Alter Ego 483d6d

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editor: Thiago Domingues Regina

projeto editorial: BookPro

coordenação editorial: Blenda Castro

revisão: Tatiana Valle Lacerda

copidesque: Gabriela Fujita

ilustração: Luíza Coser

versão digital: Pedro Diniz

diagramação: Aline Garcia

capa: Clara Wanderley

e-ISBN 978-65-598-5296-3

Todos os direitos reservados, no Brasil, por

Editora Viseu Ltda.

[email protected]

www.editoraviseu.com

Apresentação

É com muita honra e satisfação que recebo a tarefa de apresentar a você, leitor, este livro. Fruto de trabalho contínuo e reflexões diárias, essa primeira publicação individual da escritora, Alter Ego, é a realização de um sonho constante e inquieto na vida da IZA.

Dona de um charme caótico e de uma simplicidade cativante, a escrita da autora não nos convida apenas para lermos de forma a não nos relacionarmos com o poema, pelo contrário, os poemas escritos por ela nos abrem as portas de sua casa e de sua alma, para que, íntimos e de frente a frente com ela, desvendamos os mistérios e os medos contidos ali.

Na leitura, somos levados a compartilhar tristezas, alegrias e incertezas que são dela, mas são nossas também, pois somos recebidos e nos sentimos presentes nesse mundo que nos é aberto e nos é familiar, típico de qualquer ser humano. Encontramos um ombro amigo, alguém que compreende a solidão e nos estende a mão para que não precisemos estar sozinhos nesse momento; a leitura do livro é um momento de amizade e cumplicidade com a autora que nos escreve sobre o seu EU mais profundo.

Para além das reflexões que já foram mencionadas, conseguimos perceber alguns momentos de humor… Um humor seco, ardente, crítico e perplexo, típico de alguém que viveu histórias, que conhece o mundo, que entende a essência e que, ao mesmo tempo em que contempla, não deixa calar.

Tenham todos uma ótima leitura!

Kátia Predebom (Professora -Formada em Letras pela UFRGS)

1

Não sou eu quem escreve;

Dentro de mim,

Há outra pessoa

Que me constrange.

2

Eu sou um rio

Que corre para o mar

Para encontrar o sal.

II

Quando o rio doce encontra

O sal do mar,

É um eletrochoque tão intenso,

Que sinto e penso

No sentimento e no pensamento dele,

Depois deles.

Por acaso, estou nesse encontro.

3

Entre pingos e respingos;

Não sei se pingo

Ou só respingo

Meus poemas machucados.

4

Às vezes me interessa mais

A burreza (sic)

Do que a certeza

Da

Esperteza.

5

Me arrumei, me pintei, me travesti...

Depois gravei seis “vídeos-aula”,

Me revi,

No meio dessas grades mortas

Com a boca meio torta,

Com sulcos na testa,

Com os olhos quase fechados,

Com a voz rouca.

Pigarreando,

Abordei a Literatura Africana.

Minha cara pálida e louca;

Preferiria ser pele vermelha.

Horrível! Caótico pra mim!

Deletei tudo

E não enviei minha pessoa pra ninguém,

Nem pra mim.

6

Quando o poema

Começar a ficar chato,

Acabo com ele,

Senão ele acaba comigo.

7

Confesso: algo me perturba.

Não consigo aproveitar o tempo que tenho,

Pareço cansada, surrada.

Dou largura para coisas fúteis, imprecisas.

Tenho conta disso,

Sei que é sério não amar até os segundos da vida.

Hoje ainda é o meio da tarde,

E já vivi o meu cenário,

Sem mudá-lo em nada mesmo.

Mas tenho minutos, ainda, para olhar o pôr do sol,

Que, dia a dia, cada vez é mais lindo e longo e intrigante.

8

Nesta quinta-feira, meu poema não é tão bom.

É que enquanto escrevo...

A dobradiça da minha porta range,

E a minha alma quer silêncio.

O ruído das coisas e dos outros me incomodam,

Porque encontrei meus próprios rumores

Para dizer as verdades miseráveis.

9

Há 30 anos

Depois do concurso,

O prêmio,

Por delírio,

Ou estupidez,

Foi

Bebido a uísque sem gelo.

E o poema datilografado

Foi perdido.

Rasgando a garganta;

Engolido pra sempre.

10

Busco entrar no interior das paredes do teu sorriso,

Mas este exagero de cimento que tu colocaste no rosto,

Não me deixa.

11

Acendemos um cigarro

Ao mesmo tempo!

Não estou sozinha.

12

Garrafa de uísque

Caminho pela rua e...

Não encontro meus os.

Pois meu caminho é o bar

É uísque barato,

É insinuação,

É ficar logo bêbeda

Para apagar as amarguras

Porque o meu amor não lhe convém.

13

Sou poeta porque o meu outro eu disse para ser.

Sou porque é meu horizonte.

E assim foi feito e assim será.

Sou, porque sou defeito.

Sou, porque necessito.

Sou, porque amo e odeio, se precisar.

14

Estou pelo meio, qualquer um, não importa que meio.

É sempre assim.

No meio das coisas.

No meio do cigarro.

No meio do vinho.

No meio do texto.

No meio de tudo.

No meio da estrada.

Estou no meio do caminho,

Um caminho que ainda não sei caminhar.

Estou no meio da ressaca do vinho e do mar.

Estou no meio da metade...

Não consigo me finalizar.

15

Não me completo nunca nesta vida,

O meu lado humano me trai e me atrai tanto que, às vezes,

Tenho desamor a ele.

Sinto-me desolada e isolada,

Diante do que não pude realizar ainda.

Arrasei muitos corações,

Enquanto outros tantos me quebraram.

16

Procuro palavras,

Elas se escondem debaixo da cama,

No meio do pó,

Entre o papel higiênico usado,

E esperneiam por todos os cantos sujos.

Procuro-as pelos caminhos aleijados.

Procuro-as porque me faltam,

Elas escapam e fogem,

Tento agarrá-las como a fome dos que sentem.

Para encontrá-las, é preciso tempo e coragem.

E amá-las, como se fossem esmeraldas.

Depois, com muito luxo, esmerá-las.

E aguardar o tempo certo.

17

A cada dia que me olho no espelho, levo um susto.

Eu nem queria ter uma visão minha neste instante.

Ele vai afirmar que meu sorriso é triste e louco.

Que estou fora do lado humano,

Que eu me traí perigosamente,

Que nem sou eu mais,

Que sou menos vezes menos,

Que não tenho mais recuperação.

Então vou fingir para que não me veja assim,

Com a pele clara,

Com o coração na cara.

Vou me fantasiar

Pois penso que posso te ludibriar,

Para que não consiga ver quem sou,

Vou fingir felicidade,

Mesmo nos momentos mais podres da minha vida.

18

Nunca me adaptei a clubinhos.

Nem o clubinho do lucro nem o do lixo.

Sempre fui a excluída,

A que pensa sozinha.

Também preferi assim.

É mais duro ser desse jeito,

Mas tenho a vantagem de ser eu;

Ninguém me convence, me vence ou me prende,

Não estou na tabela de classificação do campeonato.

Sou a dona da minha vitória

Ou da minha derrota.

19

Vou ficar perdida,

Menos das coisas e dos bichos;

Dos arinhos; dos gatos; das árvores; das folhas verdes; do que já tenho:

Da flor; da dor; do amor.

Você achará que estou demente.

Vou aguentar o elogio,

Ficar descalça

E voar de felicidade.

20

Obrigada pelas besteiras que não fiz na vida.

Obrigada pelas coisas que deram certo,

Em que minha flecha foi certeira.

Ainda tenho que agradecer a chuva que pousa e escorrega pelas janelas de vidro.

Ver as coisas e se importar com elas

É o grande lance.

Depois ela cai pelas paredes dos prédios

E vai resmungando por entre as calçadas e o asfalto,

Formando um miniriacho.

E vai molhando as flores, as folhas das sacadas.

Muitos se veem como a chuva,

Eu também.

21

O pouco não me fascina,

Me esquivo do pouco,

Quero o bastante.

A pobreza me entristece,

Porque sei o que é ser pobre de tudo,

Até do amor.

Sei que a festa não acabou,

Só não sei o meu final.

Tenho cuidado!

22

Depois de morrer

Sei também que algum vivo

Gostaria de ver meus olhos;

Aquela olhada que ou.

Peço que haja outro caminho,

Mesmo que seja alheio;

Eu preciso continuar,

Ter um lugar para ficar

Numa boa.

23

Se um dia me falta para escrever um poema,

Este dia eu não vivi,

Fora nulo.

Há tanto sobre o que dizer:

Há um pássaro morto no jardim do prédio ao lado;

Faz dias; está quase seco e virado em penas e pernas.

Há o silêncio, o tédio, flores vivas e secas.

Há os velhos,

E sobre eles tanto a dizer.

Há o desprezível momento,

Que precisa ser enganado.

Há uma cadeira no canto da sala,

Sem ângulo certo.

E da janela do ap. o que se vê,

Além das cortinas,

É segredo.

24

De achar que podia ser tudo, alguma coisa a mais.

Mas não,

Estou mínima, apagada, acabada,

Até para encarar o meu fracasso.

Bem feito para mim, por acreditar que tinha o mundo;

Por pensar que era uma celebridade.

O egoísmo e a inveja tornaram até meu sonho um luto amargo;

Pelo desejo do mais.

Não era pra mim, não podia ter.

Como o Sol, era o brilho que achava ter; mas não,

Não me retive nos momentos agudos,

Não fui sóbria;

Quebrei a cara (sic).

25

No momento, nem uma anestesia é potente para me calar.

Deixei metade do meu sangue, muitos pensamentos e os que amo

Do outro lado do rio.

A longitude deles não me agrada mais.

Vocês me comovem; todos me comovem; mesmo no alheio em que vivem.

E, na vida, as melhores pessoas foram as que não me elogiaram: não está bom!

Quero o silêncio e o sono em mim, pois sofro de uma ressaca eterna;

Vou me embriagar até ficar sóbria.

Mas nada pode me adormecer: sou forte e resisto, insisto e não desisto.

Vou furar o bloqueio.

26

Lá entre o campo e a mata, a chuva grossa deixava o riozinho brabo, turvo.

Ondas furiosas levavam também um pouco do meu riso e,

Ainda hoje, deslizo entre a alegria e a dor.

Ele me dizia: o poema está a fuzilar-te por dentro e por fora.

Tu não podes chorar comigo.

Cuidado: vou levar tua grandeza.

Vás para longe, enquanto és jovem.

Vás viver outras coisas.

27

Me sinto revisada a todo instante,

Por mim e pelos outros,

Não sei se isso é para me editar ou me aceitar.

Enquanto me reviso e me revisam;

O balanço balança na praça fria;

Velhos morrem no asilo;

E há um desfile de máscaras de todas as cores na avenida;

E há um velho, sempre moço, assim o vejo;

Do meu lado esquerdo.

28

O poema

É um martelo a martelar a minha cabeça avessa.

É um mendigo

A mexer nas lixeiras,

Mostrando nossas vidas.

29

Há um preconceito com a tristeza e isso eu não aceito;

Ninguém sabe o quanto me lasquei, me lasco e vou me lascar.

Há quem use isso para não me querer bem.

Isso é um bullying original.

Sei, meus olhos estão sem cor,

Parece uma foto antiga com as pupilas dilatadas.

Desculpem se não sei viver com cinismo.

Você não é obrigado a ver meu rosto.

Prefiro ter um sorriso triste

a ter um sorriso vulgar.

Não tenho culpa se meu DNA é dos tristes.

É proibido ter dias de infelicidade?

30

É mais um dia pra enganar a vida,

Um dia roto,

Sem misericórdia,

Sem aplausos,

Sem multidão.

E eu sempre comigo,

Às vezes isso é castigo,

Saber que se é só neste vagão.

31

Eu sou a que bebe e fuma e não sente remorso por esses issos (sic).

A que tem medo de sonhar os sonhos da noite,

Aqueles que te acordam e ficam por dias.

Tenho múltiplas escolhas, mas as escolhas me pegam para si.

No fim acabo presa na cilada da vida.

32

Hoje dei sorte, o dia fora agradável,

Não brinquei nem briguei comigo.

Só não consegui olhar para dentro dos olhos de ninguém.

A maldita pressa me impediu, me vulgarizou.

33

Quando firo,

o sofrimento não é só alheio,

é muito mais meu.

Às vezes, a minha verdade

estilhaça os outros e,

por julgá-los,

sinto-me ferida que não sara.

34

Me entristece

Vê-lo triste,

Sentado, distraído, contraído.

A dor o incomoda:

O futuro,

O momento, a solidão.

Se pudesse,

Mesmo com qualquer sofrimento meu,

Deixá-lo feliz,

Isso então seria o ápice da minha utileza (sic) sobre a terra.

Falo uma coisa engraçada,

“Você” ri por alguns minutos escassos,

Depois voltam seus olhos profundos,

Negros e frios,

A viver as horas.

Sei, então,

Que mesmo tendo as flechas apontadas na mesma direção que as suas,

Somos sozinhos.

35

Sou aquela de ontem, de hoje e do agora, do amanhã não sei.

Sou capaz de certos atos, para me usufruir.

Sou aquela que andou por outras bandas, contra a minha vontade,

Para isso me travesti, iludi, enganei.

Sou possessiva, aquela que se adona (sic) de outros espaços,

Por achar o meu curto; preciso me expandir,

Derrubar barricadas e ir adiante para encontrar meu destino.

Sou aquela que prefere desmaiar de amor, e não por dor,

O sacrifício de qualquer ordem deve ser extinto.

Sou aquela com dedos grossos e longos, com as mãos manchadas de sol e de tempo.

Sou aquela que cometeu erros, por isso me revirei de dor depois;

Quase me esfaqueei, quase me perdi, quase morri.

Sou aquela que fuma e sempre tem seu próprio fogo pela vida.

Não sou mulher de ruídos,

Mas minha intensidade é fatal, danço a vida.

Sou aquela que crê que o Céu deve ser aqui na Terra e além do horizonte.

Sou aquela que saiu de casa muito moça, sem dizer adeus,

Pois eu ia com eles e eles ficavam comigo.

36

Quero desacreditar dos conflitos,

Das minhas burrices,

Da estupidez dos outros,

Das horas marcadas, desmarcadas e desmascaradas,

Das mentiras;

De um bicho morrendo de fome e frio;

De uma criança sem pai nem mãe para lhe mostrar o caminho da liberdade.

Quero desacreditar do poder que abusa,

Dos obedientes.

Acredito em outros mundos,

Em outras ideias,

No mudar sem mudar de endereço.

No privilégio de não estar armado para ser amado.

37

Diz-me:

Se a vida é uma competição,

Eu também vou jogar.

E para quem vive de troféus,

Meus pêsames.

38

ei por ti de arrastão, quase não te vi, quase tu não me viu (sic).

Mas pra mim tu choraste e sorriste nesse tempo curto de visão.

ou-se...

Mas aquele encontro e desencanto ficaram (com cheiro) por horas.

E tudo bem!

Cheguei em casa com tudo.

39

Deus, quem esse nome te deu?!

E a vida?

Já vi e vivi coisas ruins; todos já.

Me salve, pois, da inveja e da pena dos outros.

Sou pouco.

40

Daqui, eu só tenho um pedacinho do céu,

Do tamanho de uma janela aberta,

Mas é o que me basta para ser feliz ou não.

Uma janela de céu é imensa;

Vai até além do que eu possa querer,

Além do que eu mereça ter.

41

Eu vi um pássaro, que não podia voar,

Na copa de uma árvore em chamas.

Tantas gentes sem serventia,

Que não pensa,

Que não grita,

Que não canta.

Indiferente,

Que não sente,

Que consente.

42

Meu pai chegava da roça,

Com o pasto nas costas e o cachorro.

Vinha com cheiro de suor de mato,

Mais frágil que um cabelo que cai.

Depois largava no cocho das vacas,

Sentava num tronco

E fumava um palheiro com vontade.

Resmungando, alimentava os porcos.

Fumava,

Bebia,

Comia,

Fumava.

Quando os vagalumes ascendiam,

Ia dormir.

Levantava no quinto cantar do “galo-relógio”.

43

A lágrima dos teus olhos era quase seca,

Visível para os meus,

Era elegante, discreta.

De saudades, de adeus.

Não repares:

Se não te convidei para entrar,

Pensei que olharia a casa despenteada.

Existe solidão nos meus versos enxutos,

E nos meus olhos também.

Os teus não são iguais aos meus;

Cada uma enxerga um mundo.

O encontro foi um encontro

De olhos úmidos e secos.

As coisas que me trouxe,

E as que lhe dei

Foram pagas com os olhos.

44

Se o Martelo do vizinho

Fosse o do Nietzsche,

Eu não desejaria tanto o silêncio.

O tempo que demorou a reforma

Foi negro para os ouvidos:

O martelo trincava, batia;

A lixa raspava e doía

Na minha orelha,

E na do executor.

O prego pregava a minha cabeça,

E a do executor.

Nós dois queríamos o silêncio,

Mas a reforma não.

45

Há uma Indústria de sonhos a te procurar,

Eles querem te levar,

Pra tirar tua imaginação,

Não vai nessa, não.

É melhor ficar na tua solidão, rezando baixinho,

Pois Deus não é surdo não.

O céu não está à venda,

Já tem muita estrela por lá.

Não entre por esta porta,

Querem marcar teu estilo.

Deus não tem nada a ver com isso.

46

A mãe vinha da roça meio no trote

Curvando-se de talvez em talvez

Para extirpar o inço da estrada

Assim não perdia o tempo de tantos fazeres.

De tanto em tanto,

Olhava pro céu para não perder a hora do Sol;

O fogão aceso a esperava;

A mesa grande precisava ser preenchida...

Só agora, sei o que ela sentia.

47

Gosto de gente que enxerga pelos lados,

Para frente,

Para trás,

Para a Lua

E para as estrelas do céu.

48

Um pote branco sobre a mesa.

Três pequenos utensílios, e uma alma próxima,

Sentada, sorri.

Um cigarro cai sem direção.

Enquanto um rosto de mulher atravessa

Para a minha análise.

49

Um vaso de flor evidente

é aquele onde há doze rosas amarelas,

ou doze vermelhas,

ou doze brancas.

Um vaso de flor vislumbrante (sic)

é aquele quebrado de cores, de formas,

é cheio de flores alheias,

Que as elevam,

pois elas não são sinônimas,

são autônomas.

50

O poema nem sempre é doce,

Por vezes é amargo como o primeiro trago.

É rejeito por enxergar as sutilezas da vida,

E não perdoa.

Poema não é mensagem, nem oração, nem nada...

É a verdade ou a mentira de quem o escreve,

E de quem se adona (sic) dele.

Por vezes rasga a garganta dos nobres e dos pobres,

Corta sem compaixão.

Poema é uma paulada na cara.

Poema é uma cicatriz viva no peito aberto,

E sangra.

Aos tolos e aos santos, é um demônio alerta.

É um papo direto, navalhado.

Poema é um laço familiar sem rancor, nem dor,

Mas de choro oceânico de saudades.

Poema é, por vezes, veneno de rato no estômago do gato.

É um favor pago parceladamente.

Poema é o reverso de um casaco sujo.

51

Que se privatize tudo o que é palpável,

Até os versos perversos do livro.

Só não privatizem os pensamentos adversos,

Nem a solidão ou o compartilhamento dos sentimentos.

E meu grande amor por você!

52

A você que se importa

E que a

Meus sonhos e meu destino.

Quero lhe dizer que também

Me importo com os meus

E os seus paraísos.

53

Estou ouvindo

O silêncio da chuva!

54

Ele me disse:

— Tomo muito seu tempo,

Você quer o tempo para escrever poesias?

Ele sabe que a poesia vem roendo meus ossos desde menina.

Ele quer falar comigo,

Quer um olhar mais contínuo.

Pedi que se calasse para eu pensar no encaixe da próxima palavra;

Ele ficou quieto

E continuou do meu lado.

55

As palavras ouviam,

Falavam,

Calavam

E morriam nos meus ombros largos.

56

Morrer sim,

Mas não assim.

O mundo ficou triste;

Nem o grito da criança se ouve mais,

E o toque foi de recolher.

Talvez cada um pense mais sobre sua vida,

E por que está vivo afinal!

A realidade mudou porque se ferrou (sic)

E o Mundo talvez precisasse disso,

Por tudo e mais um pouco...

57

Sabia que ela estava errada;

Conhecia os meus créditos;

Ela fora milimetricamente falsa para se safar.

Só sei que, naquele dia, depois disso,

Retirei um vocábulo do meu coração.

58

Ela estava linda, pronta.

Cabelo escovado, lábios pintados.

Corpo bem delineado.

Roupa sóbria, o que a deixou mais bela ainda.

Olhos brilhantes, mas bem lá no fundo havia um soluço;

Todos o têm, sem saber por quê.

Estava qualificada para abater alguém elegante.

Aquele dia, aquela noite era dela; não sei para onde ia:

Tomar uns tragos; jantar; visitar uma amiga; subir ao palco.

Não precisava se mostrar, pois o volume de sua sensualidade chamaria atenção por si.

Talvez tivesse se embelezado por nada; necessitava ir além do normal.

Se alguém a viu fazer sucesso, não sei.

Só me cabe saber das minhas horas, das coisas minhas.

De quem está ao meu lado...

Mas esta dama chamou minha atenção.

59

Olha!

Eu não sei ao certo,

Mas acho que me perdi

Na jogada de agora.

Estou confusa,

Não sei mais no que acreditar;

São tantas mentiras pessoais

E impessoais.

60

Tem um pássaro se esgoelando às duas da madrugada;

Não encontra sossego.

Não sei que canto é esse, mas é parecido com meu medo.

Não sei que pássaro é,

Talvez esteja com uma das asas machucadas,

Talvez seja a hora de cantar,

Talvez um boêmio

Que madrugue por madrugar;

Talvez sinta dor e solidão;

Talvez só um vagabundo que não vai trabalhar...

Esperando a noite acordar.

61

A gastrite arde;

O salário é pouco, parece troco.

O parcelamento dói;

A falta de aumento dói;

A falta de recursos dói;

A educação dói;

Os argumentos doem;

A vergonha é grande;

A honra é pequena.

Não sei qual a vantagem,

Mas a desvantagem na Educação não é um laço enfeitado no pescoço,

É uma corda que sufoca e não nos deixa mais respirar.

A mosca está morta no quadro sujo de giz.

E as cadeiras vazias...

62

No que você está pensando?

Em não curtir, em não acreditar que relações de sangue têm um custo;

Um preço a se pagar, um testamento.

Que nem sempre são verdadeiras e que nem sempre podemos acreditar e confiar.

Há um perdão disfarçado de jogo.

É preciso mostrar ao social que a família é unida,

Mas tão covardemente desunida quando as ideias, as opiniões não fecham.

O velho no asilo, a irmã não inserida,

Porque gosta de Bukowski, Kerouac, Pessoa, Florbela Espanca (você me espanca)...

Porque é a janela aberta, e deveria estar fechada,

Para não dizer o que sente,

Pelo medo de saber que um dia será esquecida pelos de sangue,

Quando a hora mais tortuosa pegar na sua mão.

Não quero curtir essas coisas, não quero acreditar,

Mas também não posso viver na descarada ilusão

De que não existam.

Sei,

Também nem sempre fui boa,

Às vezes não prestei, não presto e não prestarei;

Por isso nem tenho como julgar os pedaços de vida em que eu e os outros fomos imprestáveis.

O pior é que sou como todos;

Isso é um susto que me assusta.

63

Vontade de abraçar minha mãe de 90 anos,

Mas ela mora do outro lado do monte, da ponte,

E um vírus qualificado nos impede, nos impele.

Ele silenciou os abraços, os beijos e o aperto de mãos.

Para aliviar minha dor,

Arrumei a casa,

Varri,

Lavei e coloquei um vaso de margaridas sobre a mesa em que, num dia, ela tinha almoçado comigo.

Alguém me disse que ela anda triste; meus irmãos também estão.

São tempos ásperos para todos.

Nem ao telefone posso lhe falar,

A vida, o mundo e o tempo,

Deixaram-na quase surda.

64

Odeio aquela colega que me acusou de roubo na escola, sem eu ter roubado.

Odeio ainda mais aquele cara que me deu o fora: tu és uma colona.

Odeio ser pouca coisa.

Odeio aquele colega que me chamou de bichada.

Odeio aquela colega que me excluiu da foto da formatura.

Choro ao lembrar que meu pai espancou minha mãe, e meu irmão quase o matou por isso.

No dia seguinte restaram os machucados e o silêncio.

Não gosto da palavra alma; ela não me acalma;

Me deixa com medo; é segredo.

Odeio aquele guri que me perseguia na volta da escola.

Agora não sei onde está, deve estar morto pelo meu desdém.

Odeio aquele marginal que roubou meu Décimo Terceiro.

Tenho remorso por meu pai e eu termos matado uma coruja no “capoeiral” (sic);

Quando roçávamos o mato, perto de uma sanga.

Tenho raiva de mim por ter chorado uma tarde inteira,

Após levar cinco dedos na cara da mãe; doeu; ficou demarcado;

Agora entendo que foi precisa a precisão.

Odeio lembrar quando saí pela última vez de casa chorando,

Jurando que eu ia dar certo; senti que depois disso seria visita.

Esqueci quando meu irmão me espancou,

E o sangue que jorrava pelo nariz encharcou meu vestido claro.

Minha mãe quase morreu por isso.

65

A lua brilhava alto naquela noite,

Eu a via por entre os prédios,

Depois ela se escondeu pra mim.

Fiquei torcendo pra que, por entre qualquer filete,

Ela voltasse pra me espiar.

66

Da poesia sei que:

As palavras se ajeitam,

Se aceitam;

Há uma peregrinação,

Uma perseguição entre elas.

Por vezes é vento frio,

Um homem ao relento.

Por outras, respingos de chuva de domingo.

Noutras, a mulher a varrer a praça,

Quase de graça.

E na desgraça,

A vida é uma mãe distraída.

67

Máscaras...

Agora você pode ser mais falso, se quiser,

Só os olhos, meio desviados, podem ver.

Falamos meio mudos,

Também ouvimos pouco.

Andamos bem esquivos.

Elas desfilam pelas avenidas assustadas: brancas, pretas, coloridas.

Algumas bem pessoais, marcando estilo.

E lá, na gripe espanhola, as senhoras usavam-nas com mais elegância.

As das muçulmanas também são mais marcantes,

O olhar delas diz mais ao Mundo.

Bem, tomara que todas elas sequem o vírus e o preconceito.

68

Mulher da praça que varre as belas folhas secas,

Tem força com a vassoura.

Veja lá, senhora que as colhe.

Não sei quanto de anos,

As folhas já te levaram.

Faz muito que percebo a tua rotina:

Chegar, olhar, limpar.

Depois o saco preto estufado de folhas,

O caminhão que a e as leva.

Você fez, fez...

Não disse nada,

E a vida vai te levando.

69

Hoje a chuva chove forte...

Chuva que faz barulho

É boa;

Estala no alumínio,

No ferro, no teto,

Para estas horas danadas

Lava até as almas pesadas,

Além de encher o poço,

Leva a seca,

A sede e os rejeitos dos rios.

70

Como é ridículo quando se comete erros,

Pois eles vêm a nos perturbar a qualquer instante.

E você, às vezes, me parece amiga,

Mas quando tombo

Se deita em cima

Por isso

O teu medo de ser verdadeira,

Não me dá vontade de errar.

71

Houve um dia em que não foste vil comigo.

Depois da bebedeira barata,

Levaste-me para a tua casa.

Ao vomitar, seguraste meus cabelos longos para não sujá-los,

Limpaste meu rosto e minhas roupas.

Puseste-me na cama para adormecer,

E ficaste ao meu lado, aquecendo-me.

Depois disso,

Pensei que fosse pra sempre.

Ao amanhecer, fizeste um chá para mim,

Bebi,

E desejei ficar ali,

Para viver o teu e o meu mundo.

Mas me levaste para casa,

De peito aberto,

Com as mãos nos bolsos,

Atravessamos a avenida fria.

Deixaste-me no portão de ferro,

Sem compromisso,

Senti que era o fim.

72

Loucura é não ter vivido um só dia por alguém,

E um outro alguém não ter perdido tempo por você.

Loucura é abster-se do amor,

Porque quem o tem não é solitário.

Loucura é viver no ilusório.

Loucura é ser Face sem face,

É não ter tempo para se ver,

E não olhar o outro.

Loucura é nunca ter desejado morrer,

Como também o é matar-se.

Morrer é estúpido,

Ou a grande sorte.

73

O poeta tem a sorte ou o azar com as palavras, mas, de qualquer forma,

Elas o perseguem,

Como um vento que fura o concreto entre as avenidas frias.

Por vezes, o poeta não encanta,

Mas assovia no ouvido,

Doçura ou brutalidade.

O poeta é uma revolução;

Não muda o mundo

E nem fica desiludido com isso.

O poeta é flor da floresta densa,

É o padre rezando a missa

No momento da Santa Ceia.

O poeta pode ser um bandido cruel,

Ou o mais puro dos homens,

Que fala, ou se cala.

O poeta é um provedor das suas ou das desgraças alheias,

Às vezes se deixa vencer pela vaidade,

Aí está morto.

São tantos pingos de chuva nos “is” (sic) que o poeta precisa colocar e calcular.

Só sei que todo o poeta é aço, ferro em brasa, alumínio e silêncio.

O poeta é um “pum” (sic) que não inglória ninguém,

Que não mereça a glória.

Difícil é escrever um poema perfeito,

Pois o poeta é o imperfeito.

74

O vampiro amou, matou,

Inebriou-se de sangue

E cuspiu pela boca o supérfluo.

75

Tenho ciúmes das tuas roupas,

Do teu vestir,

Da mulher que és.

Não tens muitos defeitos,

Mas o teu perfeito!!!

É que procuro copiar e colar no meu corpo.

Teus olhos são duas bolas de futebol,

Que acertam a trave e entram no gol.

O que eu queria mesmo era sugar o brilho dos teus olhos

Para ver o que tu vês na hora da vez.

76

Cuidado, garota!

Para não se restringir demais,

Talvez

Você acabe sozinha na estrada.

77

Esta semana não é tua, meu amor,

Condenado a trocar a lente dos teus olhos.

Esta semana é para quem sabe ver e delirar por isso.

Esta semana é para quem a na rua devagar,

Balançando como as folhas que caem

Sem desbotar o brilho de ninguém.

78

Nem vou curtir você; por enquanto não.

Você não cabe no meu bolso.

É preço baixo; perdi a ilusão; não há tempo para acreditar;

Foi um lance de Face, de watts.

Não sou burra; talvez louca.

Não me venha com mais sensualidades para me seduzir; será inútil a posição.

Você não vale mais nada que eu tenha em consideração,

Depois do desencontro nem desmarcado; sem aviso, ficou desmascarado.

“Tenho pressa de viver”; você é solidão.

Não me venha de salto alto;

Altura não é minha diversão.

Estou no meio do fogo cruzado, mas você não faz mais parte do pelotão atirador.

Vou viver na vaidade; procurando um tom para o meu cabelo.

Não me convide para a festa; nem hoje; nem amanhã; nem depois.

Vou mostrar que meu coração não é monossilábico.

Morra por mim, agora e sempre.

Esta semana não é da gracinha do gracejo engraçado e desgraçado que deu bolo na menina tímida.

79

(Este poema faz parte da coletânea Novos Poetas 2020)

E quem não tem a quem amar,

Além de si próprio,

É minúsculo, pouco, sozinho.

É urgente encontrar um grande amor,

Assim, a vida te seria menos pequena,

Com mais calor e mais interessada em ti.

Eu violei tudo, demorei e ainda não estou terminada;

Mas o amor da minha vida encontrei,

Num bar, na hora do exagero,

Do desespero,

Do desprezo,

Entre uma dose e outra sem gelo.

E pra quem não encontrou,

Há de achar.

Um amor para ficar nas horas que tu não és nada,

Que ninguém quer te abraçar.

80

Para evoluir,

Mira-te com olhos límpidos.

Mira-te, enquanto podes,

Para ver o quão pequeno ou grande tu és.

Para te melhorares a cada centímetro,

Tens de esgotar tuas forças

Para que a vida te seja mais macia e fresca.

E não te percas no delírio estúpido

De achar que já te miraste por inteiro.

Os outros te veem também.

81

Use salto alto

À vontade,

Mas desça dele

Para pensar

E julgar.

82

A escola vende de tudo;

Até pensamento aprisionado.

83

Você é um bom homem, as pessoas gostam de você.

Sempre há quem queira amá-lo,

Sem mentiras, sem desculpas.

Pra mim, você é a metade da lua, das estrelas que vejo.

É tão belo, áspero, intrigante,

Combina comigo.

Para você sou solução na hora da escuridão.

Não saberia onde morar sem você,

Nem me arrisco a pensar nisso.

Há momentos entre a gente, e eles acontecem.

Sempre sei onde você está,

E você onde estou.

Fui lograda pelo seu amor.

Você já me fez rir e também chorar.

Você está na minha Coca-Cola.

Estou livre do pecado:

Que é o de não te amar.

84

À noite, quando o vento se impõe mais e refresca,

Vejo as plantas das sacadas

Rebolarem como bailarinas,

Por vezes, numa dança leve,

Por outras, numa dança bem fatal,

Até as plantas ficarem desarrumadas.

Agora o vento está quase morto,

Só balançam as mais leves, as mais altas e as mais finas,

Porque a bailarina só está a ensaiar.

85

Mãe,

Lembrei-me dos seus olhos pequenos, quase fechados,

Mas que vê tudo da vida com sentimento e pressentimento;

Que nem de olhar para o céu sabe que vai chover.

E esta pessoa, que sou eu,

Enxergo meio turvo, meio negro.

Me propus demais.

Não fiquei de boca calada.

Você é mais forte do que eu,

Nas curvas entro reto e me estraçalho depois;

Você olha para a estrada e segue, agora, lentamente.

Eu não me cuido, tanto quanto você se cuida.

Você anda na horizontal,

Eu, na vertical,

Mas o nosso meio é igual.

Os corações se conhecem.

E da alma nada posso dizer: não sei se existe.

Mas, se existir, as nossas se igualam.

Não quero vê-la morrer nem quero que me veja.

Menti muito mais que você e tenho menos vida corrida.

Andei por umas quebradas (sic) erradas e você foi para as certas.

Sempre teremos algumas lágrimas e sorrisos que não se encontraram

E vento para ver e sentir ainda!

86

Olá, garota!

Olha lá o que vai fazer,

O Sol, ainda, é nascente pra você.

Mesmo sendo a menina da vez,

A porta fechada e calada a esconde.

Você já conhece as malícias desta vida,

Já sofreu e chorou também.

Alcance os seus sonhos,

Nada é demais.

Você não sabia que era assim, que havia o caos,

Que a luz ia lhe faltar,

Que há um buraco negro tentando nos sugar.

Você tem medo de perder,

De lhe faltar a glória.

Não fique assustada,

Você está na parada certa.

87

O teu sorriso é contente, ardente,

Escavado no rosto e nos dentes.

a longe do vulgar,

É branco,

É neutro.

Não é elaborado,

Ensaiado no espelho.

Tão denso e intenso,

Que tantos gostariam de ter

E merecer.

88

A flor da escola

Não é uma artista na calçada da fama,

É a flor na calçada da escola.

Ela nos apaga.

Nos pega

Para olhar

Na calçada quente.

E, por ironia,

Persistência,

Insistência,

A sensibilidade ali à flor da pedra,

Morrendo de calor

Junto com a flor da esperança.

Nem a sombra

É capaz de lhe afetar.

FIM

Agradecimentos

Agradeço à Editora Viseu pelo profissionalismo, à Kátia Predebom pelo carinho e incentivo, à Luíza Coser, minha sobrinha, pelo desenho incrível da capa e pela cumplicidade, à minha grande família, a todos os amigos que cruzam e cruzaram meu destino e, em especial, ao Lauro José Larentis (Pessoa que me olha, que me percebe); a ele tenho meu melhor amor.

Sobre a autora

Izabel Pedron Larentis nasceu em Protásio Alves, distrito de Nova Prata, hoje município. Filha dos agricultores José Jacob Pedron e Terezinha Leoratto Pedron. Desde menina, sempre apreciou a leitura; escondia-se no sobrado da casa para ler os livros didáticos dos irmãos mais velhos. Emocionava-se ao ler Camões; Álvares de Azevedo; Casimiro de Abreu; Fagundes Varella; Castro Alves; Augusto dos Anjos; Fernando Pessoa..., e, diante da precariedade de livros, lia até fotonovelas americanas; queria conhecer outros mundos; não servia para o serviço da roça. Escrevia diários contando as angústias e as alegrias da vida.

Jovem, saiu de casa para estudar e trabalhar em Bento Gonçalves, onde reside até hoje. Por muitas vezes, perdeu-se no caminho, e, de certa forma, continua perdida. Escrevia poemas nos bares, em guardanapos. Além de ser fascinada pela leitura, sempre foi extremamente apaixonada pela música, pelo Rock e pelas artes em geral. Aos poucos, teve o a outros escritores nacionais e internacionais.

Nos anos 80 foi premiada com a melhor poesia, categoria iniciante, em Bento Gonçalves.

Graduada em letras e pós-graduada em Linguística. Atua como professora de Literatura e Língua Portuguesa no Estado do Rio Grande do Sul, no Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles. Ali construiu com os alunos e com a escola três livros de poemas, em que constam poemas dela e de outros colegas, além, é claro, dos alunos. Também faz parte da coletânea 2020 dos Novos Poetas Brasileiros.

Nos bares, conheceu Lauro José Larentis, com quem vive até hoje, junto com a gata EMY.

Sumário

Apresentação

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II

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Agradecimentos

Sobre a autora

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Sobre a Viseu

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