reforçando e instrumentando os alunos e sua escolaridade normal, fazem parte do objetivo imediato de aula e do objetivo final a se alcançar. Dentro dos ensinamentos do judô, a filosofia é considerada estrutural e sólida, forjada na excelência comportamental do ser humano, delineada e embasada no que hoje chamamos, no Brasil, de temas transversais e de transversalidades. Tanto na esfera teórica quanto na prática do dia a dia, os conceitos básicos do judô ressaltam o alto nível de compromissos necessários, pois seus princípios buscam tornar melhores a vida e a convivência do homem no mundo, através da conquista do autoconhecimento e de sua autonomia. A psicomotricidade é a palavra-chave do desenvolvimento infantil, e, segundo Le Boulch, a linguagem corporal antecede até o pensamento, por isso, na prática das aulas no tatame, procuro explorar ao máximo as atividades psicomotoras com significado, tais como: lateralidade, coordenação, equilíbrio, domínio espacial, consciência corporal, introspecção, linguagem, relaxamento e acuidade mental.

5.2 Plano de Curso: JUDÔ

Objetivos Gerais:

• Desenvolver no aluno o domínio das suas emoções e de seus sentimentos, demonstrando atitudes de respeito a si mesmo e a todos coletivamente;

• Desenvolver todas as potencialidades psico-cognitivo-motoras do aluno, explorando o máximo de atividades variadas, conjuntamente com o padrão de cada fase/idade, e o somatório de diferentes experiências, direcionando suas decisões para uma visão mais consciente, global e crítica;

• Promover no aluno, através da pura prática contínua, hábitos e atitudes saudáveis, desenvolvimento e crescimento corporal e melhoria da saúde e aquisição de valores;

• Promover o equilíbrio biopsicossocial do aluno, com o intuito de reagir com clareza e exatidão na resolução de seus problemas; podendo, assim, através de seu comportamento, colaborar e exercer plenamente, com elevada competência, a sua cidadania.

• Desenvolver a busca da autonomia da consciência ou do juízo moral do aluno, aparelhando-o para o convívio social e o exercício pleno da cidadania.

• Promover uma consciência bioplanetária do aluno, para que possa eleger valores de qualidade de vida para o mundo e para si.

5.3 Metodologia e Estratégias

Aulas potencializadas: Utilizo a primeira parte da aula (aquecimento), que tem duração em torno de 25 minutos, para introduzir os conteúdos selecionados de outras disciplinas, assim como os temas transversais relevantes. Esses procedimentos acontecem de forma lúdica e divertida, sendo realizados através de piques, joguinhos, estafetas, mímicas e histórias contadas, pois fluem naturalmente e produzem um grande interesse no aluno. No restante do tempo da aula, incuto as técnicas e a progressão pedagógica do judô, culminando ao final no Randori (luta).

5.4 Conteúdo/Desenvolvimento

• Aulas das cores: Com vários papéis-cartão de todas as cores e através de piques, os alunos correm em direção às cores, por sua vez colocadas em diferentes pontos da sala, conforme a cor retirada na hora. • Aulas de Figuras Geométricas: Com desenhos no chão com giz, há várias figuras geométricas. Com o professor, ficam as figuras nos cartões, e, ao apito, os alunos vão à direção da figura solicitada. Portanto, o primeiro a chegar senta-se e assim por diante, até o último. • Aula do Jornal: Os alunos desenvolvem movimentos com a folha de jornal, sem deixá-la cair, trocam de braço para braço, braço para barriga etc. Além do mais, há brincadeiras com a folha, como o tapete mágico, o surf, a capa de super-homem e, na volta, há as calmas atividades manuais com a folha, como máscara e chapéu.

• Aula Temática: Divide-se em temas sociais, históricos e cotidianos, cuja descrição das brincadeiras a por um discurso, do mesmo modo que o , também sustentado por argumentos.

• Aula dos Animais: Procuro imitar e ar aos alunos a movimentação dos diferentes animais e sua relação com o mundo, buscando a introspecção da criança para poder representá-lo.

• Aula dos Meios de Transporte: Imitar com sons e movimentos todos os meios de transporte.

• Aula das Cores em Inglês: Mesmo procedimento das aulas das cores, porém utilizando a língua inglesa.

• Aula em Dupla: Vários exercícios e atividades em dupla, fortalecendo a amizade e o grupo.

• Aula do desenho: O aluno recebe uma folha com golpes do Judô e um conjunto com lápis de cera. Todos pintam e depois desenham o que quiserem.

• Aula do Pique-Estresse: O objetivo é fortalecer ainda mais todos os sistemas do organismo. A aula é realizada por meio de corridas consecutivas, em velocidade e em vários tipos de piques, resultando no trabalho de força.

6. ANEXOS, DICIONÁRIO DE INFORMATIVOS

Neste capítulo, o fito é instrumentar e ampliar mais os conhecimentos sobre o judô, de forma a aplicá-lo corretamente na escola, favorecendo a sua aderência e a implantação adequada a qualquer instituição educacional.

6.1 Anexo N°1: Aulas

Tabela 6.1.Aulas

Aulas diferenciais e o aquecimento Específicas Global Aplicação Material Formulação das aulas no aquecimento

Muscular/sistema físico (articulações, sistemas respirat Emocional Prazer Utilizar o máximo de variedades na produção de estím Tudo possível (plinto, jornal etc).

Plano Semanal; Objetivar o lúdico, o motor e o afetivo; Reforçar a escolaridade e os conceitos sociais; Buscar a visão global do homem (o intelecto, o motor, Nomenclatura própria: aulas no aquecimento. Diferenciais estímulos Circuitos Papel e lápis de cera

Estafetas/ meios de transporte Jogos com bola

Fonte: Criada pelo autor.

6.2 Anexo N° 2: Planejamento Geral da Educação Física UIGM/2008

Todo planejamento requer, em primeiro lugar, um processo de interiorização das diretrizes pedagógicas, o mais lógico e racional possível, para articular, na reflexão sobre a relação individual com o dever social, o entrosamento das problemáticas sociais e humanas com a atividade escolar. Todos os elementos que compõem um planejamento de ensino, como objetivos, conteúdos, métodos e seus atores principais, professores, escolas e famílias, estão recheados e impregnados de influências políticas, econômicas e culturais, que constituem vias silenciosas de infiltração do poder da sociedade dominante. Portanto, devemos escolher com calma os nossos caminhos e refletir cuidadosamente sobre os conceitos, as tendências e as correntes que embasam o nosso pensar, buscando no equilíbrio dessas influências uma forma de amenizar a pré-compreensão e de minimizar o impacto da ideologia e da visão de mundo sobre o planejamento pedagógico. Com certeza, um bom planejamento escolar assegura a articulação harmônica dos ideais da instituição, do horizonte dos educadores e dos anseios da família; conjugados, naturalmente, com o ideário nacional de formação escolar através das Leis: “Lei nº. 9394\96, em seu título II, artigo 2º, afirma que a educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Tabela 6.2 – Níveis de Planejamento

Características e níveis de planejamento: • Orientação • Sequência • Objetividade • Coerência lógica • Flexibilidade

Plano de diretrizes e de base da educação Plano da instituição Plano do curso Plano do ensino Plano de aula

Fonte: Criada pelo autor.

6.3 Anexo N° 3: Proposta de planejamento

A interdisciplinaridade dos conteúdos e a possibilidade mesma de transcendê-la são o objetivo primordial da nova Educação Física.

TEMAS E PROBLEMÁTICAS

• Construto teórico do projeto • Transversalidade e flexibilidade do planejamento • Interdisciplinaridade\Multidisciplinaridade • Verticalidade do programa • Temas Transversais • Fases de crescimento e de desenvolvimento • Objeto formal\Objeto prático

QUESTÕES A INVESTIGAR

1. O que é a Ed. Física e o que faz parte da Ed. Física. 2. Qual o objetivo e a finalidade da Ed. Física. 3. Conteúdo programático completo e vertical por segmento

PROPOSTA ED. FÍSICA/2008

6.4 Anexo N° 4: Desenvolvimento Humano

O estudo minucioso do processo de desenvolvimento humano tem sido de grande importância e interesse para estudiosos, mas também para educadores que o situam no centro da questão da educação, quer seja na sala de aula ou no ginásio, quer seja no campo dos esportes. Hoje em dia, o que se conjuga no meio educacional está atrelado ao fato de que, sem o conhecimento profundo dos aspectos que constituem o desenvolvimento do comportamento humano, nós, educadores, somente podemos pressupor superficialmente as técnicas educacionais e os procedimentos de intervenção apropriados. Citado o fato, os educadores desenvolvimentistas reconhecem que, embora a instrução e a educação formal façam parte importante e significativa de um processo de ensino-aprendizagem, não explicam e concluem por si sós todo o aprendizado. Em contrapartida, o desenvolvimento humano o explica o a o e continuadamente até o fim de nossas vidas.

1. Paradigma - teorias científicas da concepção/funcionamento do mundo. 2. Cosmovisão - visão de mundo individual/somatório de experiências. 3. Visão Mecanicista - mudanças quantitativas, corpo/ivo, partes ao todo. 4. Visão Organísmica - mudanças qualitativas, corpo/ativo, todo/maiores partes. 5. Visão contextual/interações dinâmicas/sistemas externo e interno do organismo.

• Teoria Psicossexual – Freud • Teoria Psicossocial – Erikson • Teoria Cognitiva - Piaget

• Teoria Maturacional - Gesell • Teoria Biossociocultural - Havighurst • Teoria Ecológica Sistêmica - Bernstein • Teoria Ecológica Ambiental - Bronfenbrenner

Abordagem Conceitual: Fase/Estágio, Tarefa desenvolvimentista, Marco desenvolvimentista, Teorias Ecológicas do desenvolvimento humano. As teorias aqui citadas se encaixam nos modelos de desenvolvimento humano

6.5 Anexo N° 5: Informativo do Judô

Muitas são as escolas que oferecem prática esportiva infantil; porém, para que haja um maior aproveitamento por parte da criança, é necessário aliar ao trabalho de desenvolvimento psicomotor uma prática lúdico-disciplinar de caráter formador e duradouro. A pré-infância é a base da estruturação e da formação de todo o ser humano que, logo cedo, impulsionado pela necessidade do movimento e de informações, estimula desde o mais distante neurônio-motor-periférico até as sinopses nervosas do córtex motor, tálamo e bulbo cerebral, responsáveis pela elaboração das respostas recebidas pelo cerebelo, que, em contato direto com os estímulos e junto com os resultados relacionados e armazenados, conduzem o indivíduo à sua maturação neuromotora. As novas concepções e correntes da Educação Física são leituras que, apoiadas na motricidade humana, apontam para uma visão global, concebendo a educação como um processo sistêmico e associativo de um TODO. Tal visão, holisticamente, pressupõe o trabalho concomitante e interativo das áreas de intervenção.

INFORMATIVO DO JUDÔ PARA O ENSINO MÉDIO

A prática desportiva para o adolescente é de vital importância, bem como a sua utilização em busca do equilíbrio biopsicofísico, o que gera no indivíduo uma capacidade maior de rendimento em todas as áreas. A atividade física tem que ser conscientemente prazerosa; por isso, a escolha varia conforme as informações que se tem respeito.

6.6 Anexo N° 6: Você sabia das origens das lutas no mundo?

• Greco-Romana: antiguidade de Grécia e de Roma. • Capoeira: originária da África, desenvolvida no Brasil. • Savate: boxe com as pernas, originário da França. • Luta Livre: copiada da greco-romana, produzida em toda a Europa ocidental. • Sambo: luta livre, originária da Rússia. • Kickboxing: similar ao Savate, originário das Filipinas. • Kravmagá: luta de guerrilha, originária de Israel. • Taekwondo: originário da Coreia. • Boxe: Inglaterra. • Tae-Giuu: Luta baseada em pernas e tapas, vinda da Coreia. • Wrestler: espécie de luta livre, originária da Inglaterra. • Sumô: Mongólia e todo o Oriente. • Bukulaia: similar ao caratê com armas; Índia. • Jiu-Jítsu: região do Tibete. • Freestyle: vale-tudo; Estados Unidos. • Wushu, Shaolin, TaiChiChuan, KungFu: China. • Toddi e caratê: Okinawa.

• Tikara-Kurabe: Combate de força, Japão. • Aikijujutsu, Tambô, Jô-jítsu (luta com bastão): antiguidade oriental. “Jiu-Jítsu”: a mais antiga em correlação e em sistema de luta, dividida em ShintoShinioRiyo, Kitoriu, Aratariu, ShinshidoriuYamara, Ken-Jitsu e Nin-jitsu, que vieram depois. • Aikido, Kempo, Judô: mais recentes. • Brazilian Jiu-Jítsu: Brasil. •Boxe tailandês: Tailândia.

6.7 Anexo N° 7: Informativo para pais

INFORMATIVO DO JUDÔ Prof. Valécio Senna (apud Cap. I - tese/mestrado UCB) SENHORES PAIS,

O Judô escolar tem que buscar interagir o prazer, com as diversas formas de aquisição e de apropriação de conhecimento, utilizando o lúdico como instrumento mestre a fim de alcançar o objetivo principal da Educação, que é a transformação do educando. Segundo as novas tendências educacionais, a subjetividade intervém diretamente no ato de conhecer, de transformar, utilizando-se do corpo através de sua corporeidade, e da motricidade, que qualifica e conduz o agir e a consciência humana, como o alicerce de todo o processo educativo. Na escolinha de judô UIGM, procuramos, através do conhecimento completo do aluno e do atendimento individualizado, suprir as suas necessidades e expectativas, tornando apta a dedicação maior aos treinos, onde trabalhamos todos os componentes do desenvolvimento humano (físicos/cognitivos/psicossociais), usando os valores morais e éticos como um fio condutor de uma estratégia colocada diariamente em prática, através dos próprios dilemas e dos conflitos naturais da vida e do esporte. Outra vertente cobiçada na prática esportiva escolar é a possibilidade da participação em torneios e em competições as quais se encaixem nos mesmos níveis técnicos dos nossos alunos, oferecendo opções de campeonatos, de modo a atender a participação de todos os alunos da UIGM de Judô. Portanto, faz parte da filosofia e da metodologia desse esporte a participação de todos os eventos e competições que o judô promove, por seu turno qualificando os alunos para fazerem parte da equipe representativa da escola em cada categoria.

¨CONHECER-SE É DOMINAR-SE, DOMINAR-SE É TRIUNFAR¨, Jigoro Kano PRATIQUE JUDÔ SEMPRE

6.8 Anexo N° 8: Teste seu conhecimento

Tabela 6.8.Nome das lutas

Nome das lutas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Local de origem Grego-Romana Tikara-Kurabe Jiu-Jítsu Jô-jítsu Caratê e Toddi Tae-Giuu Tai Chi Chuan Bukulaia Sumô Taekwondo Boxe e wrestler FreeStyle KickBoxing Sambô Savate Capoeira Kravmagá Luta livre Boxe Tailandês Judô Brazilian Jiu-Jítsu

Inglaterra E.U.A Filipinas Rússia França África Israel Europa oriental Tailândia Japão (230 A.C) Coreia do sul Mongólia Índia China Coreia Okinawa Antiguidade oriental Tibete Antiguidade grego-romana Brasil Japão

Fonte: criada pelo autor.

O judô é uma luta originária do Japão, contendo um método de Educação Física que trabalha diretamente os valores sociais, tais como o respeito, a disciplina e a responsabilidade, haja vista que também proporciona uma atividade física orientada para o desenvolvimento psicomotor completo, trabalhando a localização espacial, a coordenação motora, o equilíbrio dinâmico, bem como o raciocínio lógico. Sua filosofia, na qual a conduta social é valorizada, contribui para a formação da criança e do jovem. O Judô pode explorar os aspectos relacionados ao comportamento; fortalecendo, na criança, as noções de julgamento, de consciência moral, de hierarquia e de relacionamento, dentre outros valores de grande importância na sua formação de Homem/cidadão.

6.9 Anexo N° 9: Proposta de Implantação da Escolinha de Judô

• OBJETIVO

Apresentar uma proposta para a implantação do judô em sua instituição escolar; oferecendo, através de um construto teórico relevante no meio educacional, subsídios para uma boa apreciação da importância e do alcance pedagógico de tal empreendimento.

• APLICABILIDADE

O judô é uma área da Educação Física que trabalha diretamente valores sociais e princípios éticos, como respeito, disciplina e responsabilidade. A sua propagação no mundo inteiro é o reconhecimento dos efeitos benéficos advindos dos seus ensinamentos, e comprova que a prática do judô se destina a aperfeiçoar e a desenvolver o seu praticante na dimensão física, cognitiva, espiritual, psicológica, cultural, e, principalmente, na dimensão moral, observável pelas atitudes, comportamento, consciência e juízo de valor, indicadores de todas as suas ações. Todos os alunos, meninos e meninas, adaptados à escola a partir do Jardim I, podem usufruir a riqueza das atividades físicas e as experiências da prática contínua e prazerosa do judô, assimilando-as, processando-as e refletindo-as em suas atitudes e vivências futuras. O lúdico e o prazer pela atividade são elementos afetivos que, em primeiro instante, fazem parte da conquista do aluno que, aos poucos, desvenda, adquire e conserva o seu conhecimento.

• CONCLUSÃO

O Judô com aderência na escola corrobora efetivamente em qualquer diretriz pedagógica, dando e de estruturação comportamental dos alunos em seu desenvolvimento, como também fortalece a relação deles com a escola.

6.10 Anexo N° 10: O Desenvolvimento Moral Na Escola Através Do Judô

Tabela 6.10. Desenvolvimento humano

Desenvolvimento humano Desenvolvimento moral (terceira infância) O Desenvolvimento moral na escola O judô escolar como estratégia do desenvolvimento moral

Conceito geral Visões de desenvol Historicidade da moral e seus princ PCNs/LDB O que é educação Mor Filosofia do judô Princípios éticos

Fonte: Criada pelo autor.

Desenvolvimento humano // Desenvolvimento moral

Na escola JUDÔ

CONCLUSÃO

Numa humanidade caótica onde vivem os Humanos atualmente, muitas vezes torna-se necessária a regressão instintiva aos nossos ancestrais e aos valores positivos, para um conhecimento mais profundo e que possa transformá-la. A bem da lógica, essa trajetória apresentada neste estudo busca explicar nossa evolução do ponto de vista do corpo, do movimento, do cérebro, da luta e da cultura, por sua vez focada no desenvolvimento do judô, nas artes marciais e em seu contexto de atuação profissional, assim como na inserção dos novos conceitos e paradigmas da ciência da motricidade humana, em especial no que diz respeito à interpretação axiológica do ente do ser do homem e, sobretudo, na Luta. Esse lutar descreve nossa sobrevivência e nosso caminho evolutivo do conhecimento e linguagem, posto que nos caracteriza e educa com relação ao lutar por tudo. Na teoria da vida, lutamos desde o espermatozoide, e, iniciando todo o projeto humano de várias batalhas em todas as áreas, campos e atividades da vida, respectivamente estamos lutando na fila da reencarnação. Com isso, temos como hipótese de estudo e de experiência prática um novo conceito subjetivo do Homo luctor, que lutava e luta por tudo eternamente. Por fim, espero que a leitura desse livro possa não só formar melhor os professores de Judô, de Educação Física e de Artes Marciais, munindo-os para uma reflexão maior sobre as temáticas da corporeidade e da motricidade, como também os incentive para a mudança do perfil, demasiadamente enfocado no biofísico tecnicista, resultando numa abordagem que contemple o homem e o seu maior e verdadeiro significado. Assim sendo, com 35 anos lecionando Educação Física, Judô e Jiu-jítsu, relaciono as experiências e os conteúdos deste livro, uma vez que creio trazer uma melhor conceituação desses, sendo indispensável para todo iniciante, professor e curioso do caminho suave do conhecimento.

BIBLIOGRAFIA

ARPIN, Louiz.Livro de judô de pé. Rio de janeiro, Record, 1970.

ARPIN, Louiz. Livro de judô no solo. Rio de Janeiro, Record,1982.

BARBOSA, Cláudio Alvarenga. Educação Física Escolar. Rio de Janeiro,Vozes, 1999.

BOTELHO MONTEIRO, Luciana. O Treinador de Judô no Brasil. Rio de Janeiro, Sprint,1998.

BURKE, James. ORNSTEIN, Robert, O presente do fazedor de machado: os dois gumes da historia da cultura. Editora Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1998.

CHUNKOV M.V. Recent discoveries in the Altai: Issues on the evolution of homo sapiens. Institute of Archeology and Ethnography.2012

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

CUNHA, Manoel Sergio. Motricidade humana: contribuições para um

paradigma emergente.Lisboa: instituto Piaget,1994.

DUNCAN, Oswaldo. Judô Luta no Chão. Rio de Janeiro, Ediouro, 1979

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. Edições Loyola, São Paulo, 1979.

FERREIRA NETO, Carlos Alberto. Motricidade e o Jogo na Infância. Rio de janeiro, Sprint, 1995.

FOLEY, Robert – Os humanos antes da humanidade. São Paulo, Editora UNESP, 2003.

FREIRE, João Batista.Educação de corpo inteiro. São Paulo: SIONE,1997.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra S.A, 1979.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra S/A, 1987.

GADOTTI, Moacir. Educação e Poder. São Paulo, Cortez, 2003.

GHIRALDELLI, Paulo Jr. Educação e Razão Histórica. São Paulo, Cortez, 1996.

HARARI, Yuval Noah, Sapiens, uma Breve História da Humanidade. 29ª edição, Editora Harper, 2001.

HUIZINGA, Johan - O homo ludens. São Paulo,editora Perspectiva S.A, 2004.

INOKUMA, Isao e SATO, Nobuyuki. Best Judô. Tokyo, Kodansha Internacional,1979.

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar editora, 1996.

KANO, Jigoro. Judô Kodokan. São Paulo: Cultrix, 2008.

KNELLER, George F. Filosofia da Educação. Rio de janeiro, Zahar, 1984.

KUDO, Kazuzo. O judô em ação (I-II). Tóquio, Japão: Publications Trading company 1972\77.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo, Loyola, 2002.

MENDES, Durmeval Trigueiro. Filosofia da Educação Brasileira. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1987.

MORIN, Edgar. Cabeça bem feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

OLIVEIRA, VitorMarinho. O Que é Educação Física? São Paulo, Brasiliense S.A, 1983.

OTOSHI, Christopher. Dicionário de Artes Marciais: Judô Para Criança. Porto Alegre, Rígel, 2000.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - Volume 7 – educação física, 3ª edição. Brasília ,2000.

PIAGET, Jean. O Juízo Moral na criança. São Paulo, Summs, 1994.

PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2003.

PREFEITURA DO RIO, Secretaria Municipal de Educação. Manual de Esportes: Judô. Rio de Janeiro, Arete Editorial S\A, 1999.

ROBERTS, J.M – O livro de ouro da História do Mundo. Rio de Janeiro, Ediouro, 2001.

ROBERT, Luiz. O judô. Portugal, Editorial Notícias, 1976.

SANTOS BAPTISTA, Carlos Fernando. O Judô da Escola à Competição. Rio de Janeiro, Sprint, 1999.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo, Cortez, 1986.

SHINOHARA, Massao. Manual do Judô. São Paulo, 1982.

TEGNER, Bruce. Guia Completo de Jiu-Jítsu. Rio de Janeiro, Record, 1977.

TEGNER, Bruce. Guia Completo de Judô, Rio de Janeiro, Record, 1969.

TSU TOO, Henji. Judô: o caminho suave. São Paulo: Hemus, S\D.

VIRGILIO, Stanlei. A Arte do Judô. Campinas,SP: Papirus, 1986.

VIRGILIO, Stanlei. Defesa Pessoal. Porto Alegre, Rígel, 1994.

Obrigado por ler este livro que publicamos!

Esperamos que esta obra tenha correspondido às suas expectativas.

Compartilhe por e-mail suas dúvidas e sugestões conosco.

Publique o seu conteudo acadêmico, científico ou técnico com a Paco Editorial

A Paco Editorial é uma editora focada na publicação de conteúdos científicos de pesquisadores; conteúdos acadêmicos, como teses, dissertações, grupos de estudos e coletâneas organizadas, além de publicar também conteúdo técnico para dar e à atuação de profissionais de diversas áreas.

Com uma equipe de profissionais especialistas na edição de livros, produzimos obras de qualidade nas mais diversas áreas de conhecimento, atuando para que o autor tenha excelência em sua publicação, incluindo todos os cuidados necessários para melhor pontuação da obra na avaliação da Capes.

Nosso trabalho de divulgação e distribuição dos livros físicos alcança todo o Brasil através de livrarias universitárias, eventos acadêmicos e plataformas online como a Amazon, Americanas, Submarino e Shoptime. Já no digital, a distribuição é global através de lojas da Amazon, Apple, Google e Kobo.

Venha você também publicar na Paco Editorial, editora referência no meio acadêmico, técnico e científico, com mais de 2 mil títulos publicados.

Para publicar dissertações, teses, obras técnicas, científicas, obras coletivas de grupos de pesquisa, e: http://editorialpaco.com.br/publique-napaco/.

Para publicar capítulo de livros em obras organizadas, e: http://editorialpaco.com.br/capitulo-de-livros/.

Para adquirir outros títulos da Paco, e: www.pacolivros.com.br

Av. Dr. Carlos Salles Bloch, 658 - Sala 21

Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100

Telefone: 11.4521.6315