Discurso Especial para o dia H. Spencer Lewis Fratres e Sorores, este discurso, escrito e publicado pelo ex-Imperator H. Spencer Lewis em 1931, descreve a Ordem Rosacruz em profundidade, bem como seu propósito e sistema de instrução. As palavras do Dr. Lewis são tão atuais hoje como o foram no ado, assim como os ensinamentos que tomaram a forma atual sob sua direção. Relembremos as palavras do primeiro Imperator do atual ciclo da AMORC.
Rosacrucianismo, um sistema singular Dr. Harvey Spencer Lewis, F.R.C. O amplo interesse pelos estudos rosacruzes bem como por suas práticas, constantemente levanta questões na mente daqueles que se familiarizaram com o termo “Rosacruz”, mas que poucos entendem a respeito da sua origem, do propósito e da organização dos mesmos. Em primeiro lugar, o estabelecimento da Ordem Rosacruz teve como propósito construir um sistema singular de instrução e orientação para os seres humanos em todo o mundo. Independente de quando e onde ocorreu, ou quando esses planos foram pela primeira vez colocados em prática, podemos determinar através dos marcos da história, que a AMORC sempre foi uma instituição singular. Na antiguidade, não existiu nenhum outro sistema ou escola pela qual se guiar, nem estava presa por tradição, a princípios ou métodos anteriores. Pela sua própria natureza, a AMORC era contrária às crenças e filosofias estabelecidas ao longo dos tempos, e por causa dos seus objetivos e propósitos, era claramente oposta, ou pelo menos distintamente diferente, de todos os
outros métodos e sistemas estabelecidos pelo homem para a propagação de uma vida melhor, de mais alegria e felicidade. É intrigante como existem tantas idéias estranhas por parte de pessoas que acreditam que a Ordem Rosacruz é algo completamente diferente daquilo que realmente o é. Alguns pensam que deve ser um grupo de seres quase invisíveis, muito conservadores, velados ou escondidos, e que não deveria existir nenhuma organização física, nem qualquer outro tipo de manifestação e muito menos publicidade. Essas pessoas acreditam, que a organização foi sempre propositadamente velada e mantida em segredo e que qualquer forma de publicidade hoje em dia, é contrária à suas tradições e princípios. Não existe fundamento para essa crença e, de fato, é oposta à verdade. Existem poucas organizações chamadas fraternais ou sociais, voltadas para o crescimento do ser humano, que tiveram uma publicidade e uma divulgação externa tão abrangentes quanto a Ordem Rosacruz sempre teve. Traçando a história até a introdução da tipografia ou até o início do desenvolvimento das artes gráficas, quando a impressão começou a ser usada extensivamente de forma econômica e racional, descobrimos que a Ordem Rosacruz usou esse recurso mais profusamente que qualquer outro movimento dito fraternal ou humanitário. Entre os anos 1610 e 1620, quando a arte da impressão foi desenvolvida os rosacruzes foram os primeiros a usá-la para a divulgação mundial. A Ordem criou inúmeros folhetos dos quais não somente foram impressos milhares de cópias, mas o foram em muitas línguas e foi feita uma distribuição internacional. As publicações não eram direcionadas de forma conservadora para alguns poucos, ou para pessoas seletas, eleitas, intelectuais ou ricos, mas eram direcionadas às pessoas pensantes do mundo. Eram distribuídas de tal forma que todos que pudessem ler encontrariam cópias e tomariam conhecimento da mensagem que os rosacruzes tinham para o mundo.
Como dito anteriormente, é duvidoso que qualquer outra organização possa mostrar em sua bibliografia completa, uma lista com tantos livros, manuscritos, folhetos e outros impressos que tratem dos ensinamentos, propósitos, ideais e atividades da Ordem. Certamente, isso não indicaria extremo conservadorismo nem uma tentativa, mínima que fosse, de ocultar a Ordem das classes populares. Os ideais e propósitos da Ordem dependem muito mais do apoio ou cooperação de poucos, não importa o quão bem selecionados sejam. O grande trabalho da Ordem Rosacruz: só pode ser realizado através da cooperação e do interesse das multidões. A essência do trabalho não está com as classes sociais altas, mas com o povo. O sucesso dos seus planos dependerá da cooperação de cada ser humano que possa ser educado ou treinado a pensar ao longo de algumas das diretrizes propagadas pela Ordem. A AMORC não é um esforço das elites mas um trabalho popular, e quanto mais popular se tornar, cada ser vivo conhecerá intimamente todos os seus detalhes, o conhecimento do seu trabalho será generalizado. De fato, os rosacruzes anseiam pelo dia em que alguns dos seus princípios sejam ensinados nas escolas públicas a cada menino e menina. Anseiam pelo tempo em que cada igreja, cada movimento humanitário, cada escola, faculdade, mídia em geral propagará seus princípios como essas organizações hoje propagam os ideais da honestidade, sinceridade, patriotismo, higiene e outros valores que ajudam a desenvolver a civilização. Quando esse dia chegar, o trabalho da Ordem será realizado por centenas de outras organizações e é possível que a cultura Rosacruz, como entidade, deixe de existir. Mas até que cheguemos a esse ponto os rosacruzes continuarão suas atividades construtivas, benéficas e úteis em favor da humanidade. Outra crença errônea por parte daqueles que não compreendem a Ordem, é que ela não deveria enveredar por caminhos pouco freqüentados e abrir seus portais aos mal-
afortunados e pobres. É estranho como o desejo de manter algo bom exclusivo, somente para aqueles que se acham como os eleitos do mundo, é algo antigo e historicamente incongruente. Jesus foi acusado de não preservar a sua mensagem para os dignos e de oferecê-la livremente aos espíritos fracos e pecadores, aos despretensiosos e humildes. Entretanto, existem milhares de pessoas hoje que, enquanto proclamam a bondade e a abrangência da missão de Jesus, acreditam que o trabalho dos rosacruzes deve permanecer confinado àqueles que se vestem com o manto da posição exclusivista, tanto social quanto financeira. Existem ainda aqueles que acreditam que a Ordem Rosacruz tem origem misteriosa e secreta, de um decreto divino proclamado por Deus à uns poucos. A organização em si é o resultado do desejo das massas por conhecimento útil. A sua base mais antiga foi criada entre homens e mulheres de todas as posições sociais, estabelecida por eles mesmos e não por um grupo de indivíduos que se diziam imbuídos de autoridade divina. A Ordem nunca alegou ser parte ou ter ligação com qualquer outra organização. Afirma ser dirigida por si mesma. Seus membros sempre tiveram o direito de propor e fazer recomendações e sempre tiveram voz ativa nos planos gerais. Qualquer decreto, regra, regulamento, proposto ou proposição submetida e aprovada pelos rosacruzes se torna uma regra se a maioria assim o determinar. Em cada época, a Ordem rapidamente adotou métodos novos e mais modernos, procurando sempre tomar a posição de vanguarda na evolução do homem, preparando-se para antecipar suas necessidades e exigências. A cada jurisdição é permitido adotar tais métodos para trabalhar com sucesso no ambiente em que está inserida e com as pessoas com as quais terá de tratar, mantendo, um relacionamento mútuo com todas as outras jurisdições, através do conselho internacional composto pelos rosacruzes mais destacados de cada pais.
Em outras palavras, a Ordem não alega ter uma origem divina nem reconhece nenhum líder divino como seu oficial superior. Não tem um mestre terreno e não reconhecerá a ditadura de qualquer autoridade auto designada, externa ao seu corpo de membros ou externa ao seu progresso em sua própria jurisdição. No entanto, o termo “Rosacruz” abrange um sistema divino de atividades, métodos definidos e um programa especial de estudos. A Ordem no mundo inteiro, independente das jurisdições ou condições locais, cosmicamente decretou princípios que propaga e aos quais os rosacruzes devem aderir. Esses princípios fundamentais foram estabelecidos na Ordem há séculos e foram acrescidos e modificados pelos Mestres Cósmicos. Esses são os marcos da organização, e são de propriedade exclusiva da Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis. A Ordem Rosacruz nunca alegou ser uma organização, caritativa nem mesmo uma sociedade beneficente. Existem algumas pessoas que acreditam nisso, mas não têm qualquer razão. Esperar que a Ordem Rosacruz, em qualquer época ada ou presente dependa apenas e exclusivamente de doações voluntárias, presentes em dinheiro ou caridade dos orçamentos municipais ou estaduais, é inconcebível. Através de toda a sua história, sempre se soube que a Ordem Rosacruz possui recursos positivos e que os usa sob diversas formas, através de diversos métodos, sem limitações, sem restrições e sem hesitação, para realizar campanhas repentinas ou planejadas em beneficio de sua organização ou para o bem da humanidade. Na realidade, a Ordem já foi publicamente acusada de ter descoberto o segredo da transmutação de metais em ouro, de produzir metais preciosos e gemas raras para financiar assim suas intensas atividades. Quem conhece a verdade compreende que a arte da transmutação é cara, e que nenhum ganho financeiro poderá resultar através do exercício deste conhecimento.
A Ordem Rosacruz, por outro lado, sempre esperou e espera que os rosacruzes apóiem seu trabalho de forma definitiva, contribuindo espontaneamente para os seus fundos, de forma que a organização possa continuar o seu trabalho de maneira condizente à sua integridade e à sua dignidade. Hoje, como no ado, a Ordem Rosacruz, AMORC constrói maravilhosos edifícios em lindos parques ou locais adequados, e sente prazer na arte de embelezar suas sedes, templos e tudo com que tem contato. Faz contribuições para pesquisas, expedições arqueológicas em países longínquos, experiências e testes científicos. Tem condição financeira para executar seus desejos ou sonhos, para elaborar qualquer de seus planos, engajar-se em qualquer atividade experimental ou de pesquisa ou que possa conduzir a novos conhecimentos ou benefícios, não só para os rosacruzes, mas para pessoas em todos os lugares. Acredita profundamente na ampla disseminação da literatura e em levar essa literatura para as mãos daqueles menos afortunados. Por essa razão, a Ordem, hoje, fornece para centenas de bibliotecas, hospitais, sanatórios e prisões a literatura que algumas pessoas acreditam deveria ser reservada exclusivamente para os eleitos ou seletos. Em todos os sentidos, a Ordem Rosacruz é uma organização de caráter público e de forma nenhuma uma organização secreta. Apesar de realmente possuir inúmeros segredos que preserva para aqueles que os alcançam, não possui segredos para aqueles que são merecedores somente por causa de sua posição social ou financeira. Existem milhares de rosacruzes que se encontram em circunstâncias desafortunadas e que não podem contribuir com suas mensalidades, cumprir suas obrigações ou participar apoiando o trabalho em diversos momentos de suas vidas. A Ordem continua ajudando essas pessoas e uma vez que se tornem rosacruzes, cada membro será sempre um rosacruz: enquanto viver, independente de sua condição
financeira ou social, a menos que viole alguma lei do país ou algum principio ou critério da organização. A crença de que, originalmente, eram itidos na Ordem somente cientistas ilustres ou intelectuais de sangue azul é um pensamento equivocado face a ampla publicidade e o desejo dos rosacruzes de fazer com que a sua organização seja benéfica a todos os seres humanos. Em alguns países, as pessoas que se excluíram a si mesmas formaram círculos de convívio próprio e sentem-se felizes com o fato de pertencerem a um grupo que pode contar o número de seus membros nos dedos de suas mãos. Algumas dessas pessoas são responsáveis pelas opiniões erradas a respeito dos princípios rosacruzes. Desejam exclusividade e negam o reconhecimento de uma posição rosacruz, para pessoas humildes, ou de uma classe social simples. No entanto é fato notório que a Ordem Rosacruz continua crescendo e tornando-se um dos movimentos mais populares de ajuda para a humanidade que o mundo jamais viu. Os rosacruzes estão começando a expressar de diversas formas o orgulho que sentem pela sua organização. O número crescente de rosacruzes, seu poder e devoção constitui o fator que sempre foi valorizado pela Ordem e é hoje a maior força que esta possui. A Ordem está feliz em poder contar entre seus membros, com homens e mulheres que ocupam cargos de juizes das cortes superiores e altas posições ao nível estadual e nacional. Também está feliz por ter membros proeminentes na área científica, na arte e na literatura e pode contar com jornalistas e editores, advogados, médicos e pessoas famosas em todas as categorias profissionais. Mas, tem o mesmo orgulho de ter entre seus membros pessoas humildes que exercem profissões corriqueiras onde a maioria da humanidade se encontra, onde o trabalho a ser feito é maior e onde a redenção do homem deve ter sua estrutura para que a nova civilização possa ser construída para um mundo melhor.
Existem hoje milhares de pessoas que apontam orgulhosamente para o fato de serem rosacruzes e que seus filhos, agora com idade suficiente para se afiliarem, estão sendo encaminhados a Ordem para começar o progresso através das gerações. Existem centenas que citam que os seus avós foram membros da Ordem. Nós, por outro lado, como executivos da Ordem,estamos orgulhosos do fato de termos milhares de amigos devotados que são nossos verdadeiros irmãos e irmãs na Grande Obra. O momento está chegando quando milhares de milhares de homens e mulheres exibirão seus emblemas rosacruzes a seus filhos, ou legarão estas coisas como heranças familiares e trarão alegria aos corações e mentes das gerações mais novas, como um raro privilégio de continuar o trabalho começado pelos seus ancestrais. Nosso chamamento deve continuar sendo para as massas. Deve ser feito de forma que as massas o compreendam. Devemos encontrar cada tipo de mente em seu próprio plano de compreensão e no seu próprio nível, e então proceder à elevação daquela mente a um nível mais alto. Para ver, devemos nos curvar e estender a mão amiga para aqueles que possam estar abaixo de nós no sentido físico, material ou social pois ninguém está abaixo no sentido verdadeiramente divino e espiritual. Devemos usar os métodos materiais para combater a ignorância, as superstições e as tentações do mundo. Devemos sair das avenidas, trilhar as vielas e entrar nos vales das sombras bem como escalar ao topo das montanhas e procurar em toda parte aquele que está buscando por nós. O que temos muito a oferecer: métodos, programas de atividades nas artes, na ciência, na filosofia e formas de divulgação que ajudem a levar nossa mensagem e nosso trabalho, independente de classe social ou posição de vida, independente da crítica daqueles que entraram em contato com a Ordem e desejam fechar os seus portais às massas da humanidade e viver a falsa alegria e felicidade da separação e do isolamento.
Portanto, faça o máximo para anunciar a mensagem do telhado das casas e do topo das montanhas. Milhões devem ser chamados pois, somente poucos são escolhidos. Nós não escolhemos. Cada um escolhe por si mesmo se deseja viver na luz e disponibilizá-la a todos para que venham obtê-la, e para fazer isso, nossa divulgação, esforços, ofertas de ajuda devem ser irradiadas sem restrições baseadas em classificações de povos e independente de quaisquer distinções criadas pelo homem. É um trabalho deleitoso para todos e devemos torná-lo impessoal, universal para estar de acordo com o que sabemos da universalidade do amor de Deus e da irmandade humana. Que assim seja!