ECONOMIA MONETÁRIA – 2018_1 3a. aula Agregados Monetários PROFA. VANESSA VAL
Criação de Meios de Pagamento e Sistema Monetário Bacen emite moeda. Parte se encontra em poder do público (PMPP); parte se encontra no interior do próprio Bacen e parte se encontra no caixa do Bacen.
Emissão Monetária: Somente o valor que vai para o caixa dos bancos e para as mãos do público. Moeda = PMPP + caixa BCs. O que permanece no caixa do Bacen não é, legalmente, moeda. Papel pronto a ser lançado como moeda é apenas papel, não é moeda. Assim, a quantidade de moeda manual é menor do que a quantidade de papel moeda criada pelo Bacen. 2
Criação de Meios de Pagamento e Sistema Monetário Meios de Pagamento (PMPP + DV)
São ativos com plena liquidez.
Desempenham com plenitude a função de reserva de valor e podem, em qualquer momento, liquidar dívidas estabelecidas em contratos ou obrigações advindas de transações realizadas em
mercados à vista.
Em maior ou menor grau, a liquidez é o atributo que qualquer ativo possui, de:
1.
Conservar valor ao longo do tempo;
2.
Ser capaz de liquidar dívidas. 3
Criação de Meios de Pagamento e Sistema Monetário Liquidez dos títulos do tesouro norte americano. Tendência recente dos mercados financeiros de criação de ativos
com alta liquidez. Liquidez dos ativos da economia:
John Hicks: conversão em moeda sem perda de tempo; a uma taxa de conversão fixa e conhecida. • Ativos plenamente líquidos: depósitos a vista. • Ativos líquidos: títulos públicos, ouro e obras de arte (seu possuidor possui planos de revenda). • Ativos ilíquidos: máquinas e bens duráveis ( seu possuidor não possui planos de revenda). Paul Davidson: o grau de liquidez de um ativo depende do grau de organização do mercado onde é transacionado, o que, por sua vez, depende das características do mercado. 4
Agregados Monetários e Conceito de Liquidez As Estatísticas Monetárias 1.
M1 = PMPP + DV.
2.
M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias.
3.
M3 = M2 + quotas de renda fixa + operações compromissadas registradas no Selic.
4.
M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez
5
Meios de Pagamento II.8 - Meios de pagamento e componentes Saldos em final de período R$ milhões
Período
Meios de
Variação percentual
Papelmoeda
pagamento
Variação percentual
Depósitos à vista2/
em poder do No
12
mês
meses
público1/
Variação percentual
No
12
No
12
mês
meses
mês
meses
2016 Dez
347 811
9,5
4,0
193 022
10,3
3,6
154 789
8,4
4,5
2017 Jan
312 240
-10,2
1,0
175 672
-9,0
2,2
136 567
-11,8
-0,5
Jul
316 196
-0,0
5,4
177 627
0,0
6,0
138 569
-0,0
4,8
Dez*
363 026
10,7
4,4
205 468
10,9
6,4
157 558
10,4
1,8
2018 Jan* Fev*
326 185 326 540
-10,1 0,1
4,5 2,4
187 768 185 528
-8,6 -1,2
6,9 4,6
138 417 141 011
-12,1 1,9
1,4 -0,4
336 668 340 601 343 683 348 534
3,1 4,3 5,3 6,7
... ... ... ...
189 550 193 279 195 038 198 644
2,2 4,2 5,1 7,1
... ... ... ...
147 118 147 322 148 645 149 890
4,3 4,5 5,4 6,3
... ... ... ...
Mar 1 2 5 6
1/ Papel-moeda emitido menos caixa do sistema bancário. 2/ Não inclui depósitos especiais do Tesouro Nacional, depósitos obrigatórios, depósitos para investimentos decorrentes de incentivos fiscais, depósitos vinculados e saldos credores em contas de empréstimos e financiamentos. * Dados preliminares. Fonte: Indicadores Econômicos do BACEN
6
Estatísticas Monetárias: M1, M2, M3, M4 II.11 - Meios de pagamento ampliados Saldos em final de período R$ milhões
Período
M1
Depósitos De
Títulos privados
M2 1/
poupança
Quotas de
Oper.
fundos de
compro-
federais
percentual
investi-
missadas
(Selic)
No
mentos
2/, 3/
M3
Títulos
M4
com títulos
Variação Em
mês 12
4/
federais
meses
2016 Dez
347 811
669 286
1354 557
2 371 655
2 736 708
174 992
5 283 355
861 130
6 144 485
1,4
10,6
2017 Jan
312 240
662 201
1338 968
2 313 409
2 819 887
185 425
5 318 721
822 767
6 141 488
-0,0
9,9
Dez*
363 026
727 973
1392 858
2 483 857
3 214 359
91 827
5 790 044
832 414
6 622 458
0,5
7,8
2018 Jan*
326 185
725 959
1395 526
2 447 670
3 264 484
101 654
5 813 808
835 192
6 649 000
0,4
8,3
1/ Inclui depósitos a prazo, letras de câmbio, letras hipotecárias, letras imobiliárias, letras de crédito do agronegócio, letras de crédito imobiliário e letras financeiras. 2/ Composto por Fundos Cambial; Curto Prazo; Renda Fixa (inclusive extramercado); Multimercado; Referenciado; e outros fundos ainda não enquadrados nas classes instituídas pela Instrução CVM nº 409, de 18 de agosto de 2004. 3/ Exclui lastro em títulos emitidos primariamente por instituição financeira. 4/ As aplicações do setor não-financeiro em operações compromissadas estão incluídas no M3 a partir de agosto de 1999, quando eliminou-se o prazo mínimo de 30 dias, exigido em tais operações desde outubro de 1991. * Dados preliminares.
Fonte: Indicadores Econômicos do BACEN
7
Estatísticas Monetárias: M1, M2, M3, M4
Programação Monetária de 2018
Os meios de pagamento (M1), avaliados pela média dos saldos diários, somaram R$318,9 bilhões em setembro, com elevação de 3,6% em doze meses. O saldo do papel-moeda em poder do público atingiu R$183,8 bilhões e os depósitos à vista, R$135,1 bilhões, registrando crescimentos respectivos de 4,8% e 2,1% em doze meses.
O agregado monetário mais amplo (M4) totalizou R$6,5 trilhões em setembro, aumentando 9,4% em doze meses.
Fonte: Programação monetária do BACEN
8
Estatísticas Monetárias: M1, M2, M3, M4
Fonte: Programação monetária do BACEN
9
Base Monetária, Encaixes e Redesconto
Base Monetária (B): também chamada de M0 (emissão primária de moeda). É igual ao total de moeda colocada em circulação pelo
Banco Central. B = PMPP + ET ET = E t + Ec + Ev B = Base Monetária PMPP = Papel moeda em poder do público (moeda manual) ET = Reservas totais dos bancos comerciais (encaixes totais)
Et = Encaixes técnicos (caixa dos bancos) EC = Encaixes compulsórios EV = Encaixes voluntários 10
Base Monetária, Encaixes e Redesconto Relações Fundamentais: PMPP = PMC - Et
PME = CBC + Et + PMPP PME - CBC = PMC
Como: B = PMPP + ET e
ET = Et + Ec + Ev
B = PMPP + Et + Ec + Ev B = PMC – Et + Et + Ec + Ev
Logo: B = PMC + Ec + Ev 11
Base Monetária, Encaixes e Redesconto Bancos em dificuldade financeira: Ocorre quando a razão Et/DV está muito baixa. Bancos podem pedir auxílio financeiro ao Bacen, via operação de redesconto. Mas há diferença entre operação de redesconto e operação de concessão de crédito.
1. Operação de Concessão de Crédito: É o Bacen exercendo sua função de emprestador em última instância.
12
Base Monetária, Encaixes e Redesconto 2.
Operação de Redesconto: Operação de crédito, colaterizada por um ativo financeiro.
O Bacen empresta ao banco tomador um valor inferior ao do ativo dado como garantia. Quando o banco for saldar o empréstimo, recomprará o ativo pelo seu
valor pleno. A diferença entre os 2 valores é a taxa de redesconto (uma taxa punitiva – custo para o tomador do empréstimo feito pelo Banco
Central).
13
Criação de Meios de Pagamento e Sistema Monetário
BALANCETE ESTILIZADO DO BANCO COMERCIAL ATIVO
IVO
(1) empréstimos
ivo Monetário
(2) reservas bancárias
(6) depósitos à vista novo 5.000 u.m.
(3) títulos públicos (4) imobilizado
ivo Não Monetário
(5) outras aplicações
(7)
saldo das demais contas
(8)
empréstimos internos e do exterior
(9)
redescontos e empréstimos
(10) patrimônio líquido (11) outras fontes
Total do Ativo
Total do ivo
14
Criação de Meios de Pagamento e Sistema Monetário
Toda vez que um banco concede crédito está criando moeda. Contudo, crédito pode ser concedido por qualquer agente econômico: parcelamento de vendas com cheques pré-datados, pagamentos de vendas ao final de cada mês. Entretanto, somente concessão de crédito bancário é criação de moeda.
15
Base Monetária e Base Monetária Ampliada
Base Monetária:
ivo monetário do Banco Central, também conhecido como emissão primária de moeda.
Inclui o total de cédulas e moedas em circulação e os recursos da conta Reservas Bancárias.
Corresponde ao montante de dinheiro em circulação no País mais o
dinheiro depositado nos bancos comerciais (soma do dinheiro dos caixas, dos depósitos voluntários e compulsórios no Banco Central).
16
Base Monetária e Base Monetária Ampliada
Base Monetária Ampliada:
O ivo monetário do Banco Central e do Tesouro Nacional.
Aparece como sendo a porção do M4 ível de controle direto pelo Governo.
O agregado monetário amplo M4 é definido como o total de títulos e de moeda emitidos pelo sistema financeiro, incluindo-se o Banco Central e o Tesouro Nacional.
O sistema financeiro capta recursos e os empresta ao setor nãofinanceiro. Esse ivo do sistema financeiro junto ao setor nãofinanceiro é denominado de M4. 17
Base Monetária Ampliada
A base monetária ampliada é diferente do ivo monetário das
contas analíticas do Banco Central porque inclui, além dos ivos do Bacen, a posição de custódia em títulos federais, que são ivos do Tesouro Nacional.
Conceito introduzido após a implementação do Plano Real, partindo da hipótese de que os agregados ampliados correlacionam-se melhor com os preços na economia brasileira, uma vez que refletem de modo mais preciso a capacidade de substituição do dinheiro,
definido de modo , e outros ativos financeiros.
Corresponde à base restrita acrescida dos depósitos compulsórios em espécie e dos títulos públicos federais fora do Banco Central
registrados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). 18
Base Monetária Ampliada II.12 - Base monetária ampliada - M4 e multiplicadores Saldos em final de período R$ milhões
Período
Base monetária
M4*
Diferença
Variação
M4 - BA
12 meses
1/
B
BA
Multiplicadores
%
M4/B
2/
M4/BA
2016
Dez
270 287
4 639 804
6 144 485
1 504 681
5,50
22,73
1,32
2017
Jan
262 392
4 688 649
6 141 488
1 452 839
3,44
23,41
1,31
Dez
296 755
5 156 070
6 622 458
1 466 387
-2,54
22,32
1,28
Jan
272 396
5 192 646
6 649 000
1 456 354
0,24
24,41
1,28
No mês
-8,21
0,71
0,40
-0,68
-
-
-
No ano
-8,21
0,71
0,40
-0,68
-
-
-
3,81
10,75
8,26
0,24
-
-
-
2018
Variação %
Em 12 meses
1/ Inclui base monetária, depósitos compulsórios em espécie e títulos federais fora do Bacen (exclui LBCE, mas considera as operações de financiamento com lastro nesse título). Inclui, emissões/resgates de títulos públicos federais sem impacto monetário. 2/ Valores absolutos. * Dados preliminares. Fonte: Indicadores Econômicos do BACEN
19
Base Monetária - EUA
Fonte: FRED St. Louis
20
Quantitative Easing (Afrouxamento Monetário)
Quantitative easing:
Uma forma de atuação da PM usada para estimular economias
com taxas de juros muito próximas de zero.
Normalmente, o Bacen estimula a economia de forma indireta, via queda da taxa de juros.
Mas, quando os juros não podem cair mais, o Bacen pode tentar estimular o sistema financeiro com a criação de moeda (e,
consequentemente, compra de ativos financeiros) via operações de mercado aberto. 21
Quantitative Easing
Estímulos monetários injetaram grande liquidez na economia.
QE1: 25/novembro/2008 a 31/março/2010 US$ 1,25 tri. em compras de títulos lastreados em hipotecas. US$ 300 bi. de títulos do Tesouro de longo prazo. US$ 175 bi. em compras de dívida das agências imobiliárias.
QE2: 03/novembro de 2010 a 30/junho/2011 Compra de US$ 600 bi. em títulos de longo prazo do Tesouro.
QE3: Set/2012 – Set/2014 Compras mensais US$40 bi. em títulos lastreados em hipotecas (MBS). Compras foram diminuindo até zerarem no final de 2014. 22
Quantitative Easing
Grandes bancos centrais atuando fortemente com política monetária
Desde o QE1 a liquidez mundial ou de cerca de US$ 4 tri para mais de US$ 9 tri. Expansão da Liquidez Internacional (em trilhões de dólares) FED: QE 3 FED: QE1 Japão: Asset Purchase Program
FED: QE2 Japão: Asset Purchase Program
9,2
Fonte: Bloomberg e Banco Central do Brasil
jul-12
abr-12
jan-12
out-11
jul-11
abr-11
jan-11
out-10
jul-10
abr-10
jan-10
out-09
jul-09
abr-09
jan-09
Banco Central Europeu Long-term refinancing operations
jul-08
abr-08
jan-08
out-07
jul-07
abr-07
jan-07
Banco Central Europeu Long-term refinancing operations
out-08
10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0
23
QE: repercussões no Brasil
Taxa de Câmbio Nominal (R$/US$) 2,57 Compulsório sobre câmbio
2,44 2,31
IOF sobre empréstimos no exterior
2,18 2,05
Medidas de derivativos
Aumento de IOF
2,02
1,92 IOF
1,79 1,70
1,66 1,53
1,53
Fonte: Banco Central do Brasil
jul-12
abr-12
jan-12
out-11
jul-11
abr-11
jan-11
out-10
jul-10
abr-10
jan-10
out-09
jul-09
abr-09
jan-09
out-08
jul-08
abr-08
jan-08
1,4
24
QE: repercussões no Brasil Brasil - Reservas Internacionais (US$ bilhões)
QE 3
jul-12
QE 2 BoJ Asset Purchase Program
jan-12
400
377,2 LTRO 2
350 QE 1 BoJ Asset Purchase Program
300 250
LTRO 1
200 150 100 50
Fonte: Banco Central do Brasil
abr-12
out-11
jul-11
abr-11
jan-11
out-10
jul-10
abr-10
jan-10
out-09
jul-09
abr-09
jan-09
out-08
jul-08
abr-08
jan-08
out-07
jul-07
abr-07
jan-07
0
25
2014-2015 nos EUA: “Tapering” = Abrandamento Redução gradual do programa de compra de títulos de longo prazo pelo Federal Reserve, o Bacen americano.
Objetivo: Reduzir as compras dos atuais US$ 85 bilhões para USS 75 bilhões por mês, a partir de jan/2014.
No encerramento da reunião do FOMC de março/2014, Janet Yellen indicou que o Fed iria cortar as compras mensais em U$10 bi. Adicionais. O fim do programa da compra de ativos foi anunciado em outubro de 2014. 26
2014-2015 na Zona do Euro: PM expansionista Março/2015: O Banco Central Europeu (BCE) anuncia a compra de ativos, semelhante (embora não idêntico) ao pacote americano
“quantitative easing”. O processo é via a compra maciça de dívida soberana dos paísesmembros. O BCE gastará mensalmente cerca de 60 bilhões de euros até set/2016, totalizando mais de 1,14 trilhão de euros na compra de
dívidas soberanas. Razão: dinamizar a economia europeia. 27
Brasil: Taxa de Câmbio Nominal
Taxa de câmbio - R$ / US$ - comercial - venda - fim período - R$ - Banco Central do Brasil
Fonte: Banco Central do Brasil.
28
REFERÊNCIA
CARVALHO et al (2015) – cap. 1
29